segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Diálogo Judaico-Católico contra a Fé Católica

Por Pe. Michael Beaumont
Traduzido por Andrea Patrícia
O diálogo entre judeus e católicos há mais de 40 anos é fundamentado em sérios erros teológicos que são diretamente um perigo para a Fé Católica, especialmente [o que diz respeito] a singularidade de Jesus Cristo e a obrigação da salvação n'Ele... Somente um retorno às Escrituras e ao ensino tradicional dos Pais da Igreja, dos teólogos, e do Magistério sobre esse assunto poderá permitir que vejamos o assunto claramente e permaneçamos fiéis a Revelação. Nossa intenção é examinar e contestar esse diálogo como é largamente praticado hoje. Entretanto, para evitar qualquer ambiguidade, nós devemos primeiro expor o que não está em discussão.

Nós não temos a intenção de abordar questões políticas, como o atual Estado de Israel. Haveria muitas coisas bastante interessantes a dizer, especialmente sobre as relações diplomáticas entre o Vaticano e Israel, bem como a atual situação política em Israel... Nem vamos tocar nos pontos sobre o Judaísmo em que estamos de acordo com os católicos conciliares mais ou menos favoráveis ​​ao "diálogo". Somente os pontos que são absolutamente inaceitáveis à luz da verdadeira Fé serão objetos de nossas reflexões.

OS JUDEUS E a aliança
O primeiro documento no diálogo atual entre judeus e católicos é a Declaração Nostra Aetate, do Vaticano II. Mas essa declaração, já questionável em vários pontos, foi consideravelmente agravada por declarações posteriores, de alto nível.
No coração dos erros do diálogo entre católicos e judeus encontramos esta proposição central (No. 2 abaixo): "Os judeus de hoje estão vivendo em uma 'aliança divina’".  As outras proposições logicamente seguem isso. Se a aliança com os judeus ainda está em vigor, é lógico que seria salvífica para eles. Seria lógico que a interpretação judaica da Bíblia fosse reconhecida como legítima, seria lógico que a espera dos judeus pelo Messias fosse reconhecida como legítima, etc. Mas essa proposição central é essencialmente falsa pelo seu profundo, deliberado, equívoco. Uma anedota simples irá ilustrar o ponto antes de quaisquer considerações teológicas avancem.

Durante a Guerra Franco-Prussiana de 1870, o governo da Defesa Nacional desceu para Tours, na França, e acampou na residência do Bispo. Um dia, à mesa, tanto o Arcebispo, Mons. Guibert quanto o Ministro da Justiça, um advogado judeu chamado Adolphe Cremieux, estavam presentes. Anunciando a si mesmo antes de introduzir o Arcebispo, Cremieux espirituosamente proclamou: "Aqui estão os antigos e os novos testamentos. A questão é saber qual deles é satisfatório". Dom Guibert retrucou: "Sr. Ministro da Justiça, o senhor é um advogado. Portanto, o senhor sabe que quando existem dois testamentos, apenas o último é válido."

O NOVO E ETERNO TESTAMENTO
Na resposta do Mons. Guibert, toda a questão é admiravelmente resumida. Se Nosso Senhor "na noite em que foi traído" inaugurou "a nova e eterna aliança", então, irrevogavelmente aboliu a antiga aliança, o Antigo Testamento.

O Redentor havia anunciado que o vinho novo não é posto em odres velhos, e que se os judeus eram legitimamente louvados em Jerusalém ("a salvação vem dos judeus"), estava próximo o tempo em que seria necessário adorar "em espírito e em verdade”. O véu do Templo que, no momento do supremo sacrifício do Calvário, foi solenemente rasgado, manifestou da forma mais clara, no coração do próprio símbolo do culto mosaico, que este rito, este primeiro, testamento preparatório tinha deixado de existir. A antiga aliança tinha acabado de ser abolida, embora não apagada, esquecida, ou rejeitada, pois era de instituição divina e sobrenatural. Pelo contrário, era para ser absorvida, para ficar clara, e ser assumida pelo novo testamento, aquele estabelecido pelo Redentor prometido a Adão e Eva, pelo Profeta anunciado por Moisés, pelo Messias descrito pelos profetas: Nosso Senhor Jesus Cristo. Abolido na letra, o antigo testamento foi viver doravante plenamente quanto ao espírito no coração do novo testamento.

