segunda-feira, 24 de março de 2014

Sobre as UPP's do Rio de Janeiro

A UPP é uma boa e correta estratégia: de aproximar a polícia da comunidade, saindo do modelo tradicional de polícia aquartelada e ter uma ação mais pró-ativa ao invés de reativa. Entretanto, depois dos confetes baixarem, começa-se a desconfiar do sucesso das UPP's. E não se consegue mais ver com bons olhos a estratégia de evitar o combate aos criminosos a qualquer custo. Talvez as consequências de afugentar os bandidos ao invés de combatê-los, estejam aparecendo agora. Afinal, não diz o ditado popular que o criminoso sempre volta ao local do crime ?

          

Quando da instalação das UPPs, era comum ler manchetes que diziam “morro X é pacificado sem violência” ou “morro Y é pacificado sem disparos de arma de fogo” e assim por diante. Ficava claro que as forças de segurança do Rio de Janeiro estavam apenas espantando os criminosos para regiões e favelas próximas, motivo pelo qual pode-se desacreditar no tão alardeado sucesso.

          

Tanto no Rio de Janeiro, assim como em outras cidades brasileiras, existe uma guerra assimétrica sendo travada, porém político nenhum vai admitir isso, muito menos em ano eleitoral. Temos que tratar a situação pelo o que ela é. O traficante é como um terrorista: se a coisa esquentar, ele se livra do fuzil e sai da favela como um “trabalhador”. Como antídoto, necessita ser levantado um extenso trabalho de inteligência e captura e eliminação dos alvos principais e da força inimiga. Mas isso não pode ser avisado para a imprensa, precisa ser surpresa. A ação tem que ser, além de discreta, agressiva e precisa, evitando efeitos colaterais. O traficante armado tem que ser tratado como força inimiga.

A situação nesta comunidades cariocas precisa de ação de força e não de enrolação com UPP's, discursos eleitoreiros ou politicamente corretos. Guerra se vence, infelizmente, produzindo cadáveres também e com intimidação, não com cantilena pacifista, mas guerra inteligente, sem armas militares, com ações cirúrgicas, snipers, e não com efetivos de batalhões trocando tiros a 1.000 metros do centro da cidade.

         
         

Uma grande verdade é que não deveríamos fazer política com a segurança pública. Pois isso necessariamente é fazer da vida, da integridade e da segurança do cidadão palanque para voto.

A polícia deveria ser o braço armado do Judiciário e a ela unicamente subordinada, com uma corregedoria independente e extra quadros. Mas então surge uma dúvida, o Judiciário funciona conforme deveria ?

Se um ato está tipificado como crime, há que ser combatido por ações repressivas e ponto final. O profissional de segurança pública é quem melhor está habilitado a planejar e executar esse serviço, sem a ingerência de políticos.

Para se combater de forma efetiva o tráfico, sem faz mister a atuação de forma integrada, nas fronteiras (atribuição das Forças Armadas e Polícia Federal) e nos portos (Polícia Federal), pois são onde entram a maior parte das drogas e das armas. Além da Polícia Rodoviária.

Tem que se fustigar os recursos do tráfico, através pricipalmente do combate à lavagem de dinheiro e à corrupção policial e política (atribuição da Polícia Federal e do Ministério Público).

De fato tem que se combater os recursos do tráfico dessa forma mas antes disso ou conjuntamente, tem que se combater o consumo de drogas pelas mesmas pessoas que depois se vestem de branco e fazem passeata pela paz. Mas não querem paz, querem segurança o que é justo. Só não é justo que financiem os mesmos fuzis dos quais vão reclamar depois e aqueles que não consumem nada, sejam obrigados a viver sitiados e vendo seus impostos indo pelo ralo para limpar a lambança dos consumidores. Se as incontáveis bocas de fumo ficarem às moscas sem "clientes", não haverá dinheiro para ser lavado.

Infelizmente isso esbarra com algo inerente à decaída natureza humana: o egoísmo. O sujeito não quer saber se a maconha que ele compra na boca de fumo financia a arma que será usada contra ele mesmo. Ele quer “ficar de boa”, seja com ele mesmo, ou com o grupelho do qual faz parte. Por isso que que o problema do tráfico é quase insolúvel.

Lógico que, para que tudo isso funcione a contento, tem que se garantir o básico: que os criminosos presos em decorrência das ações integradas permaneçam presos e incomunicáveis. Daí a reforma penal e a modernização e expansão do sistema carcerário.

Na outra ponta, nas ações diretas são também fundamentais. É onde entra a Polícia Militar e a Polícia Civil nos estados, com a Polícia Civil exercendo trabalho de investigação e inteligência a nível local, assim como ações diretas de enfrentamento através da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE). E a Polícia Militar exercendo ações diretas de enfrentamento (BOPE e Choque) e ocupação permanente pelas UPP's.

Quanto a presença do Estado, todo mundo sabe da sua necessidade. Mas pela característica geográficas, isso se torna  muito difícil. Não bastasse a dificuldade natural dada a natureza do terreno, o governador gosta de aparecer só quando dá enchente ou desabamento. Cada povo tem o governo que merece: eis a justa beleza da democracia.

Caberia ao Executivo as ações preventivas de ação social e oferecimento de serviços básicos decentes e justos de saúde, educação, saneamento básico, água, iluminação, calçamento, etc.

         

O combate ao tráfico de drogas passa inclusive pela arquitetura e urbanismo, pois faz-se necessário um processo de desfavelização, melhorando os acessos, eliminando vielas e becos, convertendo casebres em unidades habitacionais uni e multifamiliares decentes, criando espaços de convivência onde o povo ocupa e o criminoso não se estabelece.

Para tal, bastaria cumprir as leis já existentes. A prefeitura tem a obrigação, está no corpo da sua lei municipal, de fiscalizar as construções e impedir o surgimento de novas favelas ou comunidades. Qualquer área com inclinação superior a 45º, é área de preservação ambiental permanente. Há que se ter coragem para cumprir a lei, porque muitas leis se forem cumpridas, não dão votos.

         

Novamente o governador chama pelo Exército e todos nós brasileiros vamos pagar a conta que deveria ser do contribuinte carioca, pois foram eles que elegeram estes incompetentes. Talvez mais R$ 300 milhões como da outra vez.

Fonte : http://www.forte.jor.br/2014/03/21/apos-ataques-a-upps-governo-do-rio-vai-solicitar-envio-de-tropas-federais/

Abraços

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