quarta-feira, 7 de março de 2018

O Anticristo marcha

2011 SEGUNDA FASE ‘MUNDIALISTA’ DA MUTAÇÃO JUDEU-CRISTIANIZANTE

           

               Avan-propósito

·   Antes do Vaticano II a distinção e contraposição entre Cristianismo e Judaísmo talmúdico ou pós-bíblico era pacífica.

Infelizmente a distinção não só se enfraqueceu devagar (com João XXIII) mas foi revertida com Nostra Aetate e pelo ensinamento de João Paulo II e Bento XVI. Assim, da distinção se passou a confusão e a homologação doutrinal e teológica dos opostos (Cristo e Anticristo).

·   Todavia restava um passo ulterior a cumprir. A ilustração deste segundo nível é o coração do presente artigo. A declaração do rabinato e do alto clero são de uma gravidade inaudita, mas são reais e necessitam tomada de atitude. Depois do nivelamento doutrinal nunca cumprido, era necessário alcançar aquele prático: especialmente politico (1948, Estado de Israel/1923, seu reconhecimento da parte do Vaticano) e econômico-financiário (crise do Dólar e do Euro). A partir de 2001 e até 2011 temos assistido ao constante e progressivo aumento (quase mascarado e não alardeado explicitamente  da "Torre de Babel" da "Nova Ordem Mundial" com uma "República Universal" (EUA/Israel) e um "Templo Universal" (Assis I-III, 1986–2011). Somente nos últimos meses se fala aberta e explicitamente de uma segunda fase da ação conjunta hebraico-cristã (não mais só dos colóquios), que devem preludiar a uma Nova Ordem Mundial econômico/política, e tudo a luz da shoah e Nostra Aetate, que são correlativamente pai e filho. Eu ofereço ao leitor as seguintes considerações com a esperança que os cristãos abram os olhos e não caiam vítimas da globalização religiosa e econômico/política, a qual é a pior tirania, mascarada de "democracia", que se possa imaginar.

·   O artigo que segue é um comentário a está segunda fase, partindo de Orwel e chegando a Benson para mostrar como da shoah e Nostra Aetate se atingiu agora a fase final do desenvolvimento econômico-financiário da Nova Ordem Mundial querida pelos rabinos e pelos eclesiásticos neo-modernistas.

               II. O CUMPRIMENTO DA GLOBALIZAÇÃO: 2011 SEGUNDA FASE “MUNDIALISTA” DA MUTAÇÃO JUDEU-CRISTIANIZANTE

               Globalização financiária liberalista ou “República universal”



·   João Paulo II no Discurso ao Corpo diplomático de 24 de fevereiro de 1980 havia explicitamente começado a colocar as bases da construção da Nova Ordem Mundial dizendo: ”Justiça e desenvolvimento andam de mãos dadas com a paz. São partes essenciais de uma Nova Ordem Mundial ainda a edificar. São uma estrada que conduzem a um futuro de felicidade e de dignidade humana”.

·   Bento XVI na sua encíclica Caritas in veritate n. (200*) começou a colocar em prática o desenho público de seu predecessor. De fato escreveu: “Para o governo da economia mundial, para restaurar a economia ferida pela crise, […] urge a presença de uma verdadeira Autoridade Política Mundial”.

·   Em 24 de outubro de 2011 o Documento do Pontifício Conselho Justiça e Paz em nome de Bento XVI auspiciou a criação de uma Banca Central Mundial escrevendo:”Existem as condições para a definitiva superação de uma ordem internacional na qual os Estados sentem a necessidade da cooperação. […] Certo, está transformação se fará com o preço de um transferimento gradual e equilibrado de uma parte das atribuições nacionais a uma 'Autoridade mundial'”.

·   Em 13 de dezembro de 2011 a Agência Sir reportou que o rabino chefe da “Congregação Hebraica Unida” da Commonweath Jonathan Saks na tarde precedente (12 de dezembro) foi recebido em privado por Bento XVI e depois em público na Universidade Pontifícia Gregoriana expôs o plano concreto de uma nova forma de parceria entre cristãos e hebreus para “uma ética econômica fundada sobre as raízes hebraico-cristãs”. Em suma ele observou que a primeira reviravolta hebraico-cristã teve lugar durante o Concílio Vaticano II e no primeiro pós-concílio, mas essa era só um reviravolta teológica; agora se trata de operar uma nova e definitiva reviravolta prática,  política-financiária similar aquela que colocaram em ato os “leader políticos da Europa afim de salvar o euro”. O rabino disse que depois do Vaticano II é chegada a hora de “iniciar um novo capítulo nas relações hebraico-cristãs”. Das relações teológicas “face a face” ocorre passar as realizações práticas político-financiárias “lado a lado”. Ele auspiciou, referindo-se a Bento XVI, que hebreu e cristãos possam ser “juntos” uma “minoria criativa” de uma Nova Ordem Mundial contra as forças radicalmente agressivas e secularizantes.

·   Como se vê (“contra o fato não vale o argumento”) estamos em plena segunda fase ou no começo da realização do mundialismo. Onde nos levará está segunda etapa? Só Deus o sabe com certeza. Todavia se pode recorrer a qualquer autor, que estudou e previu o problema. Um (Orwell) citei no início, um outro (Benson) o cito agora.

