QUEM SÃO OS JUDEUS?
FALAM AUTORES GREGOS ANTIGOS
FALAM AUTORES GREGOS ANTIGOS
- Airton José da Silva - (Mestre em Teologia Bíblica pelo Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma;
Professor de Antigo Testamento e Bíblia Hebraica na Faculdade de Teologia da Arquidiocese de Ribeirão Preto - SP, e na PUC - Campinas / SP)
"Os judeus são os mais ignorantes de todos os bárbaros..."
(Apolônio Mólon)
"Eles (os judeus) fizeram de seu ódio à humanidade, uma tradição..."
(Diodoro Sículo)
1. Dezoito Autores e suas opiniões
2. Os judeus são 'filósofos' inventores de leis e lendas
3. Os judeus cultuam uma cabeça de asno
4. Os judeus são fanáticos pelo Sábado
5. Os judeus são leprosos expulsos do Egito
6. Os judeus fazem sacrifícios humanos
Nota nossa: a presente postagem não pretende instigar nenhuma espécie de ódio aos judeus enquanto raça ou povo; mas sim, apenas, ajudar a refletir só um pouquinho (porque haveria muitíssimo mais a dizer) sobre a falsidade de sua abominável religião - da qual, em momentos e de modos distintos, derivaram também as execráveis crenças do cristianismo e do islamismo...
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Como é que os gregos antigos vêem os judeus? Existe compreensão e aceitação de sua cultura ou não? Constituem os judeus um povo a ser respeitado ou "civilizado"? Como é de se esperar, não temos uma opinião abrangente dos gregos sobre os judeus. O homem grego comum não pode mais testemunhar nesta questão. Mas há os escritos de vários autores da época. E através deles podemos perguntar aos gregos: Quem são, para vocês, os judeus?
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1. DEZOITO AUTORES E SUAS OPINIÕES
Do século V a.C. ao início do século II d.C., de Heródoto a Plutarco, são conhecidos 175 fragmentos de 57 autores gregos que falam dos judeus [1].
57 Autores Gregos Falam dos Judeus:
- Século V a.C.: Heródoto
- Século IV a.C.: Aristóteles, Teofrasto, Jerônimo de Cárdia, Hecateu de Abdera, Megástenes, Clearco de Soli
- Século III a.C.: Evêmero, Beroso, Maneton, Xenófilo, Eratóstenes, Aristófanes, Hermipo de Esmirna, Mnaseas de Patara
- Século II a.C.: Polemo de Ilium, Agatarquides de Cnido, Políbio, Apolodoro de Atenas, Menandro de Éfeso, Díon, Teófilo, Leto, Ocelo Lucano, Timocares, Xenofon de Lampsaco, Meleagro de Gadara, Possidônio
- Século I a.C.: Apolônio Mólon, Alexandre Poliístor, Teucro de Cizico, Diodoro Sículo, Crinagoras de Mitilene, Hipsicrates, Timagenes, Nicolau de Damasco, Estrabão de Amaséia, Conon, o Mitógrafo, Ptolomeu, o Historiador (?), Lisímaco (?)
- Século I d.C.: Pseudo-Longino, Filipe de Tessalônica, Ptolomeu de Mendes (?), Apião, Queremon, Dioscorides, Zopirio, Hermógenes (?), Memnon de Heracléia, Anônimo autor da guerra entre romanos e judeus, Damócrito (?), Nicarco(?), Cláudio Iolau (?), Antônio Diógenes
- Século I/II d.C.: Epicteto, Dio Crisóstomo, Plutarco
(*As interrogações (?) após alguns nomes referem-se a incertezas quanto à data.)
Destes 57 autores vou apresentar apenas 18. São os mais interessantes quanto às suas opiniões e/ou informações sobre os judeus. Muitos dos outros que deixo de lado trazem apenas informações geográficas sobre a Palestina ou referências muito vagas aos judeus. O Mar Morto, por exemplo, suscita grande interesse entre os escritores gregos graças a suas características peculiares.
Os 18 Autores Escolhidos
- Século IV a.C.: Teofrasto (ap. 372-288); Hecateu de Abdera (ap. 300); Clearco de Soli (ap. 300); Megástenes (ap. 300)
- Século III a.C.: Maneton (séc. III); Mnaseas de Patara (ap. 200)
- Século II a.C.: Agatarquides de Cnido (séc. II); Possidônio (ap. 135-51)
- Século I a.C.: Apolônio Mólon (séc. I); Alexandre Poliístor (séc. I); Diodoro Sículo (séc. I); Nicolau de Damasco (ap. 64 a.C. - séc. I d.C.); Estrabão de Amaséia (ap. 64 a.C. - 19 d.C.); Lisímaco (séc. II/I a.C.?)
- Século I d.C.: Apião (1ª metade séc. I d.C.); Queremon (séc. I d.C.); Damócrito (séc. I d.C.?); Nicarco (séc. I d.C.?) [2]
Dos 18 autores escolhidos não cito todos os fragmentos, mas apenas os mais pertinentes. O número de fragmentos por autor varia muito: de 1 fragmento apenas de vários autores até 27 de Estrabão ou 15 de Nicolau de Damasco e 15 de Apião. Interessante é observarmos a origem dos 18 autores.
A Origem dos 18 Autores
- De cidades gregas da Ásia: 6 autores
- Do Egito: 5 autores
- Da Síria: 2 autores
- De (diferentes) ilhas: 3 autores
- De local desconhecido: 2 autores
Nome, Cidade e Região dos 18 Autores
1. Teofrasto Êresos, ilha de Lesbos
2. Hecateu Abdera, Trácia
3. Clearco Soli, Chipre
4. Megástenes ?
5. Maneton Heliópolis, Egito
6. Mnaseas Patara, Lícia
7. Agatarquides Cnido, Dórida
8. Possidônio Apaméia, Síria
9. Apolônio Mólon Alabanda, Cária
10. Alexandre Poliístor Mileto, Ásia Menor
11. Diodoro Sículo ? Sicília
12. Nicolau Damasco, Síria
13. Estrabão Amaséia, Ponto
14. Lisímaco ? Egito
15. Apião Alexandria, Egito
16. Queremon ? Egito
17. Damócrito ?
18. Nicarco ? Egito
Das cidades gregas da Ásia Menor e do Egito saem 11 dos 18 autores citados. E não é sem razão: Alexandria é o maior centro cultural helenístico e a Ásia Menor é o coração do mundo grego helenístico.
Outra coisa interessante a ser observada é também a especialidade, profissão ou área de interesse destes 18 autores gregos que falam dos judeus.
Especialidade, Profissão ou Área de Interesse dos 18 Autores
1. Teofrasto: filósofo da escola de Aristóteles
2. Hecateu de Abdera: etnógrafo, filósofo, crítico e gramático
3. Clearco de Soli: filósofo da escola de Aristóteles
4. Megástenes ?
5. Maneton: sacerdote egípcio
6. Mnaseas de Patara ?
7. Agatarquides de Cnido: historiador da escola de Aristóteles
8. Possidônio: filósofo estóico, historiador e cientista
9. Apolônio Mólon: reitor
10. Alexandre Poliístor: historiador, geógrafo, literato
11. Diodoro Sículo: historiador
12. Nicolau de Damasco: historiador, professor, diplomata
13. Estrabão de Amaséia: filósofo estóico, geógrafo, historiador
14. Lisímaco ?
15. Apião: escritor e professor de literatura
16. Queremon: historiador
17. Damócrito: historiador
18. Nicarco ?
Verifica-se a predominância dos historiadores, como parece natural, em se tratando de observações sobre um povo estrangeiro, o judeu. Mas os filósofos seguem-nos de perto: filósofos interessados nos "bárbaros" é algo característico da época helenística.
Vale aqui a observação de P. Lévêque de que na época helenística a historiografia sobrevive, mas se transforma. Sua tendência é tornar-se universal, conseqüência óbvia da ampliação do mundo grego feita por Alexandre e depois unificado por Roma. O historiador desta época é um grande erudito e sua investigação torna-se cada vez menos literária e mais científica [3].
Para finalizar este levantamento, vamos verificar as idéias mais freqüentes e significativas que estes 18 autores têm sobre os judeus, sua origem, suas práticas, seus líderes.
Quem são os Judeus?
