quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Morcegos kamikazes

Segredos Militares da Segunda Guerra Mundial: 
A Bomba de Morcegos
Publicado em 17 de outubro de 2012 por Adriano De Toni

                   

Assuntos sobre o tema Segunda Guerra Mundial parecem ser inesgotáveis. De tempos em tempos, surgem histórias ou documentos, que dão nova luz aos acontecimentos que abalaram o mundo a mais de sessenta anos, e que serviram para definir o mundo como conhecemos hoje.

Um dos assuntos que costuma chamar atenção, são os projetos secretos, que por si só, jà atiçam a curiosidade das pessoas, ávidas por descobrir qual mistério virá à tona. Talvez os que mais tenham chamado a atenção, foram os programas nucleares dos países envolvidos no confronto e que teve o programa americano, conhecido como “Projeto Manhattan, responsável pela criação da bomba atômica. Mas existiram inúmeros outros projetos militares secretos, muitos deles já conhecidos e certamente outros ainda considerados secretos, que talvez um dia sejam apresentados ao grande público.

Pois bem, um destes programas já divulgados e, que na sua época tenha sido considerado até mais secreto que o Projeto Manhattan, era o desenvolvimento de uma nova arma incendiária, criada nos Estados Unidos, especificamente para ser empregada contra o Japão. Esta nova arma não chegou a ser utilizada em combate, mas os resultados dos testes demostraram que muito provavelmente, teria sido muito eficiente. Por mais estranho que nos possa soar, esta nova arma incendiária era uma “Bomba de Morcegos”.

Conceito e Concepção

Com o ataque surpresa japonês à Pearl Harbor, em dezembro de 1941, o povo americano passou a ver os japoneses como traiçoeiros e passaram a alimentar um sentimento de vingança. Foi dentro deste sentimento, que ainda em 1941, um dentista da Pennsylvania, chamado Lytle S Adams (O fato de ser “Adams” e criar uma bomba com morcegos, é mera coincidência !) concebeu esta arma. Meticuloso, ele observou corretamente que as cidades japonesas era altamente susceptíveis a incêndios, isto porque as edificações menores, eram constituídas essencialmente de bambu, papel e madeira. Aliando os hábitos dos morcegos,  ele concluiu que se fossem lançados sobre as cidades japonesas, um grande número de morcegos portando uma pequena carga explosiva ou incendiária, estes provocariam milhares de princípios de incêndios, num grande raio, que se alastrariam destruindo as cidades e mesmo complexos industriais próximos.

A ideia era simples, lançar morcegos portando suas pequenas cargas acionadas por um dispositivo de tempo, em  gaiolas com formato de bomba, presas a paraquedas. Quando a gaiola estivesse em uma determinada altitude, o invólucro então abriria e os morcegos se dispersariam, procurando por locais para se abrigarem, onde algum tempo depois iniciaria um incêndio. Os morcegos costumeiramente procuram se abrigar debaixo de telhados, em locais de difícil acesso,  o que dificultaria a identificação do princípio de incêndio e seu combate, até ser tarde demais.

Adams enviou seu projeto à Casa Branca em 12 janeiro de 1942, e provavelmente com a intervenção da Primeira-Dama (Adams buscava antes mesmo da guerra, diversas maneiras de conquistar a amizade da Primeira-Dama, Eleonor Roosvelt)  o mesmo foi avaliado e aprovado pessoalmente pelo Presidente Roosvelt.

                  BatHouse.jpg

Desenvolvimento

O projeto foi entregue ao “Army Chemical Warfare Service”, que iniciou as avaliações, mesmo achando a ideia “estranha”, porém contava com o “OK” do presidente. Após realizarem as avaliações e considerações iniciais, foi decidido que o projeto seria levado adiante, apoiado em quatro fatores de ordem biológica que colaboravam com o sucesso do mesmo:

1 – Os morcegos eram (ainda são) encontrados em grandes quantidades na natureza (4 cavernas no Texas, são ocupadas por milhões deles);

2 – Estes morcegos são capazes de transportar o equivalente a seu peso ou mais, durante o voo;

3 – Os morcegos são animais que hibernam e assim permanecem até necessitarem de alimento, por isso não seriam necessários grandes cuidados, nem alimento. Mesmo para o transporte, seria necessário apenas mantê-los em temperaturas mais baixas, utilizando para tal algum dispositivo de refrigeração;

4 – Os morcegos são capazes de voar no escuro e sempre procuram locais (bastante ocultos, onde possam se abrigar da luz do dia

   
                       Morcego transportando sua bomba

Foram selecionadas algumas espécies para os testes, em março de 1943, sendo escolhido o “Tadarida brasiliensis” (conhecido nos EUA como Morcego sem-cauda Mexicano), por sua incrível capacidade de transportar o equivalente a seu próprio peso. O projeto era visto com tamanha importância, que a tarefa de criar os dispositivos incendiários, foi entregue a Louis Fieser, o inventor do “napalm”, que projetou dois dipositivos, um pesando 17 gramas (0.6 onças) e outro pesando 28 gramas (1 onça).