               Da shoah ao mundialismo realizado

G. H. Benson, o senhor do mundo: ”estamos quase perdidos e estamos caminhando para uma catástrofe para a qual devemos estar preparados […] até não retornar o Senhor” (Milano, Jaca Book, 2008, pág.12)

               Premissa

·   Escrevo o presente artigo, retomando – em parte – questões já tratadas neste mesmo site, para evidenciar a gravidade, agora “terminal”, da situação na qual estamos vivendo a cerca de um ano (revoltas árabes, crise do dólar e do euro somadas, confronto entre os EUA/Israel e Rússia/China/Irã na região da Síria, Palestina e Líbano).

·   A situação pode ser definida apocalíptica a partir daquilo que recentemente foi dito – como citarei abaixo – tanto por parte da autoridade rabínica como pela autoridade eclesial.

               1946 UMA PREDIÇÃO DA GLOBALIZAÇÃO: ORWELL “1984”

               Prólogo

·   George Orwell, em 1946 inicia a elaboração de seu último romance “1984” que teve vontade de intitular como “O último homem da Europa”; o termina pouco antes de morrer em Londres em 21 de janeiro de 1950. Ele intuiu que a sociedade estava caminhando em direção a uma homologação e homogeneização mundialista e globalizante. Os traços que por Orwell caracterizavam a sociedade mundialista do futuro “1984” são o totalitarismo, a perda de memória histórica, a falsificação de todo caminho histórico, a perda do contato com o real, a corrupção da linguagem através do barbarismo e neologismos de péssimo gosto, o anulamento da identidade do indivíduo, que se perde na sociedade universal. Todavia resta um último homem livre, que, porém, será destruído pelo poder anônimo da “Nova Ordem Mundial” e da massificação totalitarista.

A primeira edição italiana de seu romance remonta 1950 pela Mondadori de Milão e a última é de 2009 sempre pela Mondadori e é está que cito neste presente artigo.

               A globalização coletivista

          

A primeira figura do romance é aquela do “Big Brother”, que é afixada na forma de gigantografia em toda parte do mundo e busca com seus olhos que se movem acompanhando todos os movimentos dos cidadãos. A figura é acompanhada da escrita “o Big Brother te vigia” (pág.5). Em cada casa se tem uma espécie de televisão que espia todo movimento, toda respiração de seus habitantes. Nada foge ao poder central do “Big Brother”, o qual se serve de uma “psico-policia” para perseguir sobretudo crimes de opinião também não expressos explicitamente, mas intuídas através da tela onipresente e dos “espiões” que ocupam quase todo espaço do “novo mundo”(pág. 6). A filosofia da sociedade globalizada é um hino a guerra continua, a escravatura e a ignorância, contra a paz, a liberdade e a fortaleza de ânimo (pág. 9). Todavia o personagem principal do romance, Winston Smith, ou “o último homem livre da Europa”, começa a escrever um diário, que o levará a tomar consciência da sua realidade individual, inteligente e livre. Tudo isto o conduzirá a perseguição e a destruição por parte do Partido, que quer esmagar todo homem inteligente, livre e responsável pelos seus atos, que quer manter um grão de personalidade humana, para torná-lo um robô obediente as ordens do Partido (pág. 10). O mundo é dividido, ainda por pouco, em três imensos super-Estados: a Oceania  (Estados Unidos e Império Britânico), a Eurásia (Europa e Rússia) e a Estasia (China e Índia) (e como capital mundial: Jerusalém). A Oceania  com capital em Londres, é governada pelo “Big Brother” segundo os princípios do socialismo inglês (“Socing”, na neo-língua), pelo qual tudo é aparentemente permitido, nada é explicitamente proibido, exceto pensar com o próprio cérebro. O “Big Brother” é apresentado como uma espécie de novo “Salvador” (pág. 19), mas mal, que faz pensar vagamente no Anticristo de Benson, do qual, porém, não há nenhum traço humanitarista. A característica dos personagens do “novo mundo” globalizado é a “estupidez desanimadora, o entusiasmo imbecil e a cega obediência ao Partido” (pág. 25). Só assim eles podem viver sem serem incomodados em um mundo tão plano e contraditório, que não tem como alvo a salvação eterna na outra vida, mas unicamente a instauração nesta vida de um reino messiânico terreno e material. Tentar pensar em querer ser livre e responsável pelas próprias ações é considerado um “psico-delito”, punível primeiro com a tortura psicológica  capaz de destruir a consciência pessoal e em seguida com a morte física (pág 37). Winston Smith tendo começado a escrever um diário pessoal é já um homem morto psicologicamente e fisicamente, próxima presa da “psico-policia”. A propaganda do Partido visa derrotar a memória individual para controlar a realidade e induzir o homem a uma espécie de “bi-pensamento”: acreditar firmemente e dizer a verdade, enquanto pronúncia as mentiras mais artificiais, acreditar validas duas afirmações que se contradizem e se anulam uma a outra, fazer uso sofístico da lógica contra a lógica, negar a moral propriamente no ato mesmo de afirma-lá (pág. 38). O passado e a história não foram só modificados (por isso o temor e ódio ao Revisionismo), mas destruídos completamente. A “mentira de Ulisses” é constante e contínua, sem fim. O único espaço em que podemos nos refugiar é a própria memória, a qual porém, é coloca a dura prova pelas telas onipresentes. através das quais o “Big Brother” observa cada mínimo gesto que possa refletir um pensamento autônomo: a mínima escapada dos olhos é um “face-delito” e como tal pode ser fatal (pág. 39). O importante é não pensar, ser “pessoa acima de qualquer suspeita”, uma vez que se coloca a pessoa abaixo da natureza humana, inteligente e livre. Este é o único modo de poder continuar a viver na “República universal”. Para destruir as capacidades intelectivas do homem, o Partido inventou uma “neo língua” reduzida ao osso, que ajuda a não ter opiniões próprias veiculadas, ao contrário da “arqueo-língua” muita rica de tons e então psicologicamente e socialmente perigosa. A ortodoxia do Partido significa não pensar, não ter necessidade de pensar, ou seja, total inconsciência edebetudo mentis (pág.57): “Quem entende muitas coisas, fala com muita clareza, o Partido não gosta e um dia desperecerá" (pág. 57). A ortodoxia do Partido impõem falta absoluta de auto-consciência; então é melhor não ler e calar. Em meio a um mundo lobotomizado, Winston é dominado por dúvidas pontuais: “é possível que apenas eu tenha memória? Não é isto um início de loucura?”. Em efeito, em um mundo anormal, em um mundo contrário ou de cabeça para baixo, o normal é um louco, um perigo a eliminar. Todavia Winston chega a sair desta dúvida atroz, enquanto “não o perturba o pensamento de ser louco ou excêntrico em tal mundo encoberto, seria mais horrível não sê-lo, não poder ter opinião pessoal: poder ainda pensar que 2 + 2 = 4  mesmo se o partido diz que faz 5 ou 3” (pág.. 85). O senso comum, o bom senso constituí a grande heresia, não precisa acreditar nos próprios olhos, nas próprias orelhas e nem na evidência, mas apenas na voz do “Partido” ou do “Big Brother”: “Precisa defender tudo aquilo que é óbvio, bobo” (pág. 86). Mesmo a predileção para uma certa solitude, fazer dois passos sozinho, é perigoso, é sinal de “vitimprop” (vida em si, em “arqueo-língua”), ou seja, de individualismo, excentricidade, senso de realidade (pág. 87). Na verdade, a “neo língua”, que veicula o “bi-pensamento”, deve ajudar a negar “toda realidade objetiva”; a incapacidade de compreender ajuda a viver em tranquilidade com o Partido e a falta da mais pálida idéia de coisa seja a ortodoxia ajuda a manter-se perfeitamente ortodoxo, ou seja, acéfalos; a perda do senso da realidade é propedêutica a aceitação pacífica da enormidade daquilo que vem pedido pelo “Big Brother”, para não entrar em conflito com a própria consciência é necessário a incapacidade de absorção: ai daqueles que colocam questões e pedem explicações! (pág. 163). No fim Winston é descoberto pela “psico-polícia”: ele é “o ultimo homem” (pág. 277) que buscou racionar e querer livre e racionalmente, por isso é liquidado. “Tu estas fora da história, não existe” lhe diz o chefe da “psico-polícia”, que, depois de tê-lo “psico-torturado”, o aniquila “vaporizando-o” afim de que nele não sobre nenhum traço, nenhuma recordação e nenhuma memória. A “psico-polícia” não quer fazê-lo mártir, quer aniquilar o homem livre.