- Os judeus são filósofos: Teofrasto, Clearco de Soli, Megástenes
- Os judeus são leprosos expulsos do Egito: Maneton, Diodoro Sículo, Lisímaco, Apião
- Os judeus são impuros expulsos do Egito: Queremon
- Os judeus são estrangeiros expulsos do Egito: Hecateu de Abdera
- Os judeus são egípcios que saíram voluntariamente do país: Estrabão de Amaséia
- Os judeus são sírios: Teofrasto, Clearco de Soli, Megástenes
- Os judeus são hicsos expulsos do Egito: Maneton
As Práticas Judaicas
- Os judeus fazem sacrifícios humanos: Teofrasto (sacrificam-se a si mesmos); Apião ( sacrificam e comem um grego todo ano); Damócrito ( sacrificam um estrangeiro a cada 7 anos)
- Os judeus são monoteístas - cultuam o céu - e não fazem imagens de Deus: Hecateu de Abdera, Estrabão de Amaséia
- Os judeus cultuam no Templo uma cabeça de asno feita de ouro: Mnaseas de Patara, Apião, Damócrito
- Os judeus só oferecem holocaustos e só à noite: Teofrasto
- Os judeus têm uma estátua de Moisés no Templo, cavalgando um asno: Diodoro Sículo
- Os judeus observam o repouso no sábado: Agatarquides de Cnido, Apião
- Os judeus jejuam no sábado: Estrabão de Amaséia
- Os judeus são ateístas: Apolônio Mólon
- Os judeus têm um modo de vida anti-social, segregacionista e intolerante: Hecateu de Abdera, Apolônio Mólon, Diodoro Sículo
- Os judeus fazem um juramento de hostilidade contra todos os gregos: Apião
- Os judeus são os mais ignorantes de todos os bárbaros: Apolônio Mólon
- Há judeus cultos, que falam grego e pensam como os gregos: Clearco de Soli
- Os judeus são feiticeiros que extraem o asfalto do Mar Morto com encantamentos: Possidônio
- Os judeus praticam a excisão(*) das mulheres: Estrabão de Amaséia
- Os judeus praticam a circuncisão: Diodoro Sículo, Estrabão de Amaséia
Quem é Moisés?
- Moisés, líder do povo, funda Jerusalém, constrói o Templo e estabelece a constituição dos judeus: - - Hecateu de Abdera, Estrabão de Amaséia, Lisímaco
- Moisés é um egípcio de Heliópolis: Apião
- Moisés é um sacerdote egípcio: Maneton, Estrabão de Amaséia
- Moisés é um escriba sagrado egípcio: Queremon
- Moisés, legislador dos judeus, é um charlatão e impostor: Apolônio Mólon
- Moisés atribui suas leis a Iao (Iahweh) para que o povo as obedeça: Diodoro Sículo
- Moisés, legislador dos hebreus, é mulher: Alexandre Poliístor
- Moisés é leproso: Nicarco, Apião, Maneton
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2. Os Judeus são 'filósofos' inventores de leis e lendas
Do século IV temos 4 autores: Teofrasto, Hecateu de Abdera, Clearco de Soli e Megástenes.
Teofrasto (Theófrastos), natural de Êresos, na ilha de Lesbos, nasce aproximadamente em 372 a.C. e morre em 288 a.C. Teofrasto é amigo e discípulo de Aristóteles e seu sucessor na Escola Peripatética de filosofia.
Das numerosas obras de Teofrasto possuímos ainda suas Investigações sobre as plantas, seu Crescimento das plantas, um tratado sobre metafísica e fragmentos de obras filosóficas e científicas [4].
Um dos fragmentos de Teofrasto que trata dos judeus é de sua obra De Pietate (Perì Eusebeías). O fragmento é citado por Porfírio, De Abstinentia II,26: [5]
"E sem dúvida, diz Teofrasto, os sírios, de quem os judeus constituem uma parte, até hoje sacrificam vítimas vivas, segundo o seu antigo modo de sacrificar; se alguém nos mandasse sacrificar do mesmo modo, nós nos recusaríamos. Pois eles não comem as vítimas, mas queimam-nas totalmente de noite e, derramando sobre elas mel e vinho, eles rapidamente destroem a oferenda, para que o sol que tudo vê não possa olhar para a coisa terrível. E eles fazem isto jejuando em dias intercalados. Durante todo o tempo, sendo filósofos por raça, eles conversam entre si sobre a divindade e à noite eles observam as estrelas, contemplando-as e rezando para Deus. Eles foram os primeiros a instituir sacrifícios de seres vivos e de si mesmos; mas eles fazem isso por necessidade [lei] e não porque gostam".
Teofrasto toma o holocausto como o único modo de sacrifício judaico. E nisto ele está enganado, porque há também sacrifícios nos quais a vítima não é toda queimada como no holocausto. Também está enganado quando diz que se queima a vítima com mel e vinho, pois Lv 2,11 diz: "Nenhuma das oblações que oferecerdes a Iahweh será preparada com fermento, pois jamais queimareis fermento ou mel como oferta queimada a Iahweh". Talvez a proibição exista porque seria uma prática de cultos cananeus aos quais os israelitas se opõem.
Teofrasto também está enganado quando diz que eles sacrificam pessoas. Porque ele diz isso é que constitui problema: será por causa do relato do sacrifício de Isaac, narrado em Gn 22? Ou é por causa do costume fenício de sacrificar pessoas? [Ou será que ele não estava enganado?...]
De modo geral, entretanto, o texto é [relativamente] favorável aos judeus, pois, segundo Teofrasto, eles fazem sacrifícios exóticos com relutância e porque são filósofos que conversam sobre Deus durante os sacrifícios e observam as estrelas. Para os filósofos gregos, uma das principais provas da existência de Deus é exatamente o movimento ordenado dos corpos celestes [6].
O segundo autor do século IV a.C. que trata dos judeus é Hecateu de Abdera (Hecataíos ho Abdêrítês) situado por volta do ano 300 a.C., talvez um pouco antes.
Hecateu é natural de Abdera, cidade grega da costa da Trácia fundada por jônios. Hecateu estuda com o cético Pírron de Élis e torna-se etnógrafo, filósofo, crítico e gramático helenista. Visita o Egito na época de Ptolomeu I Soter. De suas muitas obras possuímos fragmentos de Sobre os hiperbóreos e de Sobre os egípcios, onde ele fala dos judeus.
Sobre os egípcios é citada em Diodoro Sículo (séc. I a.C.), Bibliotheca Historica. Esta obra de Hecateu é a principal fonte usada por Diodoro para descrever o Egito. No volume 40º de Diodoro - preservado através da Bibliotheca de Fótios, patriarca de 857 a 886 - temos boa descrição dos judeus feita por Hecateu. O texto em questão está em Diodoro, Bibliotheca Historica XL, 3. Como Diodoro sintetiza sua fonte, infelizmente não temos as "ipsissima verba" de Hecateu.
O texto diz que, quando nos tempos antigos uma peste toma conta do Egito, o povo acredita ser a doença causada pelos deuses. E a razão é que muitos estrangeiros moram no seu meio, praticam ritos e sacrifícios diferentes e, por isso, os cultos aos deuses egípcios estão abandonados. Diagnosticado o problema, os estrangeiros [isto é, os judeus] são expulsos. Muitos vão para a Grécia, liderados por Dânaos e Cadmos. E o texto continua:
"Mas o maior número foi para a região que é agora chamada Judéia, que não é muito distante do Egito e que era naquele tempo, totalmente desabitada. A colônia era liderada por um homem chamado Moisés, notável pela inteligência [esperteza, diríamos nós...] e pela coragem. Tomando posse da terra, ele fundou, além de outras cidades, uma que é agora a mais renomada de todas, chamada Jerusalém. Além disso, ele construiu o templo, que eles veneram muito, instituiu suas formas de cultos e ritos, estabeleceu suas leis e organizou suas instituições políticas. Ele também dividiu-os em doze tribos (...) Mas ele não fez imagem alguma dos deuses para eles, sendo de opinião que Deus não tem forma humana; ao contrário, o Céu que circunda a terra é por si mesmo divino e governa o universo. Os sacrifícios que ele estabeleceu diferem daqueles de outras nações, assim como seu modo de vida, pois como resultado de sua própria expulsão do Egito ele introduziu um modo de vida anti-social e intolerante".
O texto continua a dizer que Moisés faz dos homens mais hábeis sacerdotes e coloca-os como líderes e juízes do povo. Razão porque os judeus não têm rei e são governados pelo sacerdote mais sábio e virtuoso [?] entre seus pares, o sumo sacerdote.
Moisés organiza também um exército, conquista territórios vizinhos e distribui a terra entre os cidadãos em lotes iguais e outros maiores para os sacerdotes, "de modo que estes, recebendo maiores rendas, não se distraíssem e pudessem aplicar-se continuamente no serviço de Deus" [isto é, pudessem mais comodamente serem exploradores vagabundos do povo...]. Os cidadãos comuns são proibidos de vender suas terras, para evitar que alguns comprem tudo e oprimam os pobres.
O texto termina dizendo que mais tarde, entretanto, quando eles são submetidos pelos persas e pelos macedônios, em virtude de sua mistura com outros povos muitas de suas práticas tradicionais se perdem.