           
Gaiola em que os morcegos seriam lançados sobre as cidades japonesas

A gaiola, em formato de bomba, criada para lançar os morcegos, teria 26 “andares”, cada um com capacidade para 40 morcegos (totalizando 1040 animais por gaiola) e seria lançada a uma altitude de 1525 metros (5,000 pés). Ao atingir a altitude de 305 metros (1000 pés), os compartimentos seriam abertos, liberando os morcegos.

Um dos prováveis alvos, seria a cidade industrial de Osaka, onde pretendiam enviar a partir do Alaska, uma formação de dez bombardeiros B-24, cada um transportando cem gaiolas, totalizando 1’040’000 morcegos.

                  
Incêndio causado pela liberação acidental dos morcegos 
na base do exército em Carlsbad, Novo México - Foto: USAF

Foram realizados diversos testes para solucionar diversas questões operacionais, até que um incidente ocorrido na Base Aérea Auxiliar do Exército de Carlsbad – Novo México,  causou a destruição de grande parte do campo de testes, após os morcegos serem soltos acidentalmente e alguns deles procuraram abrigo sob um tanque de combustível.

Mesmo com a destruição não esperada, a ideia se mostrava otimista, porém o exército abandonou o projeto, que foi então entregue à marinha, em agosto de 1943. Sob a supervisão da marinha, o projeto foi então denominado “Projeto Raio X”. O projeto todo foi transferido para a “Estação Aérea do Corpo de Fuzileiros Navais”, em El Centro – Califórnia. Neste local foram realizados diversos testes de ajuste, para a execução de um teste definitivo, utilizando a réplica de uma vila japonesa, construída especialmente para isto.

Observadores presentes no local descreveram os resultados com muito otimismo. O observador do “National Defense Research Committee  – NDRC” declarou:

“Foi concluído que o Raio X é uma arma efetiva.”

A avaliação realizada pelo observador do Conselho de Química, reportava que com base nos resultados observados, o “Raio X” era mais eficiente que as bombas incendiárias regulares, enfatizando que, enquanto uma bomba incendiária convencional, causava entre 167 e 400  princípios de incêndio, o “Raio X“ era capaz de causar entre 3625 e 4748.

                   
1) Lytle Adams ajudando a colocar os morcegos nas gaiolas de transporte - 2) Teste de lançamento de uma gaiola - 3) Incêndio causado pela liberação acidental dos morcegos na base do exército em Carlsbad, Novo México - Fotos: USAF

Mais testes haviam sido programados para o verão de 1944 (inverno no Hemisfério Sul), mas o programa foi cancelado por ordem do Almirante Ernest J. King, após ser informado que a nova arma não estaria pronta para ser utilizada antes de meados de 1945. O desenvolvimento desta arma foi bastante lento, especialmente se observarmos a ocasião. À época, haviam sido gastos aproximadamente 2 milhões de dólares no projeto (equivalente a 25 milhões atuais).

Após o final da guerra, o Dr. Adams manteve a convicção que sua criação poderia ter tido efeitos devastadores, e sem os efeitos causados por uma bomba atômica, como ele mesmo declarou:

“Pense em milhares de incêndios se iniciando simultâneamente, em uma raio de 20 milhas (32 km) de cada bomba lançada.
O Japão teria sido devastado, com uma perda mínima de vidas.”

Fontes:
http://web.archive.org/web/20080531082803/http://www.afa.org/magazine/1990/1090bat.html

http://www.historynet.com/top-secret-wwii-bat-and-bird-bomber-program.htm

http://www.theatlantic.com/technology/archive/2011/04/old-weird-tech-the-bat-bombs-of-world-war-ii/237267/

http://en.wikipedia.org/wiki/Bat_bomb

Fonte : http://www.deadlybirds.com.br/deadlybirds_blg/2012/10/segredos-militares-da-segunda-guerra-mundial-a-bomba-de-morcegos/

Abraços

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