terça-feira, 15 de março de 2016

Terror judeu em Castela no século XIV

          

     Depois da traição dos judeus, que facilitou a queda do Império Cristão dos Visigodos e sua conquista pelos muçulmanos, começou a chamada guerra da reconquista, iniciada pelos cristãos que, sob as ordens do visigodo Pelayo, se haviam feito fortes nas serras do Norte da Península Ibérica. Esta luta de liberação ia durar quase oito séculos e começou, como é natural, com sangrentas represálias contra os judeus, a quem se culpada da queda do Estado cristão e das matanças de cristãos que ocorreram depois dessa catástrofe.

     Esse sentimento antijudeu durou alguns séculos, até que a astúcia e habilidade dos hebreus soube aproveitar todas as oportunidades que se lhes apresentaram para o ir desvanecendo, sobretudo prestando valiosos serviços aos reis cristãos da Península, quando necessitaram converter a Espanha católica perseguidos primeiro pelas monarquias cristãs e depois pela Santa Inquisição Pontifícia, que reagiam com violência perante as tentativas da Sinagoga para conquistar os Estados católicos e subverter a sociedade cristã.

           
Estátua do bravo Dom Pelayo em Covadonga, Astúrias, província ao norte da Espanha.

     Além disso, desde o século X, os judeus que em tempos haviam sido aliados dos muçulmanos, atraiçoando a sua amizade, começaram a semear a decomposição na sociedade islâmica, procurando dominá-la por meio de sociedades secretas e heresias, a principal das quais foi a criminosa seita dos assassinos, verdadeira precursora da maçonaria moderna, cujo poder secreto se estendeu pelo Islão e inclusive pela Europa cristã, até que foi depois aniquilada principalmente pelos invasores mongóis. De qualquer forma, o mundo muçulmano encontrava-se no século XII em estado de perigosa decadência, atribuída em parte à múltipla ação subversiva dos judeus. A dinastia dos Almoádas, que sucedeu no Norte de África e na Espanha islâmica à dos Almorávidas, procurando salvar o Islão da catástrofe, iniciou uma guerra de morte contra o judaísmo, que provocou, como de costume, milhares de conversões fingidas ao Islão e a fuga de outros muitos hebreus para a Espanha cristã.

     Empenhados os monarcas ibéricos em expulsar da Península os sarracenos, esqueceram as antigas traições dos israelitas, para utilizarem os seus serviços na empresa da reconquista como prestamistas, recebedores dos impostos e até como espias, visto que agora, invertendo-se os papéis, os judeus atuavam como quinta coluna dentro da Espanha Islâmica em benefício da Espanha Cristã, atraiçoando os seus antigos aliados. Voltou uma vez mais a história a repetir-se; e os habitantes judeus de uma monarquia muçulmana convertiam-se agora em perigosíssima quinta coluna em benefício dos inimigos exteriores do referido Estado, que eram na altura os Reis cristãos da Ibéria, os quais, influídos pelos valiosos serviços que lhes prestavam os israelitas, os convertiam em membros dos seus governos e até em Primeiros-Ministros ou em Tesoureiros Reais, em violação do ordenado pelos Santos Concílios da Igreja, que proibiam o acesso dos hebreus aos postos de governo.

     Os israelitas volveram uma vez mais a utilizar a sua tradicional tática de ganhar a amizade dos seus inimigos com um bom comportamento temporal e com eficazes serviços, para adquirir assim valiosas posições, que lhes permitissem depois conquistar os Estados que lhes ofereciam proteção.

     Não desaproveitaram oportunidade alguma para tentar alcançar o domínio desses reinos cristãos, convertidos já para eles numa nova Palestina, aonde acudiam solícitos.

     Os judeus chegaram em Castela ao auge do seu poderia nos tempos do Rei Pedro, o Cruel, cujo governo dominaram durante vários anos. A forma como conseguiram conquistar temporalmente esse reino cristão é sumamente interessante.

     Pedro, o Cruel, herdou o trono no ano de 1350, quando era um rapaz de quinze anos, tendo depressa caído debaixo da influência do destacado dirigente judeu Samuel Ha-Levi Abulafia, o qual, fomentando as paixões do adolescente príncipe e adulando-o, pôde eliminar o tutor do mesmo, Juan Alfonso, Senhor de Albuquerque, e anulou também a benéfica influência da Rainha mãe. Primeiro foi nomeado Tesoureiro Real e depois, de fato, Primeiro-Ministro do reino (188), com o que sete judeu adquiriu um poder político que nenhum outro hebreu do seu tempo havia adquirido em reino cristão; logo cresceu a influência  dos conselheiros judeus do monarca, de forma que muitos consideravam já perigosa para os cristãos.