Vamos observar algumas coisas na descrição de Hecateu. Diz ele que os estrangeiros que vão do Egito para a Grécia são liderados por Dânaos e Cadmos. "Dânaos, na mitologia grega, é descendente de Io, juntamente com Áigiptos, seu irmão. Áigiptos tinha 50 filhos e Dânaos 50 filhas. Áigiptos e Dânaos desentenderam-se, e Dânaos e suas filhas fugiram de seu lar no Egito para Argos, onde Dânaos tornou-se rei"[7]. E P. Harvey explica ainda: "Cadmos, na mitologia grega, filho de Agênor (rei de Tiro), irmão de Europe e tio de Minos, e conseqüentemente associado pela lenda à Fenícia e a Creta"[8]. [Ou seja: o famoso "êxodo" dos judeus é visto como perdendo-se no passado mítico...]
Aqui é interessante observar a perspectiva de Hecateu: ao associar os judeus aos imigrantes gregos através desta lenda, ele demonstra respeito e amizade por eles [?]. Sobre a peste que toma conta do Egito e sobre suas causas, sabemos que há profecias egípcias que falam de campanhas estrangeiras no Egito que provocarão a abolição dos cultos, o abandono dos templos, a peste e a fome, até que um rei salvador apareça e expulse os estrangeiros, restabelecendo a antiga ordem.
Passando a outro aspecto do texto de Hecateu, observamos que ele vê a formação dos judeus muito mais segundo o esquema grego de colonização - Moisés vem para a Judéia, funda Jerusalém e estabelece a constituição judaica - do que segundo o tradicional modo israelita. Aliás, esta visão grega parece que chega a ser defendida pela própria aristocracia helenizante de Jerusalém, para legitimar o estatuto de pólis de sua cidade [9].
Hecateu ignora a época da monarquia israelita: nisto ele reflete a situação da Judéia de sua época, que na falta de um poder real, é governada pelo sumo sacerdote e pela Lei atribuída a Moisés. Aliás, "nós precisamos lembrar que, exceto Nicolau, que se refere a Davi, Pompeu Trogo, que fala de antigos reis judeus, e alguns escritores que se referem a Salomão, não há menção dos reis judeus bíblicos na literatura grega e romana do helenismo e do antigo período romano"[10]. A hierocracia [governo dos sacerdotes] é considerada a forma característica de governo judeu. Mesmo em Fílon de Alexandria e em Flávio Josefo, que tendem a ignorar a monarquia israelita.
O terceiro escritor grego do século IV a.C. a falar dos judeus é Clearco, cipriota da cidade de Soli. Comumente considerado como discípulo de Aristóteles, Clearco de Soli é contemporâneo de Hecateu, situando-se na passagem do século IV para o século III a.C.
Entre suas obras há o De Somno, uma discussão sobre a existência separada da alma, na qual um personagem dialoga com Aristóteles e este fala de um judeu que ele conhecera na sua viagem pela Ásia Menor. Naturalmente o diálogo é fictício e quem conhece algum judeu assim é Clearco. O texto de Clearco sobre os judeus é relatado por Flávio Josefo no Contra Apionem I, 176-183. Os §§ 179-181 dizem:
"'Bem', ele [Aristóteles] replicou, 'o homem era um judeu da Celessíria. Este povo é descendente dos filósofos indianos. Os filósofos, eles dizem, são chamados na Índia 'calani', e na Síria pelo nome territorial de 'judeus'; pois o distrito que eles habitam é conhecido como Judéia. Sua cidade tem um nome extraordinariamente singular: eles a chamam de Jerusaléme, (Hierousalémên). Agora, o homem, [Aristóteles] que estava cercado por um grande círculo de amigos e estava viajando do interior para a costa, não só falava grego, mas tinha a alma de um grego. Durante minha estada na Ásia ele visitou os mesmos lugares que eu e conversou comigo e com outros estudiosos, para testar nossos conhecimentos. Mas como alguém que é íntimo de muitas pessoas cultas, era ele que, ao contrário, compartilhava algo de seu próprio conhecimento'".
E Megástenes é o nosso quarto e último autor do século IV a.C. Megástenes é um contemporâneo de Selêuco Nicator. Visita a Índia, onde fica de 302 a 288 a.C. Escreve a obra Índica e aí refere-se aos judeus, em fragmento citado por Clemente de Alexandria, Stromata I, 15,72,5: [11]
"Megástenes, o escritor que foi um contemporâneo de Selêuco Nicator, escreveu no terceiro livro de sua Índica: 'Todas as opiniões emitidas pelos antigos sobre a natureza são encontradas também entre os filósofos fora da Grécia, alguns entre os brâmanes indianos e outros na Síria, entre aqueles chamados judeus'".
Megástenes é de opinião que os judeus são sírios e são filósofos: a mesma noção se encontra em Teofrasto e Clearco de Soli, seus contemporâneos do fim do século IV e início do século III a.C.
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3. Os Judeus Cultuam uma Cabeça de Asno
Do século III a.C. vale a pena conferir as opiniões de dois autores gregos: Maneton e Mnaseas de Patara.
Maneton (Mánethôs) é um sacerdote egípcio de Heliópolis, ligado à política dos Ptolomeus, especificamente à introdução do culto de Serápis no Egito. Os egípcios acreditam que o touro Ápis representa Osíris. A soma dos nomes Ápis e Osíris dá Osérapis, daí Serápis, para o qual se constroem os Serapeum. Mas Serápis é um deus que combina às suas características egípcias elementos tirados de deuses gregos como Zeus, Hades e Asclépios. Serápis é uma tentativa dos Ptolomeus de introdução de um deus comum a egípcios e gregos.
Maneton escreve a Aegyptiaca, em grego, na qual faz uma descrição da história passada do Egito, tornando-se, inclusive, o primeiro autor egípcio a fazer isso. Aí ele fala dos judeus. E fala muito mal...
Seus textos sobre os judeus estão preservados no Contra Apionem de Flávio Josefo [12]. Em Contra Apionem I, 73-91 Maneton fala da invasão do Egito pelos hicsos e aí dá a sua célebre etimologia de "hicsos" como "reis-pastores", aliás, equivocada. "Hicsos" significa "chefes de povos estrangeiros". Os hicsos, pensávamos até recentemente, constituíam um conjunto de povos asiáticos, liderados por hurritas, que teriam invadido a Palestina e o Egito. No Egito eles se estabeleceram na região do delta, na capital Aváris, e governaram o Egito durante cerca de 100 anos (1670-1570 a.C.), constituindo as XV e XVI dinastias. A arqueologia defende hoje que esta "invasão" parece ter sido muito mais uma ocupação cananéia gradual e pacífica do delta do que uma operação militar.
Mas a informação de Maneton que nos interessa está no § 90: ao serem expulsos do Egito vão os hicsos para a Síria e aí
"temendo o poder dos assírios, que então eram os senhores da Ásia, eles construíram na terra, agora chamada Judéia, uma cidade grande o bastante para suportar todos aqueles milhares de pessoas, e lhe deram o nome de Jerusalém".
Maneton supõe que hicsos e hebreus sejam os mesmos, ou, pelo menos, parentes. Entretanto, o retrato dos hicsos traçado por Maneton é o de um povo cruel e bárbaro que massacra os egípcios.
Outro texto de Maneton que fala dos judeus está em Contra Apionem I, 228-252. Maneton conta que um certo rei Amenófis quer ver os deuses. Comunica seu desejo a um sábio e vidente que lhe aconselha limpar a terra de todos os leprosos e pessoas impuras, se quiser ver os deuses. O rei assim o faz e confina os leprosos e impuros, em número de 80 mil pessoas, nas pedreiras, onde eles vivem todo tipo de provação. Entre eles há muitos sacerdotes instruídos que têm lepra.
Algum tempo depois o rei lhes permite ir morar em Aváris, que está deserta. Aí eles se organizam e se revoltam, sob o comando de um sacerdote de Heliópolis chamado Osarsef. Pedem auxílio aos hicsos de Jerusalém que invadem brutalmente o Egito.
E então vem o final grandioso, no § 250:
"Diz-se que o sacerdote que elaborou a sua constituição e suas leis era natural de Heliópolis, chamado Osarsef, segundo o deus Osíris, cultuado em Heliópolis; mas quando ele reuniu este povo, ele trocou seu nome e era chamado Moisés".
O tema da expulsão dos leprosos - os judeus seriam egípcios leprosos - é um dos temas recorrentes na antigüidade. Está também em Diodoro, em Lisímaco, em Apião, em Pompeu Trogo, em Tácito...
Segundo Maneton, Moisés é um egípcio, sacerdote de Heliópolis. Estrabão também diz ser Moisés um sacerdote egípcio; Apião diz que ele é de Heliópolis, mas não diz que é sacerdote; e Queremon diz que ele e José são escribas sagrados.
Este nome atribuído a Moisés, Osarsef, só aparece em Maneton, e só neste texto, em toda a literatura antiga. Talvez Osarsef seja uma forma egípcia de José, em hebraico Yôsêf, no qual as letras Io (de Iahweh) são substituídas por Osíris.
