quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Pesquisadores veem ressurgimento da direita

Por Adauri Antunes | Para o Valor, de Águas de Lindoia (SP)
          C0251-ba

A direita saiu do armário e hoje não hesita mais em expor suas ideias. Desde as tendências que apoiam os militares até as que defendem autoritarismos, como o nazismo, estão assumindo suas posições. Esta foi a principal tese defendida ontem na mesa-redonda “Direita Volver? O ressurgimento do conservadorismo político no Brasil contemporâneo”, realizada no 37º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpocs).

“Hoje se perdeu a vergonha de ser conservador, de se assumir como de direita. Muito mais gente assume a defesa de um regime militar, do autoritarismo, do nazismo”, disse o professor Adriano Codato, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). As manifestações de junho levaram o professor João Feres Júnior, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) a concluir que “a direita saiu do armário”.

Codato analisou o perfil de cerca de 7 mil parlamentares que passaram pela Câmara dos Deputados entre 1945 e 2010, tendo como base a origem partidária, e constatou que não houve uma “mudança espetacular” no perfil dos representantes da direita. Segundo ele, ao perfil característico do ruralista agregaram-se comunicadores e pastores, como o deputado Marco Feliciano (PSC-SP).

“Entraram os pastores, os comunicadores e outras figuras de mais visibilidade, mas o perfil majoritário da direita parlamentar continua sendo o do empresário. Antes era predominantemente o fazendeiro, hoje já há também o empresário urbano. O Brasil se modernizou, a direita se modernizou”, explicou Codato que considera de direita, em sua pesquisa, 13 dos atuais partidos políticos, entre os quais DEM, PFL, PP, PTB, PL e PSC.

Outro participante da mesa-redonda no encontro da Anpocs, o professor Cláudio Couto, da Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo, fez uma análise que mostrou a “guinada à direta” do PSDB a partir de 1988. De acordo com o seu estudo, em sucessivas disputas com o PT, nas quais tentava se firmar eleitoralmente, o partido dos tucanos não conseguiu implementar em São Paulo políticas que o fizessem se diferenciar de administrações anteriores, de direita, dando continuidade a programas como “Rota na rua”.

Ainda este mês, segundo Cláudio Couto, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), deu mais uma demonstração da “direitização” do partido, no programa eleitoral tucano. “Aécio ataca o Estado, que considera paternalista, e defende a livre iniciativa como forma do Estado avançar”, disse o pesquisador.

Logo depois da mesa-redonda, Couto, Codato, Feres Jr. e ainda o professor Fernando de Barros Filgueiras, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), falaram sobre as possibilidades eleitorais da direita na eleição presidencial do próximo ano, que avaliam ser representada por PSDB, PSD e PSB. “Talvez a estratégia seja pulverizar os votos no primeiro turno para, em um eventual segundo turno, fazer um blocão”, sugeriu o pesquisador da UFMG.

Os quatro participantes da mesa-redonda do encontro da Anpocs comentaram ainda os possíveis enquadramentos ideológicos dos movimentos que estão surgindo a partir das manifestações de junho. “Há uma aproximação entre os extremos, tanto à direita quanto à esquerda, que é a intolerância com o outro. A ultra-direita e a extrema-esquerda se encontram no anarco-fascismo”, observou Cláudio Couto. “Apanhar dos fascistas ou dos antifascistas dói do mesmo jeito”, disse Codato.

Fonte: Valor Econômico via Resenha do Exército

Fonte: http://www.forte.jor.br/2013/09/25/pesquisadores-veem-ressurgimento-da-direita/

Abraços

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