               INÍCIO DA GLOBALIZAÇÃO: O PRIMEIRO DESENVOLVIMENTO ‘TEOLÓGICO’ “JUDAICO-CRISTÃO” DE 1965

                A globalização religiosa ou o ‘Templo universal’

·   Antes do Vaticano II a distinção e contraposição entre Cristianismo (que acredita na divindade de Jesus Cristo e na SS. Trindade) e Judaísmo talmúdico ou pós-bíblico (que nega a divindade de Cristo e a Trindade) era pacífica. Só para compensar os Documentos pontifícios mais recentes, no Ato da Consagração ao Sagrado Coração de Jesus escrito por Leão XIII (1900) e feito, por ordem de Pio XI, obrigatório para a Festa de Cristo Rei (1925), na parte dos sacerdotes se lê: “Sejas Rei de todos aqueles que ainda estão envolvidos nas trevas da idolatria ou do islamismo […]. Olhai com olhos de misericórdia os filhos daquele povo que um dia foi o predileto: desça sobre eles […] o Sangue que já sobre esses é invocado”. Esta oração era lida na Igreja universal até 1962. Por outro lado Pio XII na encíclica Mit Brennender Sorge de 1937 escreveu: “O Verbo tomou a carne de um povo que depois O pregou em uma cruz”. Esta era a doutrina comum da Igreja, contida nas fontes da Revelação (Tradição e Escritura) e foi ensinada constantemente pelo Magistério pontifício (v. As Bulas dos Papas Sobre o Judaísmo no site de Don Curzio Nitoglia). Infelizmente a distinção não apenas desapareceu gradualmente (com João XXIII, 1958–1963), mas foi derrubada com a Nostra Aetate de Paulo VI (1965) e pelo ensinamento de João Paulo II e Bento XVI. Assim que da distinção se passou a confusão e a homologação doutrinal e teológica dos opostos (Cristo e Anticristo).