O segundo escritor grego do século III a.C. é Mnaseas, da cidade de Patara, na Lícia. Discípulo de Eratóstenes, Mnaseas é autor de uma coleção de fábulas.
O texto sobre os judeus é citado por Flávio Josefo, Contra Apionem II, 112-114. Aí ele conta que durante uma guerra entre judeus e idumeus, um cidadão idumeu consegue, através de um ardil, entrar no templo dos judeus e roubar a cabeça de ouro de asno que ali é cultuada.
Não se sabe quando acontece esta guerra. Os Macabeus lutam e dominam os idumeus, mas Mnaseas escreve antes disso. As relações entre judeus e idumeus, entretanto, são conflitivas desde o começo da época pós-exílica, no século VI a.C.
Mnaseas é o primeiro escritor que menciona um culto judaico de uma cabeça de asno. Mais tarde, no século I d.C., Apião e Damócrito também o fazem. Parece que esta história nasce no Egito helenístico. O asno é um animal ligado a Tyfon-Seth, o inimigo de Osíris. Seth é o deus dos hicsos (e, segundo Maneton, judeus e hicsos são os mesmos...). A palavra Iao (Iahweh) é, além disso, semelhante à palavra egípcia para asno, o que certamente faz surgir a lenda do culto de uma cabeça de asno [13].
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4. Os Judeus são fanáticos pelo Sábado
Do século II a.C. citarei apenas dois autores: Agatarquides de Cnido e Possidônio.
Agatarquides, natural de Cnido, na Dórida, é historiador e seguidor de Aristóteles. Vai ao Egito durante os governos de Ptolomeu VI Filometor (181-145 a.C.) e Ptolomeu VIII Físcon (144-116 a.C.). Aí conhece os judeus. Suas duas obras principais são uma História da Ásia, em 10 livros, e uma História da Europa, em 49 livros.
De uma dessas obras vem a passagem sobre os judeus, citada por Flávio Josefo em Contra Apionem I, 205-211. Os §§ 209-210 dizem o seguinte:
"O povo conhecido como judeus, que habita a mais solidamente fortificada das cidades, chamada pelos nativos Jerusalém, tem o costume de se abster de trabalhar todo sétimo dia; nestas ocasiões eles não portam armas nem fazem trabalhos agrícolas, nem participam de nenhuma outra forma de serviço público, mas rezam com mãos estendidas nos templos até o anoitecer. Conseqüentemente, porque os habitantes, ao invés de proteger a sua cidade, perseveraram na sua loucura, Ptolomeu, filho de Lagos, conseguiu entrar com seu exército; o país então foi submetido a um senhor cruel e o defeito de uma prática ordenada pela lei ficou claro".
Sabemos que Ptolomeu I Soter conquista a Palestina quatro vezes: em 320, 312, 302 e 301 a.C. Alguns estudiosos pensam que Agatarquides menciona a captura de 320 a.C., enquanto outros optam pela de 312 a.C. Na verdade, há testemunhos de grande número de prisioneiros feitos por Ptolomeu I, o primeiro rei de Alexandria.
Diz a Carta de Aristeas a Filócrates:
"Pensei então que havia chegado o momento oportuno para um assunto sobre o qual eu havia insistido muitas vezes com Sosíbio de Tarento e com André, os mais confiáveis de sua [do rei Ptolomeu II Filadelfo] escolta particular, em favor da libertação daqueles que haviam sido deportados da Judéia pelo rei seu pai [Ptolomeu I Soter] que, ao invadir toda a região da Celessíria e da Fenícia, com sua boa fortuna e sua valentia, a uns os deportava e a outros os fazia prisioneiros, submetendo e atemorizando a toda a região. Deportou para o Egito, naquela época, mais de cem mil do país dos judeus..."[14].
Observe-se também que o conhecimento de Agatarquides sobre o judaísmo é bastante bom: ele conhece bem o costume do sábado e não faz como Estrabão de Amaséia que o julga um dia de jejum. Sua crítica à lei é motivada por sua pouca praticidade no caso da defesa de Jerusalém em dia de sábado, quando qualquer forma de trabalho, inclusive a guerra, era proibida. [Um Deus infinitamente sábio jamais poderia ter ordenado tal idiotice, nem as outras tolices e absurdos dessa religião abominável chamada judaísmo...]
O outro autor do século II a.C. a tratar dos judeus é Possidônio (Poseidônios). Vive aproximadamente de 135 a 51 a.C. Possidônio, "de Apaméia, na Síria (...), que passou a maior parte de sua vida em Rodes e se tornou o chefe da escola estóica existente lá, era um historiador, cientista e filósofo", explica P. Harvey[15] .
Possidônio é igualmente eminente geógrafo, etnólogo e astrônomo. Escreve uma continuação da História de Políbio em 52 livros. Provavelmente é desta história que vem sua menção dos judeus.
Temos duas passagens: uma, de Flávio Josefo, em Contra Apionem II, 79-80; 89; 91-96 [16]. A outra passagem está na Geographica de Estrabão (XVI, 2,43). Diz o seguinte:
"Mas, segundo Possidônio, o povo [judeu] é feiticeiro e pretende usar encantamentos, tais como urina ou outros líquidos malcheirosos que eles derramam sobre a substância solidificada e espremem o asfalto e endurecem-no e o cortam em pedaços".
Possidônio está descrevendo o que ele entende ser o processo judaico de retirada do asfalto, presumivelmente do Mar Morto. O que não espanta, pois há autores antigos como os romanos Plínio, o Velho, e Tácito que dizem ser o asfalto retirado com sangue menstrual [17].
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5. Os Judeus são Leprosos Expulsos do Egito
No século I a.C. temos seis autores gregos e suas opiniões sobre os judeus: Apolônio Mólon, Alexandre Poliístor, Diodoro Sículo, Nicolau de Damasco, Estrabão de Amaséia e Lisímaco.
Apolônio Mólon (Apollônios ho Mólôn) é um renomado reitor. Nasce em Alabanda, na Cária. Mais tarde instala-se em Rodes, onde muitos romanos importantes são seus alunos, inclusive Cícero e César. O mais importante fragmento de sua obra De Iudaeis é preservado por Alexandre Poliístor que, por sua vez, é citado na Praeparatio Evangelica IX, 19, 1-3 de Eusébio [18].
Flávio Josefo [um escritor judeu], no Contra Apionem, acusa Apolônio de fanático anti-semita e de ter sido uma das fontes usadas por Apião para falar contra os judeus.
No trecho citado por Eusébio não há qualquer traço de anti-semitismo. Ele descreve o sobrevivente do dilúvio (Noé não é mencionado pelo nome), o nascimento e a descendência de Abraão ("este homem era sábio") até José e Moisés, que é considerado por ele neto de José [19].
Flávio Josefo em Contra Apionem II, 145; 148 diz o seguinte:
"Vendo, entretanto, que Apolônio Mólon, Lisímaco e outros, parte por ignorância, mas especialmente por má vontade, fizeram reflexões que não são nem justas nem verdadeiras, sobre nosso legislador Moisés e seu código, acusando-o de charlatão e impostor e afirmando que dele [do código] nós recebemos lições de vício e não de virtude, eu desejo dar, com minha melhor habilidade, uma breve narrativa de nossa constituição (...) Eu adoto esta linha mais legível porque Apolônio, diferente de Apião, não reuniu as suas acusações, mas espalhou-as aqui e ali em toda a sua obra, injuriando-nos em uma passagem como ateístas e misantropos, em outra repreendendo-nos como covardes, enquanto algures, ao contrário, ele nos acusa de temeridade e atrevida loucura. Ele acrescenta que nós somos os mais tolos de todos os bárbaros e, conseqüentemente, o único povo que não contribuiu com inventos úteis para a civilização".
É instrutivo compararmos esta visão sobre o judaísmo de um grego tão culto como Apolônio, com a dos apologistas judeus que escrevem em grego. Ali veremos que eles respondem a este tipo de acusação - "o único povo que não contribuiu com inventos úteis para a civilização" - falando da sabedoria de Moisés e de seu excepcional papel como legislador [isto é, como enganador e explorador do povo], da contribuição dos judeus para a humanidade (egípcios, fenícios e gregos) com o ensino do alfabeto, da astrologia, dos cultos etc.[20].
Alexandre Poliístor (Aléxandros ho Polyístôr), originário de Mileto, na Ásia Menor, nasce por volta de 105 a.C. É levado prisioneiro para Roma, tornando-se livre por volta de 80 a.C. e influente professor até a sua morte em aproximadamente 35 a.C.
Alexandre Poliístor coleta em suas obras, escritas em grego na metade do século I a.C., materiais de várias proveniências e autores, inclusive sobre os judeus e de autores judeus. No seu livro De Roma (Perì Rômês), conservado por Suda [21], encontramos a seguinte curiosidade:
"E nos seus cinco livros sobre Roma, nos quais ele diz que ali viveu uma mulher hebréia Mosó (hós gynê gégonen Hebraía Môsô), que compôs a Lei dos hebreus".