O ESPÍRITO E A LETRA
Como os Apóstolos ensinaram, especialmente no Concílio de Jerusalém (49 dC), tudo no Antigo Testamento que era de validade perpétua ainda estava em vigor, como parte da Revelação divina, por exemplo, os Dez Mandamentos. Por outro lado, os atos externos que haviam sido destinados exclusivamente para preparar as almas para a vinda do Salvador prometido, como a circuncisão, o sacrifício de animais, o cordeiro pascal, etc., só permaneceram como símbolos. Estes ritos já não podiam legitimamente ser praticados (após um breve intervalo, como Santo Agostinho admiravelmente explicou), pois caso contrário eles teriam significado o contrário da verdade: que o Salvador ainda estava por vir, quando Ele já havia chegado.

A AMBIGUIDADE DO TERMO “Judaísmo"
Como os defensores do diálogo judaico-católico chegaram a um erro tão flagrante? Eles chegaram lá por causa de um pressuposto errôneo subjacente a todo o discurso judaico-católico, e que está na base da maior ambiguidade sobre a aliança ou testamento, isto é, a afirmação de que o Judaísmo moderno, o Judaísmo depois de Cristo, é "Judaísmo" puro e simples. Este é um erro grave, dos quais uma única consequência é suficiente para mostrar sua falsidade. De acordo com esta hipótese, seria necessário afirmar que o Senhor, a Virgem Maria e os apóstolos não eram nem judeus nem os representantes da verdade autêntica da Revelação Mosaica.

O Judaísmo do Antigo Testamento era a verdadeira religião divina, a verdadeira revelação sobrenatural de preparação para a vinda do Messias. Quando, na plenitude dos tempos, o Messias enviado por Deus veio, Ele substituiu (ao assumi-lo) o primeiro testamento provisório pelo novo e eterno testamento. Doravante, Ele iria dirigir-Se não só a uma determinada raça de homens, mas a todos os homens de boa vontade. Os filhos do Povo Eleito, os israelitas, evidentemente, tinham o seu lugar, e um lugar eminente, no novo e universal Povo de Deus, na Igreja Católica. E este lugar foi de fato tomado por nosso Senhor, por Sua Mãe Santíssima, pelos Apóstolos, pelos discípulos e por todos os filhos de Israel, que, ao longo dos séculos, reconheceram em Jesus o Messias prometido pelas Escrituras.

Mas uma parte deste povo, sob a influência de maus líderes (como, sob a influência dos reis maus ele tinha se afastado tanto de Deus que foi punido pelo Cativeiro Babilônico), não quis reconhecer o seu Salvador:

Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os que te são enviados, quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste. (Mt. 23,37).

Esses líderes colocaram em movimento as más tendências que já tinham vindo à tona na corrente do Farisaísmo que Jesus havia denunciado, e criaram um novo "Judaísmo", o Judaísmo da recusa, o Judaísmo do qual o principal credo é o Talmud. Este novo "Judaísmo", este moderno Judaísmo, ao contrário da antiga religião praticada por nosso Senhor Jesus Cristo e os Apóstolos, não é uma religião verdadeira. Pelo contrário, é uma corrupção que desvia seus adeptos para longe da autêntica revelação divina, porque sua base é precisamente a recusa do plano de salvação de Deus anunciado pelo Antigo Testamento e realizado no Novo Testamento.