          

·   Todavia, permanecia um passo ulterior a cumprir e o veremos por extenso na segunda parte do artigo. Depois da nivelação doutrinal agora cumprida, era necessário chegar aquela prática (“vale mais a prática que a gramática”): especialmente política (Estado de Israel, 1948–1993), econômico-financeira (crise do Dólar e do Euro). A partir de 2001 até ao 2011 temos assistido ao constante e progressivo levantamento (quase mascarado e não explicitamente alardeado) da “Torre de Babel” da Nova Ordem Mundial com uma “República Universal” (EUA/Israel) e um “Templo Universal” (Assis I-III, 1986–2001). Nestes último meses, propriamente, se fala aberta e explicitamente de uma segunda fase da ação (não mais de colóquios) hebraico-cristãos, que deve preludiar uma Nova Ordem Mundial econômico/político, e tudo a luz da shoah e da Nostra Aetate, que são correlativas como pai e filho.

·   Em 26 de janeiro de 2011 no Avvenire (o cotidiano da “Conferência Episcopal Italiana”), foi publicado um artigo da professora israelense Anna Foa intitulado “No pós-guerra, a verdadeira mudança na teologia” no qual se lê: «Não há dúvida de que a mudança das relações entre Igreja e hebraísmo ocorrida com o Concílio Vaticano II e com a declaração Nostra aetate tem as suas raízes no trauma da shoah. […]. Nostra aetate foi uma mudança radical, […] que abriu estrada para uma verdadeira e própria reinterpretação teológica da relação com o judaísmo, destinada a aprofundar-se […], introduzindo a idéia, para dizê-la com João Paulo II (na sua visita a sinagoga em 1986), que a religião hebraica não é “extrínseca” mas de certo modo “ intrínseca” a religião cristã. A tomada de consciência determinada pelo extermínio de seis milhões de hebreus, tinha assim, modificado profundamente não apenas as relações entre hebreus e cristãos, mas as próprias bases teológicas sobre as quais tais relações se fundavam» (pág. 26).

·   Sempre no mesmo cotidiano, no mesmo dia e na mesma página, um artigo do Prior de Bose Enzo Bianchi “Em volta do Concílio a convergência entre crenças” nos explica que «a mudança histórica que temos assistido nestes últimos cinquenta anos, mudança que não foi certamente estranha a tragédia do “mal absoluto” é assim tão importante que «nenhum cristão poderá mais invocar a ignorância para a própria justificação: qualquer um é e será responsável em primeira pessoa por uma confirmação ou por uma contradição sobre esta mudança».

·   O pobre Mons. Richard Williamson (comparável ao personagem principal do romance de Orwell, Winston Smith, definido “o único homem livre da Europa”) já tinha feito a experiência (“torturado” pela “clero-polícia”) por ter ousado opinar, em outubro de 2008, que a “tragédia do mal absoluto” não goza de todas aquelas provas histórico-científicas de que teria necessidade para impor-se como super-dogma, o qual não admite ignorância e que não é lícito nem contradizer e nem ignorar.

·   Além disso, Bianchi continua: «João Paulo II […], em 17 de novembro de 1980 em Mongúcia pronúncia uma fórmula inédita, antes contraditória em dezenove séculos de exegese e teologia cristã, em que os hebreus são definidos “o povo de Deus da Antiga Aliança que não foi jamais revogada”. […] Pode-se notar a novidade e a audácia a respeito de todo o magistério eclesiástico precedente. […] A teologia da substituição é assim abandonada para sempre». A hermenêutica da ruptura encontra assim espaço sobre páginas do cotidiano do Episcopado Italiano, cujo Primaz é o Papa, que, porém, sustenta, mas não demonstra [1], a hermenêutica da continuidade.

               UMA VELHA PREVIDENTE DESCRIÇÃO DAQUILO QUE PODERIA ACONTECER

               O Reino do Anticristo

·   Robert Hugh Benson escreveu em 1907 “o senhor do mundo”, que foi traduzido e publicado em italiano pela primeira vez em Florença (1921). Em 1987 graças ao interesse do Card. Giacomo Biffi foi reeditado pela Jaca Book de Milão com três edições (1997 e 2008) e dezesseis reimpressões. Benson, com um estilo verdadeiramente admirável, retoma o tema desenvolvido por São Pio X na sua primeira encíclica E supremi apostolatus cathedra de 1904, na qual o Papa Sarto observava que os males que circundam o mundo e a Igreja são de tal forma graves, que fazem pensar que o Anticristo esteja já presente nele.

