domingo, 22 de setembro de 2013

Violência contra a Mulher (2/2)


O último post teve uma grande repercussão. Nele escrevi sobre o roubo da identidade e os ataques sofridos por aqueles que discordam de pautas defendidas pelos que se dizem defensores das mulheres... Você que é contra o aborto, que acha que mostrar os peitos não é a melhor forma de protestar, ou que já foi chamado de machista por não concordar com as pautas feministas certamente vai se identificar. Pois é, isso mesmo, uma mulher que não é feminista! O choque do meu anúncio foi tanto que recebi uma chuva de críticas e ataques. Por isso resolvi fazer alguns esclarecimentos através desse post e um convite muito importante.

Para começar, o maior número de reclamações que recebi veio de leitores que não leram, mas viram uma figurinha e resolveram reclamar. Ou seja, são pessoas que não se deram ao trabalho de entender, acharam que desenhei a charge usada para ilustrar o texto e com base nisso resolveram me ofender. É claro que não vou perder tempo respondendo-os. Em seguida, um dos comentários mais frequentes foi de feministas em polvorosa, que além de me chamarem de machista e ignorante, insistiram loucamente na suposição de que não sei o que é feminismo. Me indicaram livros, algumas até com boas intenções, e juraram que seriam capazes de abrir meus olhos - como se eles estivessem fechados. Muitas não conseguem sequer conceber que alguém discorde delas, acreditam piamente que se alguém lesse o que leram, essa pessoa seria quase que 'obrigada' a mudar de opinião. De qualquer modo, é preciso considerar um fato crucial. O feminismo da teoria não é o que existe na prática.

O que se lê em seus livros, sobre pregar pura liberdade da mulher, é em muitos casos absolutamente oposto do que se pratica: e é sobre a realidade que estou falando, não sobre um mundo imaginário. Mas se você é feminista e não pratica as absurdidades que comentei, sabe tolerar as diferenças e respeitar aqueles que discordam de você, ótimo. No entanto, é preciso ser mais cético do que contar sobre uma maravilhosa teoria, linda e igualitária, justa e salvadora, que é praticada de modo perfeito. Isso não é o que existe na prática, então não há como considerar uma teoria que só existe em algumas mentes, ao menos não enquanto estamos tratando de realidade concreta e dos efeitos reais da prática da violência e roubo de identidade da mulher. Fazer isso seria me pedir para acreditar no que estão dizendo, e não no que estou vendo e vivenciando no dia-a-dia.

Outros comentaristas juraram que o Femen não é feminista, assim como outros juram que Stalin não era socialista, Hitler não era nazista, e assim por diante. Mas e se alguém dissesse que os homens machistas não representam os homens, que os cristãos ignorantes não representam os cristãos, vocês aceitariam tal justificativa ou a ignorariam sumariamente? Infelizmente essas pessoas não conseguiram absorver do texto o fato de que o foco das críticas não é o Femen, que foi citado apenas de modo passageiro dentre outros movimentos compostos por mulheres e que dizem representar reivindicações femininas. A crítica foi às pessoas que cometem tais atos, não a um grupo específico. A única especifidade que esse grupo possui é que acreditam estar lutando pelos direitos das mulheres, enquanto fazem exatamente o oposto: reprimem as mulheres de pensarem algo que fuja à seus modelos e conceitos pré-estabelecidos, e tentam roubar sua identidade. Querem dizer que uma mulher só serve, enquanto mulher, se concordar com aquilo que esses indivíduos dizem.


Para finalizar, aos que dizem que estou errada e que a tal "nova violência" contra as mulheres que não concordam com alguma pauta feminista não existe, meu artigo e sua recepção aniquilam qualquer dúvida. Fui hostilizada de modo agressivo por muitas pessoas devido a um simples artigo, uma simples opinião exposta - surgiram ameaças e tentativas de intimidação tanto virtualmente quanto pessoalmente. Tudo por emitir minha opinião e discordar das premissas do feminismo. Assim, eu poderia responder a cada uma dessas críticas com uma velha e precisa expressão do latim: quod erat demonstrandum.

O que eu escrevi neste texto é fruto de minha experiência como mulher que rejeita pensar em bloco e subscrever a cartilha feminista de modo cego ou adotando todas as pautas sem análises e considerações do que considero correto. Diante disso, deixo uma pergunta: o que vale mais, o testemunho de alguém que vive na pele essa "nova forma de violência contra a mulher" ou as palavras de mulheres que nunca ousaram criticar as ideologias feministas e que nem imaginam como seriam tratadas caso o fizessem? Se o feminismo é mesmo essa coisa livre de modelos pré-concebidos, por que o modelo que eu escolhi para mim não pode ser aceito e respeitado por vocês?

Que discorde quem quiser discordar, mas a repressão e a "nova violência" contra a mulher que discorda das pautas feministas existe na prática, SIM. E as provas disso estão disponíveis e ao alcance de todos nós - basta olhar os comentários ofensivos que certamente virão com esse texto, assim como vieram com o último. Isso não pode mais ser escondido, velado e ignorado. Não podemos deixar que calem a voz de quem discorda enquanto carregam a bandeira de tolerantes e justos representantes do sexo feminino. A tolerância e o respeito precisam sair do belo discurso dos praticantes dessa repressão e encontrar aplicação prática. Os agressores e extremistas podem representar uma parcela da população feminina, mas não representam todas as mulheres e muito menos têm o direito de roubar a identidade do sexo feminino. As vozes destoantes precisam deixar de lado os sussurros e a vergonha, pois não há nada que esconder. Quem discorda das pautas feministas não deixa de ser mulher, não deixa de ser capaz de pensar e raciocinar, e não merece ser rotulada, humilhada ou subjugada por isso. Convido-as a dizer: sou mulher, discordo de vocês, e suas intimidações e ameaças não vão me calar.

         

Beijinhos!



Abraços

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário."
George Orwell

"Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador."
Eduardo Galeano

Desejando, expresse o seu pensamento do assunto exposto no artigo.
Agressões, baixarias, trolls, haters e spam não serão publicados.

Seus comentários poderão levar algum tempo para aparecer e não serão necessariamente respondidos pelo blog.

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do autor deste blog.

Agradecido pela compreensão e visita.