A AMBIGUIDADE Da aliança (OU TESTAMENTO)
Voltemos à nossa proposta essencialmente equívoca: "os judeus de hoje estão vivendo em uma aliança divina", a fim de fazer a necessária distinção que vai esclarecer o debate. Os judeus do antigo Judaísmo - Abraão, Moisés, David, Esdras, Judas Macabeu, João Batista, etc. - tinham uma aliança com Deus. Esta é uma proposição absolutamente verdadeira integrante à fé católica. Os judeus do Judaísmo moderno, o Judaísmo da recusa do Messias, tem uma aliança com Deus. Essa é uma proposição absolutamente falsa que é contrária à Fé Católica. "Aquele que crer e for batizado será salvo, quem não crê será condenado" (Mc 16,16).

OS DONS DE DEUS SÃO SEM ARREPENDIMENTO

Isso será objetado: "Os dons de Deus são sem arrependimento" (Rm 11,29). Agora, uma vez que Deus concluiu uma aliança com o povo judeu, este pacto continua, apesar da infidelidade deste povo rebelde. Esta objeção é realmente verdade. Sim, a aliança de Deus com o povo judeu continua. Mas (e esta é a distinção fundamental) continua em seu estado atual, ou seja, sob a forma do novo e eterno testamento em Jesus Cristo, que Deus estabeleceu como continuação e substituição do primeiro testamento provisório. Todo judeu é, portanto, chamado a esta aliança, a esta salvação, e isto de uma maneira particular, diferente da maneira em que um gentio é chamado, porque ele é chamado, não só como indivíduo, mas também como membro de uma nação, dado que foi à sua nação que a primeira parte da Revelação foi manifestamente dirigida. Para esta grande ambiguidade e erro central do diálogo judaico-católico (i.e., "Os judeus têm um legítimo pacto salvífico com Deus, em paralelo com o novo pacto, etc."), deve-se responder pela teologia católica, constantemente ensinada pelo Magistério e baseada diretamente nas Escrituras.

Jesus Cristo é o único Salvador, obrigatório para todos, judeus e gentios, dentro do novo e eterno testamento. "E não há salvação em nenhum outro. Pois não há outro nome debaixo do céu dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4,12). Esta obrigação inescapável divina, absoluta de passar por Jesus aplica-se tanto aos judeus quanto aos gentios, ou melhor, deveríamos dizer, se aplica ainda mais aos judeus do que aos gentios, pois, historicamente, é aos judeus "a quem pertence a adoção como filhos, e a glória, e o testamento, e a promulgação da lei, e o culto, e as promessas: de quem são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, que é sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente" (Rm 9,4.5).


Os extratos que se seguem são extraídos de quatro documentos básicos que tratam especificamente do diálogo entre católicos e judeus. Após cada extrato, os títulos destes documentos são abreviados. Para que o leitor compreenda de qual documento é feito o excerto, nós fornecemos a chave que segue abaixo. Leitor, cuidado! Essas proposições são condenadas como erros pelo ensinamento perene da Igreja Católica. É o estranho novo ensino desde o Concílio Vaticano II que afirma que esses erros são, na verdade, a "nova verdade católica" em relação aos judeus e a religião judaica. Esta "nova verdade católica" muitas vezes utiliza citações especialmente dos quatro seguintes documentos para corroer o ensinamento perene.

Diretrizes: Diretrizes sobre Relações Religiosas com os Judeus, Comissão do Vaticano para Relações Religiosas com os Judeus, (01 de dezembro de 1974) no Concílio Vaticano / /: Os documentos conciliares e pós-conciliares, ed. Austin Flannery, O.P. (Liturgical Press, 1975).

Notas: Notas sobre a maneira correta de Apresentar os Judeus e o Judaísmo na Pregação e Catequese na Igreja Católica Romana, da Comissão do Vaticano para as Relações Religiosas com os Judeus (24 de Junho de 1985).

TJP: O Povo Judeu e as Suas Sagradas Escrituras na Bíblia Cristã, Pontifícia Comissão Bíblica. (Ascension, 2001).

RCM: Reflexões sobre Aliança e Missão, Consulta do Conselho Nacional de Sinagogas e Comissão Episcopal para Assuntos Ecumênicos e Inter-religiosos (USCCB, 12 de agosto de 2002).
Abraços 

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