               Os horrores do mundialismo

·   Benson prevê que em torno dos anos Vinte-Trinta, a Maçonaria adquirirá um poder sempre mais vasto na Europa como na América e no Oriente, assim poderá unificar todo o mundo em torno de 1989 (ano em que “caiu” o mundo de Berlim) e aplanar a vinda final do Anticristo. Os males que levam a tal desastre são elencados por Benson com precisão e lucidez: crítica histórica e unicamente filológica da Bíblia não mais considerada um Texto Sagrado, divinamente inspirado e portanto, provido de inerrância; sentimentalismo religioso e liberalismo, que sob aparência de “pensamento independente” torna os homens pelo contrário, realmente escravos da mentalidade comum e das paixões; o nascimento do modernismo (pág. 7). No mundo dos anos Trinta teria permanecido apenas três tipos de imagereligião: o catolicismo, o humanitarismo filantrópico liberal-maçônico e as religiões esotéricas extremo orientais. As últimas duas formas são unidas pela tendência ao panteísmo antropocêntrico e se encontram em total oposição com o catolicismo que é teocêntrico e acredita em um Deus pessoal e transcendente ao mundo (pág.10). O catolicismo decaí sempre mais, o mundo não quer mais escutar, entender e aceitar, e o abandona, inebriado pelo delírio de onipotência dado-lhe pelo panteísmo antropolátrico e pelo “culto do Homem” (pág.11). A religiosidade vitoriosa do Vinte até ao 1989 é uma espécie de humanitarismo filantrópico: privado do sobrenatural, «sofre a influência da maçonaria: o homem é Deus» (pág. 11). A psicologia tomou o lugar do puro e simples materialismo marxista e busca substituir a espiritualidade do catolicismo com um substituto psicanalítico imanentista (pág. 12). O Autor exclama: «estamos quase perdidos e estamos nos dirigindo a uma catástrofe para a qual devemos estar preparados […] até que não retorne o Senhor» (pág. 12). Mas infelizmente hoje os profetas do otimismo irrealista e exagerado, que condenaram “os profetas de desventura”, não querem sentir a voz de Benson que, qual novo Laocoonte, colocava em guarda os católicos contra o modernismo qual “cavalo de Troia” introduzido pelo inimicus homona Cidade de Deus. Ele admite realisticamente que no mundo católico existe o mal, mas também o bem, existem conventos dissolutos, mas também observantes e vizinhos ao Senhor (pág.12). Não é um daqueles fariseus maniqueus que vêem tudo e apenas bem por uma parte e tudo e apenas mal da outra. Se o Cristianismo é a verdadeira religião divinamente revelada, nem todos os cristãos lhe são fiéis, pelo contrário. Mas mesmo o humanitarismo, que promete hipocritamente paz e cessação de “guerras de religião”, tem os seus excessos, os quais supera até mesmo aqueles dos piores cristãos. Na página 13, Benson prevê já em 1907 o “Parlamento Europeu”, o qual assinala o fim do são patriotismo e através da democracia-social funda a anti-igreja-católica. Ele também nos coloca em guarda, contra o aparente desenvolvimento técnico, que, se desordenado e desviado do Fim último, esconde muitas armadilhas que insidiaram a fé dos cristãos (pág.16).

·   O Anticristo de Benson se apresenta sob as aparências de solidarismo, de pacifismo aguerrido contra a religião cristã, que seria “portadora da espada e não da paz”, de humanitarismo naturalista, que abole a pena de morte e institui o “Ministério da eutanásia”, sendo a morte não mais o início da vida eterna, mas o retorno do indivíduo ao “Todo” (pág.36), que substituí a espiritualidade com a psicologia. O todo no quadro do mundialismo mais radical: «a unidade impessoal, o anulamento do indivíduo, da família, da nação no mundo» (pág. 25). O homem é tudo, é “Deus”; não existe um Deus transcendente, mas ele é imanente ao mundo e apenas a cooperação solidária de todos os homens pode evoluir continuamente para melhor (pág. 26).

               A perseguição física

·   Esta contra-igreja naturalista e pacifista desencadeia bem rápido uma cruenta perseguição contra o Cristianismo, que já perdeu muitos consensos a favor do humanitarismo. Benson nos descreve então, o “Corpo místico na agonia”, propriamente como Jesus Cristo, e o Homem que grita para a Igreja: ”salvou os outros, não pode salvar a si mesma?” (pág. 48). Nem mesmo do Céu desce, naqueles momentos trágicos, uma palavra para animar os fiéis perseguidos e martirizados. A maçonaria e o democratismo, mais que o comunismo agora ultrapassado pelo liberismo, são a força oculta que manobra a religião do Homem e a perseguição da Igreja de Deus (pág. 51). O estado da humanidade na “Nova Ordem Mundial” vem descrito por Benson como uma “cópia muito similar aos círculos superiores do Inferno” (pág.123). Entretanto, Roma (pág. 211) é destruída por um bombardeio comandado pelo Anticristo, o Papa e quase todos os cardeais morrem e o novo Papa se refugia em Nazareth, onde continua com apenas 12 cardeais a sua missão de governar a Igreja com Bispos, sacerdotes e fiéis espalhados em todo o mundo e prontos para o martírio, que podem pregar e celebrar os sacramentos apenas em privado, sob pena de morte. Na página 170, Benson nos descreve o “novo culto” imposto pela Maçonaria e pelo Anticristo a nova Humanidade, que ama os prazeres, as riquezas e as honras, ao contrário do Cristianismo que ensina a amar a Cruz, a pobreza e a humildade. Tal “novo culto” é uma paródia ou um substituto da Missa Católica, é o culto do Homem, que tem necessidade de certo cerimonial para professar a “Religião do Futuro”, o ‘espírito do mundo’, espoliado de toda ideia sobrenatural e da graça santificante. Como não pensar no Novus Ordo Missae, o novo culto da religião antropocêntrica do Vaticano II? É impressionante ver como 100 anos antes daquilo que estamos vivendo, seja a nível político ou religioso, Benson tivesse já intuído quase tudo e quase nos mínimos detalhes. Um dos personagens do romance de Benson (a senhora Mabel) se da conta que a nova fé pacifista e humanitarista não é melhor que a intransigência cristã, antes talvez seja carregada de maior ódio e crueldade do que aquelas manifestadas por alguns ou muitos cristãos no curso dos séculos (pág. 220). Como acreditar que «aquela besta selvagem, com sangue [dos cristãos martirizados] que saia das suas unhas sedentas de violência, fosse a Humanidade nova? Isto é, aquilo que ela chamava o seu “Deus?”?» (pág. 231). Benson distingue bem o Cristianismo dos cristãos, que nem todos sempre viveram o Cristianismo segundo o Espírito de Cristo e ofereceram ao Humanitarismo a desculpa para substituir o Cristianismo identificado-o com os maus e falsos cristãos (clero e laicato).

