sábado, 12 de outubro de 2013

Satélite brasileiro vive 20 vezes mais e se torna ícone

 


O Satélite de Coleta de Dados 1, SCD-1, lançado em um foguete PEGASUS da Orbital Science Corporation, desde um B-52 voando a grande altitude.

Júlio Ottoboni

Um pequeno objeto que se tornou um grande ícone do polo aeroespacial de São José dos Campos. Pesando pouco mais de 100 quilos, em formato octogonal, o Satélite de Coletas de Dados (SCD-1), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), completou mais de  120 mil voltas em torno da Terra desde quando foi lançado, em fevereiro de 1993. E um feito único, o primeiro satélite brasileiro completou neste mês 20 anos e meio no espaço ainda em funcionamento, 20 vezes mais que o previsto para funcionar.

 A expectativa é que ele complete sua ‘maioridade’ em fevereiro de 2014, sem um dos raríssimos casos de larga sobrevida no espaço acima do projetado.

 O número de órbitas é mais um dos resultados impressionantes do aparelho de tecnologia simples, que remete a Terra informações ambientais recolhidas em sua passagem sobre o território nacional. O esforço da indústria brasileira, particularmente a de São José dos Campos, para construir e colocar no espaço o artefato é comemorado de maneira entusiasmada pelos cientistas a cada ano que o satélite consegue permanecer em órbita.

O SCD-1tinha expectativa de apenas um ano de vida útil quando foi lançado pelo foguete norte-americano Pegasus, em 1993, num dos maiores marcos da história espacial brasileira e também pioneira na América do Sul.

Projetado, construído e operado pelo INPE, o equipamento já teve variações de órbita, falhas em sistemas por degeneração, mas continua retransmitindo informações para a previsão do tempo e monitoramento do nível de água dos rios e represas,por exemplo.

“Após este longo tempo em órbita, o SCD-1continua em operação e se prova um projeto de reconhecido sucesso, um verdadeiro tributo à competência da engenharia espacial brasileira. O lançamento do SCD-1 colocou o INPE entre as instituições que efetivamente dominam o ciclo completo de uma missão espacial desde sua concepção até o final de sua operação em órbita”, afirmou o diretor geral do INPE, Leonel Perondi.

Além de cumprir sua missão de coleta de dados, o SCD-1 foi a porta de entrada para o Brasil estabelecer programas de cooperação espacial com outros países. Na década de 1990, o país se valeu da bem sucedida experiência para conseguir se aproximar de países como a França, Espanha, Alemanha e Estados Unidos.

O chefe do Centro de Rastreio e Controle do INPE, Pawell Rozenfeld, comentou que a ação pioneira do Brasil foi  crucial para o desenvolvimento de programas espaciais tanto da Argentina como da China. No caso argentino, que alguns anos mais tarde lançaria seu primeiro satélite, o SCD-1 ajudou a calibrar a Estação Terrena de Córdoba e no segundo caso, a Estação Terrena de Nanning, na China.

“Nós fazíamos a previsão da passagem do SCD-1 pela China e os chineses utilizavam essas informações para aperfeiçoar seu próprio sistema de determinação em órbita, pois eles ainda iriam lançar satélite na banda S. Para a Argentina, que não tinha nenhum satélite na época, o SCD-1 foi ainda mais importante para determinar os parâmetros da sua estação”, relembrou o pesquisador.

O satélite capta e retransmite os sinais das Plataformas de Coleta de Dados (PCDs) instaladas por todo o país e os envia para as estações de recepção e processamento do INPE em Cuiabá (MT) e em Alcântara (MA). Voando a uma velocidade de 27.000 km por hora, o SCD-1 leva aproximadamente uma hora e 40 minutos para completar uma volta em torno da Terra. Assim, a estação recebe várias vezes por dia os dados transmitidos por cada PCD.

A situação do SCD-1 é tão inusitada no meio espacial que nem mesmo seu engenheiros e projetistas conseguem avaliar o quanto ainda lhe resta de vida útil. Ele pode funcionar por mais alguns dias ou ainda por vários anos, até perder altitude - que é de 750 km da superfície terrestre,  por variações em seu comportamento, como oscilações em sua rotação ou falência de seus baterias alimentadas por painéis solares, e reingressar na atmosfera. Isto levaria a sua desintegração.

DefesaNet


Abraços 

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