Curioso é que, apesar de conhecer muito bem a tradição judaica sobre Moisés - como veremos no próximo capítulo -, Alexandre Poliístor não hesita em citar esta versão que contradiz a judaica. Mosó é Moisés e é mulher.
Talvez esta história tenha surgido por causa da Sibila. As Sibilas são profetisas inspiradas por Apolo ou outra divindade. Provenientes da cultura grega, consta que as Sibilas se difundem por várias regiões do mundo romano.
Os Livros Sibilinos são coletâneas de oráculos em grego, trazidos, segundo a lenda, da Grécia para Roma e guardados nos subterrâneos do templo de Júpiter Capitolino. São consultados, por ordem do Senado romano, por ocasião de grandes calamidades, para se descobrir como contornar a ira dos deuses. Existem coletâneas de oráculos sibilinos de origem judaico-helênica ou judaico-cristã [22]. Por ser Moisés, segundo a tradição, o autor da Lei, e, além disso, profeta, terá surgido a analogia com a Sibila, transformando-o afinal em mulher.
O terceiro autor do século I a.C. que examinaremos é Diodoro Sículo. Diodoro é um siciliano contemporâneo de César e de Augusto. Escreve em grego a Bibliotheca Historica em 40 livros, que abrangem a história do mundo desde os tempos mitológicos até a conquista da Gália por César. De sua obra ainda existem 15 livros.
Diodoro é o menos original dos antigos historiadores: sua obra é apenas uma compilação de obras de autores anteriores. E, para nós, aí está o seu valor: ele nos transmite muitas obras que hoje estão perdidas [23].
M. Stern explica que "sua principal narrativa sobre os judeus, sua história e sua religião está incluída na sua narrativa da primeira captura de Jerusalém pelos romanos em 63 a.C."[24] .
Diodoro fala da circuncisão dos judeus e a explica como sendo trazida do Egito, já que os judeus emigraram de lá. Diz também que
"entre os judeus, Moisés atribuiu suas leis ao deus que é invocado como Iao" [25].
É a primeira vez que Iáô aparece na literatura grega para designar Iahweh. O nome não aparece na LXX, mas está nos papiros de Elefantina [26]. Diodoro explica ainda, no mesmo parágrafo, que atribuir as leis à divindade, como o faz Moisés, é um modo de fazer o povo obedecê-las... Diodoro traz também a mais completa descrição do Mar Morto, e a extração do asfalto, que se conhece na literatura grega e latina.
Mas a descrição que mais nos interessa está em Bibliotheca Historica XXXIV-XXXV, 1,1-5. Aí se diz que quando Antíoco VII Sidetes (139-128 a.C.) sitia Jerusalém, seus amigos aconselham-no a destruir completamente os judeus porque eles não prestam, sendo inimigos de todos os homens e não se misturando com as outras nações.
"Eles disseram também que os ancestrais dos judeus tinham sido expulsos do Egito como homens ímpios e detestados pelos deuses. Pois, para purificar o país, todas as pessoas que tinham manchas brancas ou leprosas nos seus corpos foram reunidas e conduzidas além da fronteira, como sob maldição; os refugiados ocuparam o território nas cercanias de Jerusalém e, tendo organizado a nação dos judeus, fizeram do seu ódio à humanidade uma tradição e para isto introduziram leis completamente exóticas: não partir o pão com nenhuma outra raça, nem mostrar-lhes nenhuma boa vontade".
Os amigos do rei lembram-lhe também de que, quando Antíoco IV Epífanes vence os judeus e entra no Santo dos Santos do Templo de Jerusalém, ele
"encontrou ali uma estátua de mármore de um homem extremamente barbado montado num asno, com um livro nas mãos, e ele supôs ser uma imagem de Moisés, o fundador de Jerusalém e organizador da nação, o homem, enfim, que determinou aos judeus os seus misantrópicos e ilegais costumes".
E então Antíoco IV Epífanes, chocado com tal ódio dos judeus à humanidade, proíbe suas práticas tradicionais. O texto termina dizendo que os amigos de Antíoco Sidetes nada conseguem contra o judeus, porque ele apenas cobra o tributo devido, destrói as muralhas de Jerusalém e leva reféns, pois o rei é uma pessoa magnânima e misericordiosa.
As observações que devem ser feitas sobre este texto são as seguintes:
- Este cerco de Jerusalém, pelo rei selêucida Antíoco VII Sidetes, acontece no começo do governo de João Hircano I, em 133 a.C. Antíoco VII impõe um tributo a João Hircano e o obriga a combater ao seu lado contra os partos.
- A proibição das práticas judaicas, decretada por Antíoco IV Epífanes, acontece em 167 a.C.
- Aparece aqui mais uma vez, o tema do segregacionismo judaico, como já vimos em Apolônio Mólon.
- Aqui não aparece a lenda da cabeça de asno que seria cultuada no Templo de Jerusalém - como em Mnaseas de Patara (ap. 200 a.C.), Apião (séc. I d.C.) e Damócrito (séc. I d.C.) -, mas apenas a da estátua de Moisés cavalgando um asno com um livro nas mãos...
- Reaparece em Diodoro Sículo o tema dos judeus que são expulsos do Egito por serem leprosos, como em Maneton (séc. III a.C.), Lisímaco (séc. I a.C.) e Apião (séc. I d.C.).
Nicolau de Damasco (Nikólaos ho Damaskenós) é o quarto autor do século I a.C. a ser abordado. Nicolau nasce em Damasco por volta de 64 a.C. de uma importante família. Historiador, professor e escritor. Conselheiro de Herodes Magno a partir de 14 a.C. "Ele supervisionou a educação do rei e foi um de seus principais conselheiros, representando-o em várias ocasiões" [27].
Antes disso, Nicolau fora professor dos filhos de Antônio e Cleópatra. Após a morte de Herodes, passa a representar os interesses de seu filho Arquelau. Parece que Nicolau termina seus dias em Roma, no começo do século I d.C.
Sua grande obra é a Historiae, em 144 livros. Os fragmentos que falam dos judeus nos são transmitidos através das Antiquitates Iudaicae de Flávio Josefo.
Ele escreve sobre o governo de Antíoco IV Epífanes, sobre a guerra de Antíoco VII Sidetes contra os partos, sobre as guerras de Ptolomeu Latiro, sobre as campanhas de Pompeu e Gabínio contra os judeus etc.
"Como se poderia naturalmente esperar de um historiador que foi amigo pessoal e servidor de um rei judeu e que defendeu os direitos judaicos diante de Agripa, Nicolau mostrou mais respeito para com o passado e as tradições judaicas do que a maioria dos escritores greco-romanos", explica M. Stern [28].
Flávio Josefo, em Antiquitates Iudaicae I, 159-160 diz:
"Nicolau de Damasco, no seu quarto livro das Historiae, faz a seguinte colocação: 'Abrames reinou em Damasco, um estrangeiro que tinha vindo com um exército do país além da Babilônia, chamado a terra dos caldeus. Mas, não muito depois, ele deixou este país também, com o seu povo, para a terra chamada Canaã, mas agora Judéia, onde ele se estabeleceu, ele e seus numerosos descendentes'..." [29].
Estrabão de Amaséia nasce por volta de 64 a.C. e morre em 19 d.C. Natural de Amaséia, no Ponto, "um estóico e viajante, escreve em grego a 'Geographica' (Geographiké) em dezessete livros ( que sobreviveram com uma lacuna em um dos livros) descrevendo a geografia física dos principais territórios do mundo romano, e dando em grandes linhas as características principais de seu desenvolvimento histórico e econômico, além de mencionar os aspectos notáveis nos costumes de seus habitantes ou em sua vida animal e vegetal" [30].
Estrabão escreve também uma história (Historica Hypomnemata) em 43 livros, cobrindo o período no qual pára Políbio, a destruição de Corinto e Cartago em 146 a.C., até a captura de Alexandria por Otaviano (30 a.C.). Esta obra se perdeu, mas Flávio Josefo usa-a bastante nas Antiquitates Iudaicae. Aí ele fala dos judeus. Assim como fala na sua Geographica.
Na Geographica XVI, 2, 35 diz Estrabão:
"Moisés era um dos sacerdotes egípcios e governava uma parte do Baixo Egito, como era chamado, mas ele saiu dali para a Judéia, pois ele estava desgostoso com o estado das coisas por lá e foi acompanhado por muitas pessoas que cultuavam a Divindade. Pois ele dizia, e ensinava, que os egípcios estavam errados em representar a Divindade (tò Theion) em imagens de animais selvagens e domésticos, como faziam os líbios; e que os gregos também estavam errados por moldarem deuses em forma humana; pois, segundo ele, Deus é aquele que abarca todos nós e engloba terra e mar - aquilo que nós chamamos céu, ou universo, ou a natureza de tudo o que existe. Que homem, então, se ele tem inteligência, poderia ser temerário o suficiente para fabricar uma imagem de Deus imitando qualquer criatura entre nós?"