               Conclusão

        

               O americanismo anticristão

·   Monsenhor Henri Delassus (1836 -1921) escreveu um livro inteiro sobre o Americanismo (L’Américanisme et la Conjuration antichrétienne, Lilla-Parigi, Desclée De Brouwer, 1899), onde o prelado francês explica que, entre todos os sujeitos inquietantes do mundo atual, a América do Norte não é dos menores. De fato, aquilo que a caracteriza é “a audácia nas empresas industriais, comerciais e também nas relações internacionais, pisando essa todas as leis da civilização católico-romana” (pág. 1). Infelizmente, através do americanismo, os Estados Unidos empurram a sua audácia também nas questões religiosas. O termo “catolicismo americano” ou americanismo (condenado por Leão XIII na Carta Testem Benevolentiae de 1895) não é a etiqueta de um cisma ou de uma heresia, esse é “um conjunto de tendências doutrinais e práticas, que tem sede na América e que dali se espalham no mundo cristão e especialmente na Europa” (pág. 3). O aspecto mais preocupante do Americanismo é aquele das “suas relações com as esperanças e projetos do Judaísmo, especialmente com as tendências anticristãs das leis do mundo moderno e da sociedade americana, que aspira possuir o monopólio do pensamento revolucionário” (pág. 7). Na verdade, “existe uma conjuração anticristã (conluio judaico-maçom em essência) que trabalha, através de revoluções e guerras, para enfraquecer e, se fosse possível, para aniquilar, as nações católicas, para dar a hegemonia as protestantes, como a América, a Alemanha e a Grã Bretanha” (nota n°1, pág. 7). Um dos “elementos distintivos da ‘Missão americana’ é o retorno a unidade de todas as religiões, através da destruição das barreiras e das diferenças, chegando a um Congresso da tolerância internacional das religiões, para lutarem unidas contra o ateísmo” (pág. 124). O indiferentismo ou tolerância por princípio, ao qual tende o Americanismo, consiste no equiparar “todas as religiões, como igualmente boas” (pág. 89); “A conspiração anticatólica penetra em toda parte, para destruir – se fosse possível – a Igreja e levantar em seu lugar o israelitismo liberal e humanitário” (pág. 89); “Tal conspiração se tornou universal” (pág. 90); “Entre espírito hebraico e americanista existe um ponto de contato nos princípio de 1789” (pág. 91): “A presunção ou confiança excessiva em si mesmo é a característica específica do americanismo e os hebreus esperam fazer-lhes sair o israletismo liberal e filantrópico” (págs. 92–93), isto é a neo-religiosidade da nova era. Monsenhor Henri Delassus (pág. 94) explica que o Magistério da Igreja condenou todos os falsos princípios sobre os quais se funda o espírito americanista: os direitos do homem (condenados por Pio VI); a liberdade absoluta da pessoa humana, a liberdade de pensamento, de imprensa, de consciência e de religião (por Gregório XVI e Pio IX), o separatismo entre Estado e Igreja (por Leão XIII). Ao invés, para os americanos é necessário basear-se sobre “o liberalismo largo ou latifundiarista e sobre a tolerância dogmática, evitando falar tudo aquilo que poderia desgostar aos protestantes e as outras religiões” (pág. 97); para a Igreja de Roma “o Catolicismo é a verdadeira religião, enquanto para os americanistas é apenas uma religião entre tantas” (pág. 100). Infelizmente o ideal americanista (ceca de cinquenta/sessenta anos depois da condenação de Leão XIII) se realizou, inicialmente e de forma latente, no Concílio Vaticano II e depois, abertamente, em Assis 1986/2011. Na verdade – escrevia já Mons. Delassus – “os americanistas dizem que as idéias americanas são aquelas que Deus quer para todos os povos do nosso tempo. Hebraísmo e americanismo acreditam ter recebido uma ‘Missão divina’. Infelizmente a influência da América com o seu espírito de liberdade absoluta, se estende sempre mais entre as nações, de forma que a América dominará as outras nações” (pág. 187–188); a América parece ser a “Nação do Futuro” (pág. 190). Todavia – comenta o prelado – “se tal futuro será aquele do desenvolvimento industrial e comercial, social e político, segundo os princípios de 1789, ou seja, o progresso material e a independência absoluta do homem de toda autoridade, mesmo divina; a era que veremos será a mais desastrosa jamais conhecida. Nessa era a América destruirá as tradições nacionais europeias  para fundi-las na unidade ou pax americana” (págs. 191–192). A base, o mínimo denominador comum, de tal mistura de religiões, povos, culturas, é um moralismo sentimental ou “uma vaga moral” (pág. 192) subjetiva e autônoma como queria Kant, “independente do dogma, onde cada um é livre para interpretá-lo a seu modo” (pág. 130). Essa se realizou hoje, através da união entre “teo- (ou neo) – conservadores” americanistas e cristãos, com o sionismo e elementos conservadores-liberais do catolicismo, que se unem para defender a vida, o embrião, contra o materialismo ateu (coisa boa em si), mas em detrimento da especificidade da pureza do dogma (o que é inaceitável), da tradição cultural de cada nação e das diferenças étnicas (as quais, se não são exageradas com a teoria da defesa da “raça pura”, que não existe; não devem nem sequer ser destruídas com a ofensa de raça em sentido lato ou do povo, que tem sua peculiaridade de língua, cultura, mentalidade e religião). “O movimento neo-cristão ou americanista, tende a liberar-se do dogma para fundar-se sobre a beleza ética” (pág. 60), “a substituir a fé com uma cultura ou sensibilidade moral independente, em uma vaga religiosidade superior as outras religiões positivas” (pág. 76). Segundo a doutrina católica, ao invés, “a fé sem obras é morta” (São Tiago), e “sem a fé não se pode agradar a Deus” (São Paulo). Então, não é preciso desprezar a moral, mas nem sequer reduzir a religião apenas a sua moralidade, sem ter mais em conta a integridade dogmática.