     Desde os primeiros anos, os iniciais desaforos que o jovem Rei cometia, empurrado pelos seus maus conselheiros, provocaram no reino uma rebelião geral, formando-se uma liga constituída pela Rainha mãe, os meios-irmãos (bastardos) do monarca, sua tia Leonor, Rainha de Aragão, e muitos poderosos nobres, liga que tinha por objetivo libertar o adolescente dos conselheiros judeus e de toa a pandilha de gente inconveniente que o rodeava, de que faziam parte os parentes da sua amante Maria Padilla, pela qual havia abandonado sua esposa, a jovem Branca de Bourbon, irmã da Rainha de França.

     Abandonada a causa de Pedro pela quase totalidade dos nobres do reino, acedeu a colocar-se sob a tutela de sua mãe, acudindo o jovem Rei à cidade de Toro, acompanhado, entre outros, segundo diz o cronista da época Pero López de Ayala, por Samuel Ha-Levi, que segundo este cronista, era "seu mui grande privado e conselheiro." (189)

     Uma vez ali, depois da carinhosa recepção que lhe fizeram sua mãe e tia, foram encarcerados os do seu séquito, entre eles o influente Ministro judeu Samuel Ha-Levi.

     A morte de D. Juan Alfonso de Albuquerque que, segundo alguns, foi envenenado (190), constituiu um golpe forte para a liga, visto que ele era o laço de união entre as pessoas e forças de interesse muito dissemelhantes. Resumimos a seguir o que o célebre historiador francês do século passado, Prosper Merimée, consta quanto à forma como Samuel Ha-Levi soube aproveitar a nova situação para urdir uma hábil intriga com o fim de desbaratar a liga, oferecendo aos Infantes Argão, da parte do Rei adolescente, castelos e ricos domínios em troca de o deixarem fugir, e oferecendo vilas e senhorios a grande número de magnates, até que o astuto conselheiro judeu conseguiu fazer em pedaços a coligação e pôr-se em fuga com o jovem monarca, certo dia que saíram à caça. (191)

     O historiador, também do século passado, J. Amador de los Rios, referindo-se a esta astuta manobra, diz: "Graças pois à discrição e atividade de D.Samuel, alcançava o filho de Alfonso XI a liberdade, de que haviam conseguido despojá-lo sua mãe e irmãos; graças ao ouro que tinha sabido derramar e às promessas feitas em nome do Rei, havia introduzido a desconfiança e a desunião no campo da liga, desconcertando de todo os planos dos bastardos, e vendo-se em breve (o Rei) rodeado de poderosos servidores que lhe prometiam fidelidade duradoura. D. Samuel havia conquistado a omnímoda confiança de D. Pedro." (192)

     E com a proteção do ministro israelita, os judeus foram adquirindo no reino cada vez maior influência. Sobre o que a este respeito aconteceu, fala-nos muito claramente o ilustre historiador hebreu Bedarride, que afirma que os judeus em Castela chegaram, sob o reinado de Pedro, o Cruel, "aos cumes do poder." (193) Mas, desgraçadamente, a História demonstra-nos que sempre que os israelitas chegam "aos cumes do poder" num Estado cristão ou gentio, se desencadeia uma espantosa onda de assassínios e de terror, que faz correr torrentes de sangue cristão ou gentio. Tal coisa ocorreu no reinado de D. Pedro, a partir do momento em que os hebreus exerceram sobre a sua educação e sobre o seu governo uma influência decisiva. Este jovem inteligente, que demonstrou ser depois moço de ampla visão, de grandes ilusões e energia a toda a prova, talvez  pudesse ter sido um dos maiores monarcas da cristandade se não fosse corrompido em sua adolescência pelo mau exemplo e piores  conselhos dos seus privados e conselheiros israelitas, a quem o povo culpava da onda de crimes e atropelos desencadeada durante esse sangrento governo, em que os judeus foram acumulados de favores e as sinagogas florescera, enquanto as igrejas decaíam e o clero e os cristãos sofriam oprobiosas perseguições.