Estrabão continua dizendo que Moisés leva o povo para o local onde hoje está Jerusalém e ali estabelece as leis que o governam.
Fala igualmente da circuncisão e da excisão (das mulheres) como costumes supersticiosos introduzidos mais tarde por sacerdotes tirânicos. Além disso, ele pensa que o sábado é um dia de jejum, mas esse ponto não é verdade.
Até quando nossos governantes permitirão que crianças inocentes sejam prejudicadas e envenenadas pelas repugnantes lavagens cerebrais feitas pelas religiões?...
Estrabão, assim como Hecateu, vê o céu como o Deus dos judeus. Mas Estrabão amplia o quadro para o universo e a natureza. Enfatiza o monoteísmo dos judeus e conhece sua oposição ao antropomorfismo. Não há excisão entre os judeus, embora outros povos a pratiquem [31].
Lisímaco (Lysímachon) é o último autor do século I a.C. a ser analisado. Um dos mais ferrenhos anti-semitas entre os escritores greco-egípcios, ele vive no II ou I séculos a.C., um pouco antes de Apião, o maior anti-semita conhecido desta época [32].
Na sua obra Aegyptiaca, que tem fragmentos preservados por Flávio Josefo no Contra Apionem, Lisímaco trata dos judeus. Vejamos um trecho. Em Contra Apionem I, 304-311 se diz que
"No reinado de Bocoris, rei do Egito, o povo judeu, que estava afligido com lepra, escorbuto e outras doenças, refugiou-se nos templos e vivia uma existência mendicante. As vítimas de doença sendo muito numerosas, uma escassez tomou conta do Egito"
Então o rei consulta o oráculo de Amon, continua o texto, e fica sabendo que deve mandar embora este povo para o deserto e matar os leprosos e com escorbuto, para que o Egito se recupere. As pessoas leprosas e com escorbuto são mortas no mar e as outras impuras levadas para o deserto.
Um homem entre eles, Moisés, atravessa com o povo o deserto, chega a uma terra habitada, onde eles maltratam a população, destroem os templos,
"até que eles chegaram no país chamado Judéia, onde eles construíram uma cidade na qual eles se estabeleceram. Esta cidade era chamada Jerósila (Hierósyla) por causa de suas tendências sacrílegas. Mais tarde, quando eles adquiriram poder, eles mudaram o nome, para ocultar a desgraça da imputação, e chamaram a cidade de Jerosólima (Hierosólyma) e a si mesmos de Jerosolimitas (Hierosolymítas).
Este o texto. Agora, sabemos que o faraó Bocoris (Bokchóreôs) é da 24ª dinastia e que governa no século VIII a.C. A tradição egípcia situa a Profecia do Cordeiro, que trata do governo de estrangeiros no Egito, durante o seu reinado. Daí talvez decorra a sua ligação com os judeus e o tema de sua expulsão.
Os judeus são descritos como doentes, impuros e terrivelmente maus: matam populações, destroem templos etc. Esta "destruição de templos" pode estar indiretamente se referindo à política dos Asmoneus na Palestina, quando judaízam à força várias cidades helenizadas.
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6. Os Judeus Fazem Sacrifícios Humanos
Do século I d.C. abordarei quatro autores: Apião, Queremon, Damócrito e Nicarco.
Apião (Apíôn), que pode ser situado na primeira metade do século I d.C., "era um escritor e professor grego de origem egípcia, que exerceu um importante papel na vida cultural e política de seu tempo. Ele ficou famoso como um mestre em Homero e como autor de uma obra sobre a história do Egito" [33].
Apião não nasce em Alexandria, mas torna-se cidadão alexandrino. Representa os gregos contra os judeus de Alexandria diante de Calígula, enquanto Fílon de Alexandria representa os judeus, no ano 40 d.C., na questão dos direitos cívicos dos judeus alexandrinos.
Apião é o mais ferrenho dos anti-semitas do mundo helenístico e, como é um escritor muito popular, tem grande influência na formação da opinião pública culta de sua época.
Ele fala dos judeus nos livros 3 e 4 de sua Aegyptiaca. Flávio Josefo o escolhe como alvo entre todos os anti-semitas e escreve o Contra Apionem por volta de 95 d.C., através do qual conhecemos as acusações que Apião faz aos judeus.
Diz Flávio Josefo que o tratamento de Apião a respeito dos judeus pode ser dividido em três seções:
a) o êxodo
b) o ataque aos direitos dos judeus alexandrinos
c) o ataque ao Templo e aos costumes religiosos judaicos [34].
Em Contra Apionem II, 10-11 temos:
"No terceiro livro de sua História do Egito ele [Apião] faz a seguinte colocação: 'Moisés, como eu ouvi de pessoas idosas no Egito, era um nativo de Heliópolis que abandonando os costumes de seu país, erigiu casas de oração (proseuchàs anêgen) ao ar livre, em vários distritos da cidade, todas voltadas para o leste; tal sendo também a orientação de Heliópolis. No lugar de obeliscos ele erigiu colunas, debaixo das quais havia um modelo de barco; e a sombra formada na sua base pela estátua desenhava um círculo correspondente ao curso do sol nos céus'".
Esta ligação dos judeus com a cidade de Heliópolis, que acontece após a geração de Maneton, parece influenciada pela construção do templo na região por Onias IV, por volta de 150 a.C.
Onias IV, filho do sumo sacerdote Onias III, que fora morto por ordem de Menelau, um usurpador do partido helenizante, funda um templo semelhante ao de Jerusalém em Leontópolis. Pois com a ascensão dos Macabeus, os Oníadas, família que fornecia os sumos sacerdotes do Templo de Jerusalém, fica excluída. As casas de oração mencionadas por Apião são as sinagogas, em grego, proseuchê.
Sobre o êxodo, lemos em Contra Apionem II, 15:
"Sobre a questão da data em que ele [Apião] coloca o êxodo dos leprosos, cegos e coxos sob a liderança de Moisés...".
Em Contra Apionem II, 20-21, lemos sobre o sábado:
"Ele [Apião] dá uma espantosa explicação para a etimologia da palavra 'sábado'. 'Após seis dias de marcha', ele diz, 'eles formaram tumores na virilha, e foi por isto, que depois de alcançarem em segurança o país agora chamado de Judéia, eles descansaram no sétimo dia e chamaram a este dia sábaton, preservando a etimologia egípcia, pois doença na virilha, no Egito, é chamada de sabátosis'".
Sobre o culto do Templo, lemos em Contra Apionem II, 80:
"Apião tem a coragem de afirmar que, dentro deste santuário, os judeus conservam uma cabeça de asno, cultuando este animal e julgando-o merecedor da mais profunda reverência; o fato foi desvendado, ele sustenta, por ocasião do saque do templo por Antíoco Epífanes, quando a cabeça, feita de ouro e valendo um alto preço, foi descoberta".
Em Contra Apionem II, 91-96 ele [Apião] diz que Antíoco encontra no Templo um homem, servido de todas as iguarias, e destinado ao sacrifício. A prática é repetida a cada ano, quando, diz o § 95,
"Eles raptavam um grego, engordavam-no durante um ano e então conduziam-no para uma floresta, onde eles o matavam, sacrificavam seu corpo de acordo com seus rituais costumeiros, partilhavam sua carne e, enquanto imolavam o grego, faziam um juramento de hostilidade contra todos os gregos. Os restos de sua vítima eram lançados num buraco".
Segundo M. Stern, Queremon (Chairêmona), escritor greco-egípcio, "pode ser considerado um intelectual na tradição de Maneton - alguém que tinha grande apreço pelo passado e imemoriais tradições de seu país, descrevendo-as em grego. Ele estava também profundamente imbuído da cultura grega, e ele se tornou um de seus mais notáveis representantes no século I d.C." [35].
Os fragmentos sobre os judeus que temos de sua Aegyptiaca Historia estão em Contra Apionem I, 288-292. Aí ele narra como Ísis aparece em sonhos ao faraó Amenófis e repreende-o por destruir seu templo em uma guerra. Um escriba aconselha-o então a purificar o Egito das pessoas contaminadas, para ficar em paz. Por isso ele as bane do país, milhares de pessoas. E o texto diz no § 290:
"Seus líderes eram escribas, Moisés e um outro escriba sagrado - José. Seus nomes egípcios eram Tisiteu (para Moisés) e Petesef (José)".