·   Monsenhor Delassus se explica ainda melhor escrevendo que “Existe um entendimento entre Hebraísmo e Americanismo, para substituir a religião católica com esta ‘Igreja ecumenista ou mundialista’, esta ‘religião democrática’, da qual a Aliança Israelita Universal prepara o advento”  (pág. 193). O americanismo é o instrumento do judaísmo liberal e filantrópico-humanitário, que substituiu a ‘fé’ do judaísmo ortodoxo (em um Messias pessoal e militante, que daria de volta a Israel o domínio sobre o mundo) com a ‘crença humana’ do hebraísmo liberal (em um ‘messias ideal’, ou seja, o mundo moderno, nascido do Humanismo, Protestantismo e Iluminismo revolucionário, inglês, americano e francês, que fará cair o mundo no relativismo e no irenismo, os quais erodirão o Credo Católico e aquilo que ainda resta da Cristandade européia), “para conduzir a humanidade, docemente, para a Nova Jerusalém” (pág. 195). O espírito do ‘Mundo Novo’ ou do americanismo, é caracterizado (segundo Delassus) pelos princípios do 1789, que são “a independência do homem de todo poder humano e também divino” (pág. 196), vale dizer, os direitos (ou o culto) do homem e a destituição de Deus e da sua Igreja.

               O americanismo tem um duplo aspecto: politico e religioso.

·   a) Politicamente: É caracterizado por certo cosmopolismo, que leva ao mundialismo e a globalização, as quais se infiltrando em cada nação a corrompem para dominá-la. Tal “República Universal” é o sonho da Aliança Israelita Universal, “centro, foco e vínculo da conjuração anticristã, a qual o americanismo traz um apoio considerável” (pág. 15). O Judaísmo talmúdico se baseia sobre a leitura material (mais que literal) das profecias do Velho Testamento. Delassus escreve: “Leia estas profecias no significado material-terreno e encontrará a resposta ao enigma, a explicação da atividade febril judaica, o sonho do hebraísmo. Esse se acredita, ainda hoje, o povo destinado por Deus a dominar, materialmente e temporalmente, sobre todas as nações através da finança, dos bancos, da imprensa e dos meios de comunicação [ou de destruição] de massa” (págs. 20–21). O ponto de encontro entre judaísmo e americanismo pode ser encontrado nos princípios revolucionários de 1789, e particularmente em duas teses: “1º) que todas as nações renunciem ao amor da Pátria e se confundam em uma ‘República universal’; 2º) que os homens renunciem, igualmente, a toda particularidade religiosa, para confundir-se em uma mesma vaga religiosidade ou ‘Templo universal’ “ (pág. 25). Estes ideais são levados adiante pela Aliança Israelita Universal, fundada em 1860 pelo hebreu Adolfo Crémineux, grão-mestre do Grande Oriente de França. A A.I.U. “não era apenas uma internacional hebraica, essa mirava mais alto: ser uma associação aberta a todos os homens sem distinção de nacionalidade, nem de religião, sob a alta direção de Israel. Essa deseja penetrar em todas as religiões, como já penetrou em todos os países, para fazer cair as barreiras que separam aquilo que um dia deverá estar unido em uma comum indiferença” (págs. 26–27). O prelado se interroga: “O que significa penetrar em uma religião? Sobretudo introduzir lhe as próprias idéias. O Judaísmo busca infiltrar as suas idéias na Igreja Católica? Sim, seus representantes o afirmam” (pág. 28). As forças politicas de que se serve o Judaísmo liberal e filantrópico (ou maçônico) são: a) a democracia, b) a liberdade como valor absoluto, c) a mudança radical (cfr. pág. 153). Esta mudança radical diz respeito também a vida espiritual, preferindo-se o primado da ação sobre a contemplação; a exaltação da iniciativa individual (própria do liberalismo econômico puritano americano), com uma excessiva autoconfiança (cfr. págs. 154–155); o Bem estar físico e corporal (diferente do bem estar comum temporal), como “transfiguração do corpo” (pág. 159); o “sensismo empirista, como radical anti-metafísica e anti-cristianismo” (pág. 161). O prelado constata que agora os novos cristãos americanistas, junto aos hebreus liberais e humanitários, “aspiram a um Messias que não é Jesus Cristo, nem sequer o messias militante e pessoal do hebraísmo ortodoxo, mas uma idéia de bem estar material e corporal que tornará o homem feliz e rico sobre esta terra” (págs. 164–165). Tal Bem estar (com B maiúscula), consiste não no possuir o necessário ou o conveniente, mas no “supérfluo” (pág. 166). Os fiéis desta nova religiosidade não são contrariados, é preciso dar a eles sempre razão, seguir a corrente, dizer a eles aquilo que lhes agrada e satisfaz os seus sentidos (cfr. pág. 167).