     Acerca da influência decisiva dos judeus sobre o jovem monarca e seu sinistro influxo nas crueldades que se cometeram nesse tormentoso reinado, falam muitos cronistas contemporâneos dos fatos ou um tanto posteriores. O coetâneo francês Cuvelier afirma que Henrique, meio-irmão do Rei, "foi rogado e requerido pelos Barões de Espanha para que manifestasse outra vez a seu irmão, o Rei, que fazia muito mal em aconselhar-se com os judeus e em afastar os cristãos" ... "Portanto, se foi Henrique ao palácio onde estava o Rei seu irmão, o qual falava, em conselho, a vários judeus, entre os quais não havia nenhum cristão " ... "Suplicou D. Henrique a D. Pedro que deixasse o conselho dos judeus." Acrescenta o cronista que estava ali um hebreu chamado Jacob, muito chegado visivelmente a D. Pedro (194). Outro ilustre cronista francês, Paul Hay, Senhor de Chartelet, sobre o mesmo episódio, acrescenta, referindo-se ao citado conselheiro do Rei D. Pedro, que Henrique de Trastâmara não pôde dominar a sua cólera "ao encontrar-se com um judeu de nome Jacob, que gozava de toa a confiança e familiaridade com D. Pedro e a quem atribuíam ser o inspirador de todas as suas ações de crueldade." (195)

     Sobre os crimes espantosos cometidos durante o sanguinário reinado de Pedro, o Cruel, expressam-se a "Prima Vita Urbani V"; o cronista italiano, também contemporâneo, Matteo Villani; o cronista muçulmano igualmente coetâneo dos fatos, Abou-Zeid-Ibn Khaldoun, que, entre outras coias, afirma que "oprimiu com crueldade a nação cristã e por sua tirania se fez tão odioso aos olhos dos seus súditos, que se insurrecionaram contra ele"; assim como a crônica, também contemporânea, do Rei Pedro de Aragão, que descreve de forma claríssima a atuação criminosa desse reinado e a famosa Crônica Memorável, francesa, de Jean Froissard, que além de mencionar a crueldade e tirania que caracterizaram esse governo, revela como especialmente importante a atitude hostil de Pedro, o Cruel, para com a Igreja e o Papado. (196)

     "Os Anais e Crônicas de França", escritos por Nicolás Gilles em fins do século XV, chamam a Pedro "grande tirano", "apóstata da religião de Jesus Cristo", atribuindo o sei triste fim a castigo do céu. (197) Mas Fernández Niño, colaborador fiel de Pedro, que o serviu com lealdade até à morte, no seu célebre relato recolhido na "Crônica de Pedro Niño", fala do derramamento de muito sangue de inocentes, afirmando também que o monarca "tinha por privado um judeu a quem chamavam Samuel Levi, que ensinava a desfazer os grandes homens e a fazer-lhe pouca honra ... se distanciou de muitos, usou o cutelo e exterminou muito no seu reino, pelo que o aborrecera a maior parte dos seus súditos." Nesta crônica, também se fala do apego à astrologia do jovem Rei, (198) fato de grande importância política, visto que os astrólogos de Pedro eram judeus, destacando-se entre eles Abraão-Aben-Zargal e influíam em suas atuações políticas; consultava sempre os seus astrólogos, para que lhe indicassem se teria ou não êxito. A este respeito, é interessante o fato de que já em vésperas da sua ruína , D. Pedro lançou em cara ao dito Abraão, que tanto ele como os seus demais astrólogos lhe haviam profetizado que teria de conquistar terras muçulmanas até capturar Jerusalém e que as coisas iam tão mal que se via que o haviam enganado. (199) É compreensível que nesses tempos em que os muçulmanos estavam lutando heroicamente contra a ameaça hebreia, e donos os judeus já de Castela, hajam querido incitar o Rei Pedro a invadir e conquistar o Norte de África até Jerusalém para conseguirem uma vez mais destruir os seus inimigos islâmicos com mão alheia e até alcançar o seu sonho dourado de libertar a Palestina. Este último plano que se lhes desmoronou com a derrota de Pedro conseguiram-no séculos depois quando puderam conquistar a Inglaterra e utilizá-la para que libertasse a Palestina do domínio muçulmano. Utilizando a astrologia, os israelitas puderam dominar a política de muitos reis no tempo em que estava em voga essa superstição.