Em Pelusium eles encontram milhares de pessoas que Amenófis proibira de entrar no Egito. Feita uma aliança entre os dois grupos, eles invadem o Egito, enquanto Amenófis foge para a Etiópia, deixando para trás sua mulher grávida. Seu filho, ao nascer e crescer, Ramsés, expulsa os judeus para a Síria e reconduz seu pai ao Egito.
Damócrito (Damókritos) é um historiador que escreve um livro sobre tática. Conhecemo-lo através de Suda, que afirma ter ele escrito um livro sobre os judeus. Não conhecemos com certeza sua data, mas deve ser do século I d.C. Quanto ao local, nenhuma pista.
O texto de Suda diz:
"Damócrito, um historiador. Ele escreveu um livro sobre tática em dois volumes, e um livro Sobre os judeus. Neste último ele assegura que eles costumavam cultuar uma cabeça de asno dourada e que a cada sete anos eles capturavam um estrangeiro e sacrificavam-no. Eles costumavam matá-lo, repartindo sua carne em pequenos pedaços".
Nicarco (Níkarchos) é o nosso último autor. Ele parece ser um greco-egípcio, porque suas afirmações sobre Moisés, preservadas no léxico de Fótios [36], estão na linha dos escritores egípcios helenizados. Nada sabemos sobre ele.
"Alfa: uma cabeça de vaca era assim chamada pelos fenícios, e também Moisés o legislador dos judeus era assim chamado, porque ele tinha muitas manchas brancas de lepra (alfoús) no seu corpo. Esta maluquice é contada por Nicarco, o filho de Amônio, no seu livro sobre os judeus". {Até onde essas 'maluquices' ditas pelos autores gregos antigos sobre os judeus eram verdade? Segredos e mistérios da história...}
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Cristianismo e Islamismo são apenas derivações mutantes do absurdo original chamado Judaísmo...
BIBLIOGRAFIA
BRÉHIER, E., História da filosofia I/1, traduzido do francês por Eduardo Sucupira Filho, São Paulo, Mestre Jou, 1977.
COMBY, J. & LEMONON, J.-P., Roma em face de Jerusalém. Visão de autores gregos e latinos, traduzido do francês por Benôni Lemos, São Paulo, Paulus, 1987.
DE SOUZA BRANDÃO, J., Dicionário mítico-etimológico da mitologia grega I, Petrópolis, Vozes, 1991.
DIEZ MACHO, A., Apócrifos del Antiguo Testamento, vol. II, Madrid, Cristiandad, 1983.
HARVEY, P., Dicionário Oxford de literatura clássica grega e latina, traduzido do inglês por Mário da Gama Kury, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1987.
HOLLADAY, C. R., Fragments from Hellenistic Jewish Authors, vol. I: Historians, Chico, California, Scholars Press, 1983.
JOSEFO, F., Antiquitates Iudaicae, traduzido do grego por Vicente Pedroso, São Paulo, Editora das Américas, 1956. As obras completas de Josefo, com o título de História dos Hebreus, foram reeditadas, na mesma tradução de Vicente Pedroso, pela Casa Publicadora das Assembléias de Deus, do Rio de Janeiro, em 1992 [9. ed.: 2005].
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KIPPENBERG, H. G., Religião e formação de classes na antiga Judéia, traduzido do alemão por João Aníbal G. S. Ferreira, São Paulo, Paulus, 1988.
LÉVÊQUE, P., O mundo helenístico, traduzido do francês por Teresa Meneses, Lisboa, Edições 70, 1987.
STERN, M., Greek and Latin Authors on Jews and Judaism I-III, Jerusalem, The Israel Academy of Sciences and Humanities, 1976-1984.
TANNAHILL, R., O sexo na história, traduzido do inglês por Luísa Ibañez, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1983.
NOTAS:
[1] Utilizo o texto de STERN, M., Greek and Latin Authors on Jews and Judaism I, Jerusalém, The Israel Academy of Sciences and Humanities, 1976, 576 pp. Os textos estão em grego, com tradução em inglês.
[2] Como se pode observar, para a quase totalidade dos autores só temos datas aproximadas, infelizmente.
[3] Cf. LÉVÊQUE, P., O mundo helenístico, Lisboa, Edições 70, 1987, p. 109.
[4] Cf. HARVEY, P., Dicionário Oxford de literatura clássica grega e latina, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1987, verbete Teôfrastos.
[5] Porfírio, um dos principais expoentes do neoplatonismo, discípulo de Plotino, vive aproximadamente de 233 a 301 d.C.
[6] Cf. BRÉHIER, E., História da filosofia I/1, São Paulo, Mestre Jou, 1977.
[7] HARVEY, P., o. c., verbete Dânaos. Cf. também DE SOUZA BRANDÃO, J., Dicionário mítico-etimológico da mitologia grega I, Petrópolis, Vozes, 1991, verbete Dânao.
[8] HARVEY, P., o. c., verbete Cadmos. Cf. também DE SOUZA BRANDÃO, J., Dicionário mítico-etimológico da mitologia grega I, verbete Cadmo.
[9] Cf. KIPPENBERG, H. G., Religião e formação de classes na antiga Judéia, São Paulo, Paulus, 1988, p. 82.
[10] STERN, M., Greek and Latin Authors on Jews and Judaism I, p. 31.
[11] Clemente de Alexandria vive de aproximadamente 160 a 215 d.C., tornando-se um dos mais notáveis padres gregos da Igreja. Deve ter nascido em Atenas, mas vive e ensina em Alexandria. Stromata, "Miscelâneas", é uma de suas obras.
[12] Flávio Josefo, importante historiador judeu, nasce em Jerusalém, em 37 ou 38 d.C. O anti-semitismo está em pleno florescimento no século I d.C. e se manifesta sobretudo entre escritores egípcios helenizados de Alexandria. É contra este anti-semitismo que Josefo escreve o Contra Apião em 95 d.C., contestando como falsas várias idéias bastante difundidas em Roma por esse popular autor. Cf. JOSEFO, F., Contra Apionem, traduzido do grego por Vicente Pedroso, São Paulo, Editora das Américas, 1956. As obras completas de Josefo, com o título de História dos Hebreus, foram reeditadas, na mesma tradução de Vicente Pedroso, pela Casa Publicadora das Assembléias de Deus, do Rio de Janeiro, em 1992.
[13] Osíris é o mais importante deus egípcio, representando a vida e a fertilidade de toda a natureza. Seth é seu irmão e é mau: mata Osíris, mas Ísis, a esposa deste, e seu filho Horus vingam-se de Seth. Os gregos identificam Osíris com Dionísio e Seth com o monstro Tyfon, que tem cem cabeças de serpentes. Enquanto o touro simboliza Osíris, Seth é representado como um asno.
[14] CARTA DE ARISTEAS A FILÓCRATES, 12, em DIAZ MACHO, A., Apócrifos del Antiguo Testamento II, Madrid, Cristiandad, 1983, p. 21.
[15] HARVEY, P., Dicionário Oxford de literatura clássica grega e latina, verbete Poseidônios.
[16] Cf., para a discussão sobre o assunto, STERN, M., Greek and Latin Authors on Jews and Judaism I, pp. 141-144.
[17] Cf. STERN, M., o. c., p. 483; vol. II, pp. 17-63.
[18] Depois de Hecateu de Abdera (séc. IV a.C.) parece ser Apolônio o primeiro grego a escrever uma obra exclusivamente dedicada aos judeus. Isto se Hecateu escreve mesmo uma obra sobre os judeus, pois o texto "Sobre os judeus" pode ser de um Pseudo-Hecateu. Eusébio vive entre 263 e 339 d.C. e é bispo de Cesaréia, na Palestina. Escreve uma importante "História Eclesiástica", em 10 livros. Alexandre Poliístor, originário de Mileto, na Ásia Menor, nasce por volta de 105 a.C. Morre em Roma em aproximadamente 35 a.C.
[19] Segundo Ex 6,16-20, Moisés é descendente, de quarta geração, de Levi, irmão de José. A ordem é a seguinte: Levi - Caat - Amram - Moisés.
[20] Só uma amostragem: Eupólemo (séc. II a.C.) diz que Moisés é o primeiro sábio e que ele dá o alfabeto para os judeus que o passam para os fenícios e estes para os gregos; o Samaritano anônimo (séc. II a.C.) diz que Abraão descobre a astrologia e que supera todos os homens em nobreza de nascimento e sabedoria; Artápano (séc. II a. C.) diz que Moisés inventa navios, armas, máquinas, filosofia... Cf. HOLLADAY, C. R., Fragments from Hellenistic Jewish Authors, vol. I: Historians, Chico, California, Scholars Press, 1983.
[21] Suda ou Suída é "o nome de um grande léxico ou enciclopédia grega, compilada aproximadamente no final do século X e contendo muitos verbetes valiosos sobre a literatura e a história gregas", explica HARVEY, P., o. c., verbete Suídas.
[22] Cf. HARVEY, P., o. c., verbetes Sibilas e Livros Sibilinos.