·   b) Do ponto de vista religioso: O Americanismo se serve do Esoterismo, do Maçonismo e do Ecumenismo, para infiltrar-se na religião católica e – se fosse possível – destruí-la. “A Maçonaria tem as próprias pretensões e as exprime com as mesmas palavras” (pág. 29). O Judaísmo liberal é ainda mais claro, quando diz que precisa tender para “uma nova Jerusalém, a qual deve substituir Roma. A estirpe hebraica quer estabelecer o seu reino sobre o mundo inteiro, na ordem temporal e naquela espiritual” (pág. 30). Também o Americanismo se serve das sociedades secretas para obter os seus fins (cfr., pág. 31), para arruinar as Pátrias e a Religião. A nova “República universal será governada pelo povo hebreu, única verdadeira tribo cosmopolita, sem pátria e universal” (pág. 33) e enfim, “pelo Anticristo, supremo ditador transformado na única deidade deste novo mundo” (pág. 42). Os Estados Unidos tem o triste “privilégio de destruir as tradições e as especificidades nacionais e religiosas europeias, para fundi-las na unidade americana” (pág. 44). O americanismo quer substituir a ‘polêmica’ (polemikós = atinente a luta e a disputa doutrinal) pela ‘irênica’ (eirenikós = que diz respeito a paz ou melhor o pacifismo, a tolerância e a conciliação dos excessos). O Americanismo é “absolutamente convicto, de que os Estados Unidos foi predestinado (exemplo claro é aquela lorota da "Doutrina do Destino Manifesto" que expressa a crença de que o povo americano foi eleito por Deus para civilizar o seu continente e o resto do mundo) a produzir um estado social, superior ao que se era vivido até agora” (pág. 130). Outro marco do americanismo é o evolucionismo religioso (cfr. pág. 101–108), segundo o qual o dogma evoluí ou muda radicalmente, substancialmente, de forma heterogênea e não homogênea; ou seja, se passa de uma verdade a outra, também diversa, segundo a necessidade e as exigências dos tempos (cfr., pág. 109), desde que a verdade não é mais a “conformidade do pensamento com a realidade”, mas “o adequar-se do pensamento com as necessidades dos tempos e a necessidade do homem moderno” (Herbert Spencer). A outra pilastra sobre a qual se baseia o Americanismo é o Ecumenismo. Monsenhor Delassus (pág. 133) nos informa que em Chicago, entre os dias 11 e o 28 de setembro de 1893 (cerca de oitenta/cem anos antes do Concílio Vaticano II e do encontro ecumênico de Assis de 1986), foi realizado um Congresso ou Concílio ecumenista de todas as religiões (exceto a católica). Onde se estabeleceu, em tal conciliábulo, que “a Igreja católica deveria fazer concessões mais generosas para as outras religiões” (pág. 134); naturalmente Roma condenou. Todavia, não se pode deixar de notar como em 1962–1965, tais idéias americanistas penetraram também o ambiente católico durante o Concílio Vaticano II.  Se desejou, já em 1893, “reunir os padres e os ministros dos cultos mais diversos, para associar-lhes em uma oração comum” (pág. 147), naturalmente sem cair (não se sabe como) no indiferentismo (propriamente como de Assis em 1986/2011). Tal congresso de Chicago foi definido por Delassus “verdadeiro concílio ecumênico dos novos tempos” (pág. 148). As analogias com o Vaticano II são, infelizmente, objetivas e impressionantes.

·   Delassus, concluindo o seu estudo, define o americanismo com poucas mas eficazes expressões: “Compromisso com a incredulidade, concessões ao erro, mutilação do dogma, atenuação do sobrenatural e superficialidade de toda espécie” (pág. 226).

·   Ele propõe então o remédio a tanto mal: “Evitar o desencorajamento, como atitude daqueles que sabem e conhecem a realidade, mas não tem coragem de reagir [é o mal que paralisa muitos católicos hoje]. (…) Então, nunca cruzar as mãos, renunciando a lutar; antes é preciso empenhar-las na oração, na penitência e na ação cultural e doutrinal com as consequências práticas (…). Devemos ser circunspectos para não prestar, nem sequer involuntariamente, ajuda ao judeu-americanismo. Então, não pregar o Bem estar como fim ultimo, o sucesso neste mundo, a transfiguração do corpo humano, a preocupação desordenada pelos interesses humanos, a abolição das barreiras entre religiões e culturas, a cessação da polêmica para substituir a irênica, o aniquilamento do dogma a favor de uma moralidade subjetiva, a conciliação entre o espírito de Cristo e aquele do mundo” (pg. 262–265).

Dom Curzio Nitoglia
20 de dezembro de 2011.

[1] B. Gherardini, Concílio ecumênico Vaticano II. Um discurso a fazer, Frigento, 2009.

Fonte: http://www.doncurzionitoglia.com/fase_2_giudeo_cristianesimo.htm

Abraços