     O ilustre historiador Bispo Rodrigo Sanches, morto em 1471, compara Pedro de Castela com Herodes. (200) Paul Hay, segundo cronista de Beltrán Du Guesclin, compara-o com Sardanapalo, Nero e Domiciano. (201)

     O historiador francês P. Duchesne, referindo-se ao regresso de Pedro a Castela, quando foi restaurado no trono pelas tropas inglesas, diz: "Entretanto D. Pedro por Castela como um lobo sanguinário e carniceiro por um rebanho de ovelhas." "Ia adiante o terror, acompanhava-o a morte, seguiam arroios de sangue." (202)

     O padre jesuíta Juan de Mariana, na sua "História Geral de Espanha", referindo-se ao funesto reinado de Pedro, o Cruel, afirma: "Desta maneira, com o sangue de inocentes, os campos e as cidades, vilas e castelos, e os rios de mar estão cheios de manchados, por onde quer que se fosse se achavam rastros e sinais de fereza e crueldade. Que tão grande fosse o terror dos do reino não há necessidade de dizê-lo, todos temiam que lhes sucedesse a eles outro tanto, cada um duvidava da sua vida, nenhum a tinha segura." (203) É curioso notar que este relato, escrito há quase quatrocentos anos, parece descrever com exatidão pasmosa a atual situação de terror que vigora na União Soviética e demais países sujeitos à ditadura socialista do comunismo. Mas existe ainda mais uma importante coincidência: no reinado de Pedro, o Cruel, os judeus chegaram, segundo diz o famoso historiador israelita Bedarride, "aos cumes do poder", e na União Soviética e demais estados socialistas, também os judeus chegaram "aos cumes do poder". Curiosa e trágica é a coincidência entre as duas situações distanciadas no tempo por largos seis séculos.

     Como acontece também em todo o Estado em que os judeus alcançam "os cumes do poder", na Castela de Pedro, a Santa Igreja foi perseguida, enquanto os hebreus eram cumulados de honrarias. Isso trouxe como consequência, primeiro os enérgicos protestos do clero castelhano, consignados em interessantes documentos entre os quais se encontra uma escritura outorgada ainda em vida do monarca, em que o Cabido da Igreja de Córdova chama a Pedre de "tirano herege." (204)

     O rompimento da Santa Sé com este protetor de judeus e opressor dos cristãos ocorreu quando o Papa excomungou Pedro, declarando-o em pleno Consistório indigno da Coroa de Castela, desligando os castelhanos e seus demais súditos do seu juramento de fidelidade e dando a investidura de seus reinos a Henrique, Conde de Trastâmara, ou ao primeiro príncipe que pudesse ocupá-la. (205) Isto facilitou a formação de uma coligação entre os reinos de França, Aragão e Navarra, que organizaram, sob os auspícios do Papa, uma espécie de cruzada para libertar o reino de Castela da opressão que sofria.

     Enquanto que os cristãos, padres e seculares eram assassinados, encarcerados e oprimidos de tal forma, o judaísmo fortalecia-se como talvez nunca tivesse acontecido na Espanha cristã. Nestes tempos, a cidade de Toledo era praticamente a capital do judaísmo internacional, como depois o seriam sucessivamente Constantinopla, Amsterdã, Londres e Nova Iorque. O poderoso Ministro Samuel Ha-Levi organizou na dita cidade um Sínodo ou Congresso Universal hebraico, a que concorreram delegações das comunidades israelitas residentes nas mais distantes terras, tanto parar eleger um chefe mundial do judaísmo como para admirar a nova sinagoga, que, contrariando os Cânones da Igreja, Pedro permitiu a Samuel construir.

