sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Queremos mais indenizações, dizem os judeus

Grupos judeus consideram "inaceitável" oferta de indenização pelo Holocausto
Christoph Schult
De Jerusalém para Der Spiegel
Tradução: George El Khouri Andolfato


Sobre fotos falsificadas para incriminar a Alemanha, veja algumas aqui : http://portugalwp.wordpress.com/revisionismo/holocausto/

A Alemanha está tentando resolver uma das últimas grandes questões de indenização da Segunda Guerra Mundial, envolvendo trabalhos forçados nos guetos judeus. Mas as ofertas de Berlim até o momento foram ridiculamente baixas.

O vice-ministro das Finanças da Alemanha, Karl Diller, não é o tipo de pessoa que busca os holofotes. Por quase nove anos, o parlamentar social-democrata de 66 anos de Trier trabalhou discreta e eficientemente sob três ministros das Finanças, incluindo o atual, Peer Steinbrück. Diller geralmente só aparece aos olhos públicos quando os correios, pelos quais seu ministério é responsável, lançam outro selo especial.

Mas na semana passada Diller foi encarregado de uma missão incomumente delicada. A chanceler alemã Angela Merkel quis que ele fosse a Israel nesta semana resolver uma das últimas grandes questões de indenização da era nazista. Ela envolve judeus que realizaram trabalhos relativamente regulares nos guetos criados pelos nazistas. Diferente daqueles que realizaram trabalhos forçados e que já foram indenizados, estes trabalhadores nos guetos costumavam ser remunerados, mas freqüentemente apenas com salários insignificantes ou comida.

O Parlamento Alemão aprovou uma legislação em 2002 para assegurar o recebimento pelos sobreviventes de uma pensão, mas a maioria dos pagamentos foi entravado pela burocracia arcana da administração previdenciária. Cerca de 64 mil do total dos 70 mil requerentes foram rejeitados – e freqüentemente por razões absurdas. Por exemplo, as autoridades alegam que os sobreviventes disseram às autoridades alemãs nos anos 50 que realizaram trabalhos forçados, mas posteriormente mudaram suas histórias, supostamente para que pudessem se beneficiar da pensão dada aos trabalhadores do gueto. Mas muitos judeus de fato sofreram ambos os destinos – trabalhando primeiro no gueto e posteriormente como trabalhadores forçados.

Mas o alto índice de rejeição se tornou um risco político para o governo alemão, de forma que Merkel pediu ao ministro das Finanças, Peer Steinbrück, que trabalhasse juntamente com a Conferência das Reivindicações Judaicas em Nova York para encontrar uma solução não burocrática. Eles concordaram em criar um fundo que pagaria as pensões aos sobreviventes  – mas agora o ministro está ficando sovina.

Se apenas metade dos requerentes receberem a pensão, ela acabaria custando cerca de 1 bilhão de euros (cerca de R$ 2,8 bilhões), o governo informou ao Partido Verde em resposta a uma solicitação deste. Mas no início do ano, Peer Steinbrück estava preparado a dar ao fundo apenas 1% de tal soma – 10 milhões de euros. É verdade que o ministro das Finanças aumentou sua oferta nos meses seguintes para 75 milhões de euros, ou cerca de 1.200 euros para cada sobrevivente  – mas isto continua sendo uma soma insignificante comparada ao que os sobreviventes esperam como pensão.

O gabinete de Merkel na verdade deveria aprovar o fundo nesta quarta-feira, mas resistência considerável já é evidente. Depois que Merkel disse ao primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, sobre a oferta de 75 milhões de euros em um telefonema, ele a descreveu internamente como insuficiente. "Eles devem ter esquecido um zero", disse um de seus assessores.

Olmert já está sob pressão devido ao tratamento inadequado dado pelo Estado israelense a muitos sobreviventes do Holocausto, de forma que dificilmente ele aceitará uma soma nominal. "Olmer não pode concordar com isto", alertou David Greenstein, o presidente de 74 anos da Associação dos Sobreviventes do Holocausto, em Israel.

A Conferência das Reivindicações Judaicas também se distanciou da oferta após as negociações no Ministério das Finanças na última sexta-feira. "É inaceitável para nós", disse o representante do grupo na Alemanha, Georg Heuberger.

Uma indenização simbólica também não colocaria um fim aos vários procedimentos legais que tramitam nas cortes alemãs. Os advogados dos sobreviventes estão determinados a prosseguir com suas ações já que vários tribunais decidiram recentemente a favor dos querelantes. Se forem bem-sucedidos, os casos forçarão o sistema previdenciário alemão a pagar bilhões em indenizações.

Assim, de repente, as autoridades previdenciárias se mostraram um pouco mais dispostas a um acordo. "Nós apreciamos qualquer abordagem legalmente aceitável e construtiva para uma solução de forma não burocrática e rápida dos casos dos sobreviventes do Holocausto", disse o porta-voz da autoridade previdenciária da Renânia.

Jan-Robert von Renesse, um juiz da justiça regional em Essen, até mesmo voou para Israel neste ano para ouvir o depoimento dos sobreviventes cujas reivindicações foram rejeitadas. Sua avaliação foi clara: "Todos os querelantes eram críveis".

Juntamente com outros juízes de toda a Alemanha, Renesse elaborou uma proposta sobre como a questão pode ser melhor resolvida no interesse de todas as partes. A proposta, que foi obtida pela "Der Spiegel", considera uma solução de acordo, na qual tanto as autoridades previdenciárias quanto o governo alemão contribuiriam cada com cerca de 300 milhões de euros para financiar os pedidos de indenização.

Enquanto isso, muitos no governo estão finalmente percebendo que o modelo de fundo de 75 milhões de euros não resolverá o problema. Funcionários do Ministério das Finanças já aconselharam Steinbrück contra ele. Eles convidaram Renesse e seus colegas para irem a Berlim nesta semana para examinarem a proposta dos juízes.

Fonte : http://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/desvairadausura.html

Abraços

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