Restos mortais da 1ª Guerra continuam sendo encontrados
A cada ano, são encontrados e sepultados os restos mortais de entre 80 e 100 soldados alemães. No entanto, é muito difícil identificá-los, salienta a associação alemã que cuida da memória de soldados caídos.
França : túnel de uma trincheira da 1ª Guera Mundial descoberto em 1997.
Com uma pequena cerimônia na cidade belga de Langemark, foram sepultados na quinta-feira (24/2007) os restos mortais de oito soldados alemães não identificados, mortos na Primeira Guerra Mundial. No cemitério militar da cidade, jazem mais de 44.300 soldados, dos quais 25 mil permanecem desconhecidos.
Mesmo 90 anos após o fim do conflito, ainda são sepultados a cada ano entre 80 e 100 militares alemães. Cuidar da memória desses soldados caídos em guerra é a meta da associação semi-estatal Volksbund Deutscher Kriegsgräberfürsorge (VDK).
Embora esteja ligada ao governo federal alemão, a VDK se mantém em grande parte graças a contribuições de seus membros e a doações, "principalmente da geração que perdeu familiares na 2ª Guerra Mundial", explica seu porta-voz, Fritz Kirchmaier.
"Tentamos identificar o corpo, mas, nos casos da Primeira Guerra Mundial, não é tão fácil, pois não trazem marcas sistemáticas que ajudem o reconhecimento, tal como os da Segunda Guerra." Além disso, boa parte do arquivo foi destruída durante a 2ª Guerra, e não pôde ser reconstituída. Quando, apesar das dificuldades, é possível identificar um morto, também é tarefa da VDK contatar a família.
Alemanha: vagas recordações?
Entre setembro e novembro de 1914, o município de Ypres, na província belga de Flandres Ocidental, foi cenário de cruéis combates. Enquanto os belgas tentavam defender-se da ocupação, as forças aliadas se esforçavam em conter o avanço das tropas alemãs.
Com métodos de deslocamento e trincheiras tradicionais, os novos instrumentos bélicos – artilharia pesada e gás como arma de destruição em massa – possibilitaram que se alcançasse um nível de destruição desconhecido até então.
A Great War dos britânicos e a Grande Guerre dos franceses é denominada por alguns historiadores como a catástrofe inaugural do século 20. Mas na Alemanha ela desperta um interesse escasso.
"É que a 1ª Guerra não teve lugar em solo alemão. Não houve batalhas aqui. Belgas e franceses se recordam de uma maneira muito diferente", explica Kirchmaier, ressaltando a grande concentração de cemitérios em Flandres.
"Lá, regiões inteiras foram convertidas em paisagens lunares, enquanto na Alemanha a população civil só sofreu com a escassez. Logo em seguida, vieram o nazismo, o Holocausto, as batalhas de El Alamein no norte da África, que foram acontecimentos traumáticos para os alemães e que apagaram a vaga lembrança da 1ª Guerra", aponta.
Ruínas e restos de munição
Um cantil, um capacete enferrujado, restos de munição, às vezes algum objeto pessoal permitem a identificação para que se possa sepultá-los. "Não é que não possam ser sepultados junto a outras nacionalidades", ressalva Kirchmaier. "Mas é costume que o sejam junto a seus companheiros de armas."
No entanto, prossegue Kirchmaier, "foi tal a destruição provocada na região e tão pouca a preparação para o novo tipo de material bélico, que entre os bosques queimados e as ruínas não se pôde encontrar nada".
"No ano passado, pudemos identificar um deles e 14 famílias assistiram ao funeral", conta. Entretanto, lembra que casos como este são, na verdade, exceções. Dos oito recém-enterrados, não foi possível identificar nenhum e só representantes da Embaixada Alemã em Bruxelas e voluntários franceses assistiram à cerimônia em Langemark.
Também gente da região se sentiu atraída pelo tema. "Para eles, é algo especial, pois consideram importante que esses soldados sejam enterrados dignamente, mesmo que 90 anos mais tarde."
Mirra Banchón (rr)
Fonte: DW-world http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3520948,00.html
Fonte : http://historiasdetrincheira.blogspot.com.br/2011/11/restos-mortais-da-1-guerra-continuam.html
Abraços
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