[23] Cf. Idem, ibidem, verbete Diôdoros Sículo.
[24] STERN, M., Greek and Latin Authors on Jews and Judaism I, p. 167.
[25] DIODORO SÍCULO, Bibliotheca Historica I, 94,2.
[26] Elefantina é uma ilha do Nilo, importante centro comercial e militar no sul do Egito. Desde o século V a.C. existe em Elefantina uma colônia militar judaica, com uma sinagoga e um templo. Os papiros de Elefantina, escritos em aramaico (e uns poucos em grego), descobertos a partir do fim do século passado, são importantes para a reconstrução da vida judaica na diáspora da época persa.
[27] STERN, M., Greek and Latin Authors on Jews and Judaism I, p. 227.
[28] Idem, ibidem, p. 231.
[29] JOSEFO, F., Antiquitates Iudaicae, traduzido do grego por Vicente Pedroso, São Paulo, Editora das Américas, 1956. Antigüidades Judaicas, publicada em grego, é a segunda obra de Josefo e fica pronta em 93 d.C. Para nós, Antigüidades Judaicas é importante, especialmente quando trata da história dos Macabeus e do governo de Herodes Magno.
[30] HARVEY, P., Dicionário Oxford de literatura clássica grega e latina, verbete Strábon.
[31] Cf. TANNAHILL, R., O sexo na história, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1983, p. 72. Sobre Estrabão, cf. também COMBY, J./LEMONON, J.-P., Roma em face de Jerusalém. Visão de autores gregos e latinos, São Paulo, Paulus, 1987, pp. 10-16.
[32] Cf. STERN, M., Greek and Latin Authors on Jews and Judaism I, p. 382.
[33] Idem, ibidem, p. 389.
[34] Cf. JOSEFO, F., Contra Apionem II, 6-7.
[35] STERN, M., Greek and Latin Authors on Jews and Judaism I, p. 417.
[36] Fótios é patriarca em Constantinopla de 857 a 886.
(*) http://pt.wikipedia.org/wiki/Excis%C3%A3o_feminina
(FONTE: http://www.airtonjo.com/judeus.htm#Quem%20s%C3%A3o%20os%20Judeus?)
[* Alguns títulos, bem como alguns breves comentários entre colchetes [ ] são de nossa inteira responsabilidade, bem como os grifos e as ilustrações]
Postado por Rodrigo Antônio
Fonte : http://luzecalor.blogspot.com.br/2012/09/quem-sao-os-judeus.html
Abraços
Creio, meu amigo, que para uma grande parte do povinho doutrinado, tudo isso do post só vai provar que... O NAZISMO É MAIS ANTIGO DO QUE SE PENSAVA!!!
ResponderExcluirE viva Javé!!
Abraço
Alain Soral apresenta o antissemita do mês - Jesus Cristo
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=Zm7KdGrJyPA
Abraços
Conheci o blog hoje, parabéns!
ResponderExcluirAgradecido e boa tarde, caro Anônimo.
ExcluirOlá, Cobalto, tenho lido muitos artigos e num dado momento comecei a me sentir confusa com a enxurrada de informações. Por isso, gostaria de pedir a sua ajuda e a dos outros leitores mais esclarecidos que eu para dar uma iluminada na minha mente compartilhando algum pensamento ou mais algum artigo que me ajude a assimilar tudo.
ResponderExcluirBem, alguns dos historiadores acima dizem que os judeus são, na verdade, egípcios expulsos.
No livro “Segredos do Êxodo“, os autores Roger Sabbath e Messod Sabbath (ambos judeus franceses), afirmam que Abraão foi Akhenaton e Ramsés II foi Moisés. O que você acha disso? Não tenho informações suficientes sobre o assunto.
http://forum.antinovaordemmundial.com/Topico-karen-hudes-%E2%80%9Co-ouro-ser%C3%A1-colocado-como-lastro-e-a-cabala-sionista-est%C3%A1-falida%E2%80%9D
O que sei é que Ramsés II era ruivo e a Bíblia afirma que Davi também era.
O que não é garantia de serem brancos:
https://hebreuisraelita.wordpress.com/tag/rei-davi-era-negro/
Não é de hoje que as pessoas relacionam a narrativa do Gênesis com várias mitologias pagãs, realmente existem muitas semelhanças. Moisés, independente de ter sido ou não quem a Bíblia diz que era, foi criado no Egito e não me surpreenderia se ele tivesse somente adaptado o que ele conhecia.
Como cristã, tenho minhas dúvidas de como "filtrar" o antigo testamento.
Abraços e obrigada pela paciência =)
ExcluirNo tópico do fórum.antinovaordemmundial errou ou esqueceu de dizer que a primeira religião monoteísta na verdade foi na Pérsia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Zoroastrismo). E me parece que existe ou acontece uma intenção desta sra Hudes, não sei se consciente, de desviar o foco, de tirar o ônus, a culpa, os crimes de uns e imputá-los a outros. Muito conveniente.
O livro conheço, mas não li, então não posso falar sobre seu conteúdo.
Se prestarmos atenção aos desenhos do antigo Egito, veremos várias etnias distintas, cor de pele diferentes, traços faciais que denotam raças diferentes
http://roberto-cavalcanti.blogspot.com.br/2010/06/farao-tutancamon-tem-dna-996-europeu.html
Veja que imagem interessante: http://i1.ytimg.com/vi/_ABPSWLjL2I/0.jpg Não parece uma tecnologia elétrica? Pesquise Erich von Daniken.
http://noitesinistra.blogspot.com.br/2013/10/as-35-pequenas-piramides-do-sudao.html#.VItMrtLF9Io
https://www.google.com.br/search?q=pir%C3%A2mides+do+Sud%C3%A3o&es_sm=93&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=UkaLVKyrIIvIsQTE04GoCA&ved=0CAgQ_AUoAQ&biw=1024&bih=677
http://oconhecimentoexato.wordpress.com/2013/05/24/davi-foi-filho-bastardo/
http://www.dominiosfantasticos.com.br/
Fica o aviso de que embora pareça que isso tudo seja possível, precisamos descartar a loucura e entender a parte sã. Ou seja, “examinar tudo e reter o que for bom” (1ª Tessalonicenses 5:21).
Abraço
Antissemitismo, anticristianismo e anti islamismo nu e cru!!!!
ResponderExcluir"Os Judeus são Leprosos Expulsos do Egito: Eles disseram também que os ancestrais dos judeus tinham sido expulsos do Egito como homens ímpios e detestados pelos deuses. Pois, para purificar o país, todas as pessoas que tinham manchas brancas ou leprosas nos seus corpos foram reunidas e conduzidas além da fronteira, como sob maldição; os refugiados ocuparam o território nas cercanias de Jerusalém e, tendo organizado a nação dos judeus, fizeram do seu ódio à humanidade uma tradição e para isto introduziram leis completamente exóticas: não partir o pão com nenhuma outra raça, nem mostrar-lhes nenhuma boa vontade."
ResponderExcluirhttp://www.airtonjo.com/judeus05.htm
Gregos, romanos e judeus dão uma boa história. Quando iniciei minha pesquisa diletante acerca da origem do cristianismo, eu já tinha uma ideia formada que pode parecer esdrúxula: nada de Bíblia, teologia e história das religiões. Todos os que haviam explorado esse caminho haviam chegado à conclusão alguma. Contidos num cercadinho intelectual, no máximo, sabiam que o que se pensava saber não era verdade. É isso o que a nossa cultura espera de nós, pois não gosta de indiscrições. Como o mundo não havia parado para que o Novo Testamento fosse escrito, o que esse mesmo mundo poderia me contar a respeito dessa curiosidade histórica? Afinal, o que acontecia nos quatro primeiros séculos no mundo greco-romano, entre gregos, romanos e judeus? Ao comentar o livro “Jesus existiu ou não?”, de Bart D. Ehrman, exponho algumas das conclusões as quais cheguei e as quais o meio acadêmico de forma protecionista insiste ignorar.
ResponderExcluirhttp://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/paguei-pra-ver
Podem dizer o que quiserem eu creio que Jesus existiu!
ResponderExcluirSobre a excisão feminina no judaísmo, relatada por Estrabão, os textos talmúdicos confirmam bem esta prática. Não é mais praticada hoje com o objectivo de dar um ar "civilizado" do judaísmo no mundo ocidental:
ResponderExcluirhttp://www.youscribe.com/catalogue/ressources-pedagogiques/savoirs/religions/lois-de-la-circoncision-des-femmes-2502235
Boas
Bom link esse. Obrigado. E veja:
Excluir"Aumenta número de mulheres seguidoras de seita radical em Israel. Segundo a seita religiosa, que considera que a burca afegã não é decente o suficiente, mulheres devem andar completamente cobertas":
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/bbc/aumenta-numero-de-mulheres-seguidoras-de-seita-radical-em-israel/n1597389801026.html
Abraço