sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Os dez mitos sobre o conflito palestino-israelense (5/10)

Mito 5:  Os países árabes ameaçaram Israel com a aniquilação, em 1967 e 1973

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* Jeremy R. Hammond, analista político independente que foi galardoado com o prêmio Projeto Censurado ao melhor jornalismo investigativo, explica um por um os mitos sionistas que ouvimos todos os dias na propaganda israelense. Fonte: Alba TV (Tradução do espanhol: Natália Forcat)
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A verdade é que foi Israel quem disparou o primeiro tiro na Guerra dos Seis Dias. Nas primeiras horas da manhã do 5 de junho de 1967, Israel lançou seus soldados para um ataque surpresa contra o Egito (na época, República Árabe Unida) e dizimou a força aérea egípcia, enquanto a maioria de seus aviões ainda estavam no chão.

É quase obrigatório que os comentaristas descrevam esse ataque como "preventivo". Mas para que tivesse sido "preventivo", deveria ter havido, por definição, uma ameaça iminente de agressão egípcia contra Israel. Mas não havia.

É comum afirmar que a retórica belicosa do presidente Nasser, o bloqueio do Estreito de Tiran, o movimento de tropas na Península do Sinai e a expulsão das forças de paz da ONU em seu lado da fronteira, constituíam em seu conjunto, esta ameaça iminente.

No entanto, os serviços de inteligência de os EUA e Israel avaliaram, naquele momento, que a probabilidade de que Nasser atacasse era realmente baixa. A CIA considerou que Israel tinha esmagadora superioridade militar e que, em caso de guerra, derrotaria as forças árabes no espaço de duas semanas; e, em uma semana, se Israel atacasse primeiro, que é o que realmente aconteceu.

Há que ter em mente que o Egito tinha sido vítima de uma agressão por parte de britânicos, franceses e israelenses na "Crise do Canal de Suez" em 1956, depois que o Egito nacionalizou o Canal de Suez. As três nações agressoras conspiraram para fazer a guerra contra o Egito que levou à ocupação israelense da Península do Sinai. Sob pressão dos EUA, Israel retirou-se do Sinai em 1957, mas o Egito não tinha esquecido da agressão.

Além disso, o Egito tinha formado uma aliança com a Síria e a Jordânia, um compromisso mútuo para ajudar uns aos outros em caso de guerra com Israel. Jordânia tinha criticado Nasser por não manter essa promessa após o ataque israelense à aldeia de Samu (na Cisjordânia) no ano anterior, e sua retórica era uma clara tentativa de recuperar sua posição no mundo árabe.

Nasser estava à defensiva e não tinha a menor intenção de lançar uma ofensiva contra Israel. Isto foi apontado por algumas personalidades israelenses. Abraham Sela, por exemplo, do Centro Shalem, observou: "A acumulação de forças egípcias no Sinai não era devido a um plano de ofensiva, e as instruções defensivas de Nasser assumiam explicitamente que Israel atacaria primeiro."

O primeiro-ministro israelense Menachem Begin reconheceu que "em junho de 1967, tivemos uma chance. A concentração de tropas egípcias nas proximidades do Sinai não provam que Nasser estava realmente prestes a nos atacar. Temos de ser honestos com nós mesmos. Nós decidimos atacá-lo".

Issac Rabin, que também seria mais tarde primeiro-ministro de Israel, admitiu em 1968 que "Eu não acho que Nasser queria guerra. As duas divisões que ele mandou para o Sinai não eram suficientes para lançar uma guerra ofensiva. Ele sabia disso e nós sabíamos disso."

Os israelenses também reconheceram que sua própria retórica, naquele momento, sobre a "ameaça" de "aniquilação" que representavam os estados árabes, era pura propaganda.

O Geral Chaim Herzog, comandante geral e primeiro governador militar da Cisjordânia ocupada após a guerra, admitiu que "não havia perigo de aniquilação, os quartéis gerais israelenses nunca acreditaram que havia esse perigo."

O Geral Ezer Weizman, disse algo semelhante: "Nunca houve qualquer perigo de extermínio. Essa hipótese nunca foi considerada em uma reunião formal".

O chefe de Estado-maior Haim Bar-Lev, admitiu: "Nós não estivemos ameaçados de genocídio na véspera da Guerra dos Seis Dias e nunca pensamos nessa possibilidade."

O ministro israelense da Habitação, Mordechai Bentov, também reconheceu que "toda a história do perigo de extermínio foi inventada e se exagerou a posteriori para justificar a anexação de novos territórios árabes".

Em 1973, no que os israelenses chamam de "Guerra do Yom Kippur", Egito e Síria lançaram uma ofensiva surpresa para recuperar o Sinai e as Colinas de Golã, respectivamente. Esta ação combinada é popularmente descrita em relatos contemporâneos como uma "invasão", ou um ato de "agressão" contra Israel.

No entanto, como já foi observado, após a guerra de junho de 1967, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 242, que pedia que Israel se retirasse dos territórios ocupados. Não é preciso dizer que Israel recusou-se a fazê-lo e continuou a violar o direito internacional de forma contínua desde então.

Durante a guerra de 1973, Egito e Síria "invadiram" seus próprios territórios, que estavam, então, ocupados ilegalmente por Israel. A ideia de que esta guerra foi um ato de agressão árabe pressupõe que a Península do Sinai, as Colinas de Golã, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza eram territórios israelenses. Isto é, obviamente, uma suposição grosseiramente falsa que demonstra a natureza absolutamente prejudicial e tendenciosa das análises hegemônicas quando se trata do conflito árabe-israelense.

Essa falsa narrativa se encaixa com o relato mais amplo, igualmente falacioso, de Israel como uma "vítima" da intransigência e agressão árabes. Esta narrativa, quase nem questionada no Ocidente, deturpa completamente os fatos.

 Fonte: http://port.pravda.ru/news/russa/31-07-2014/37109-mitos_palestina_israel-0/

Abraços

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