PROTESTOS FAZEM MAÇONARIA SAIR DO SEGREDO PARA A RUA.
Em ato quinta no Centro, maçons distribuíram folhetos sobre a organização e seguraram faixa. Já até ofereceram sediar reuniões.
Por Christina Nascimento - 02.07.2013
Rio
- As bandeiras que puxam os protestos nas ruas ainda não estão
definidas. Mas o espaço, que pelo menos no discurso é aberto a
todas as tribos, atraiu uma que, até então, sempre se posicionou na
sombra da discrição: a maçonaria. No último protesto no Rio,
quinta-feira, no Centro, eles estavam lá, de terno e gravata,
distribuindo folhetos sobre a organização e segurando uma faixa.
Na
véspera, foram ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS)
da UFRJ oferecer aos universitários estrutura física e ajuda para
detalhar as pautas de reivindicações.
“Se
o movimento está na rua, não adianta ficarmos dentro do templo. Na
realidade atual, ser discreto passa a ser insignificante. Esse tripé
dos protestos — combate à corrupção, melhoria da Educação e da
Saúde — já é defendido por nós há muitos anos”, alegou Claus
Fins, da Academia Maçônica de Estudo (AME).
Manifestação
na quinta-feira, no Centro, reuniu milhares de pessoas de vários
grupos e interesses diversos
Foto: Carlo
Wrede / Agência O Dia
Nessa
linha de uma maçonaria mais ‘popular’, um dos símbolos da
instituição, o histórico Palácio do Lavradio, foi colocado à
disposição das lideranças estudantis para debates sobre propostas
a serem cobradas nos protestos e discutidas com o governo.
“Não
temos condições de colocar três mil pessoas lá dentro, mas
podemos trazer os que são os elos do movimento. Temos irmãos (como
os maçons se chamam entre si) médicos, ex-secretários, juristas.
Eles podem dar auxílio para que a discussão dos temas seja mais
embasada”, propôs Ary Martins, que é venerável mestre da AME.
A
maçonaria não é a primeira organização a oferecer uma ‘mãozinha’
aos estudantes. Alguns movimentos sociais já tentaram, em vão. Pelo
sim, pelo não, a instituição mantém calibrado o discurso de ser
apartidária — mas não impede que seus membros sejam filiados a
legendas.
“Estamos
dando abrigo às causas levantadas pelo grupo. Queremos nem que seja
dar uma força moral”, afirmou Martins.
Maçons
no protesto de quinta: faixa pedia saúde, cultura e educação, e
lembrava importância histórica
Foto: Reprodução
Na
França, apoio a direito gay de casar
A
presença da maçonaria em manifestações não é uma novidade. Na
França, eles são apontados com um dos grupos fortes que apoiou a
aprovação da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo em meio a
uma onda de protestos de ultradireitistas.
A
atuação social vem de longa data. Na lista das participações em
tomadas de grandes decisões, os maçons citam a Abolição da
Escravatura, a Independência do Brasil e a Proclamação da
República.
No
atual fenômeno que enche as ruas, não só o grupo do Rio tem
participado. Em Rondônia, chegaram a fazer uma concentração antes
de seguirem para ato público.
D.
Pedro I teria sido maçom
A
Maçonaria é uma instituição filosófica, filantrópica, educativa
e progressista. Estima-se que tenha cerca de 6 milhões de
integrantes hoje. As mulheres são vetadas de filiação. O grupo
reconhece a existência de um único princípio, ao qual se dá o
nome de Grande Arquiteto do Universo.
D.
Pedro I, José Bonifácio, Floriano Peixoto, Prudente de Morais,
Campos Salles, Nilo Peçanha, Beethoven, Mozart e Hugo Chávez teriam
sido maçons.
Abraços
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