     Da celebração desta grande assembleia subsiste memória na dita sinagoga, convertida posteriormente na Igreja de Trânsito, em duas inscrições que constituem um verdadeiro monumento histórico. Do texto das inscrições verifica-se que o chefe eleito foi o próprio Samuel Há-Levi, que, ao que parece, se converteu no Baruch dessa época, o que não obstou a que, anos depois, um grupo influente de israelitas inimigos dele o acusasse de haver roubado o tesouro real, precipitando a sua queda e morte. Estes judeus invejosos do imenso poder que havia alcançado Samuel, acusaram-no de haver roubado D. Pedro durante vinte anos e até induziram o Rei a que o submetesse a tormento para que revelasse onde estavam três imensos montões de ouro roubado pelo Ministro, mas como Samuel morresse no tormento sem nada revelar, o cronista continua dizendo: "E ao Rei lhe pesou muito (a morte), quando o soube, e por conselho dos ditos judeus mandou-lhe tomar quanto tinha. E foram escavadas suas casas que D. Samuel tinha em Toledo e acharam uma adega feita debaixo da terra, da qual extraíram três montões de tesouro e de moeda e barras e placas de ouro e prata, que tão alto era cada montão que não se via um homem colocado no lado oposto. E o Rei. D. Pedro veio vê-los e disse assim: "Se D. Samuel me tivesse dado a terça parte do mais pequeno montão que há aqui, eu não o teria mandado atormentar. Mas preferiu morrer, sem mo dizer." (206) Isto de tesoureiros ou ministros da Fazenda judeus roubarem não era nada novo; muitos haviam sido destituídos por esse motivo; o incidente, porém, revela-nos como entre os próprios judeus, apesar da irmandade, surgem invejas e discórdias terríveis, com resultados trágicos como o que acabamos de estudar. Por outro lado, a influência exercida pelos hebreus no governo de Pedro continuou como sempre. Só houve simples troca de pessoas.

     Entre as acusações que se empregaram como bandeira para derrubar Pedro figura a de que não só havia entregue aos judeus o governo do reino, mas que ele mesmo era hebreu, devido ao fato de, carecido de sucessor masculino, o Rei Afonso XI estava tão desgostoso que havia ameaçado a Rainha seriamente se do próximo parto saísse menina: e que, tendo acontecido tal coisa, a Rainha havia aceite, para se salvar, que lhe trocassem a menina por um menino, coisa que planeou e realizou o seu médico parteiro israelita, trazendo o filho de uns hebreus que acabara de nascer e que cresceu como herdeiro do trono, sem o Rei Afonso saber que era um israelita o que faziam aparecer como seu filho. Diziam ainda, que, sabedor depois Pedro da sua origem judia, se havia circuncidado em segredo e que a isso se devia que tivesse entregue o governo do reino por completo aos hebreus. No entanto, o ilustre cronista e literato Pedro López de Ayala, nada favorável ao Rei Pedro, sem se referir à acusação de maneira expressa, nega-a tacitamente ao chamar a Pedro filho legítimo de Afonso XI. No mesmo sentido se expressam historiadores e cronista que se baseiam em López de Ayala. Embora compartilhemos os justos elogios que se fazem de tão distinto cronista, com respeito a este assunto é digno de tomar em conta que a sua "Crónica del Rei D. Pedro" foi escrita quando D. Catarina de Lencastre, descendente do referido Rei, se havia já casado com Henrique III, neto do de Trastâmara (207) em matrimônio político destinado a unir as duas estirpes rivais e pôr fim a futuras discórdias. É natural que, tendo-se escrito a crônica numa época em que o interesse da monarquia castelhana era lavar a mancha de possível ascendência hebreia, Pero López de Ayala haja sido forçado a calar tudo o que se relacionasse com esse assunto, que podia ferir além disso a honra da Rainha Catarina.

     Por outro lado, a História tem-nos demonstrado que os hebreus, com as suas ambições de domínio mundial, são muito capazes de fazer qualquer coisa com o fim de se apoderarem de um reino, quer se trate de trocar uma menina por um infante ou realizar qualquer outro truque que a oportunidade lhes apresente: mas, no caso que estamos analisando parece-nos também possível o que têm afirmado os defensores de Pedro, o Cruel, maçons ou liberais, no sentido de que a acusação da troca de infantes foi uma mera fábula urdida e difundida por Henrique de Trastâmara para justifica a sua ascensão ao trono, fábula que por certo acabou por ser acreditada em Castela e fora de Castela e consignada pelas crônicas dessa época.

     Igualmente não nos parece impossível que, se se tratasse realmente de uma fábula, tenha sido criada pelos próprios judeus que rodeavam e influenciavam o adolescente monarca, para incliná-lo a iniciar-se no judaísmo e poder dominá-lo por completo.

     Em apoio desta possibilidade, está a constante tendência dos hebreus para conquistar os grandes dirigentes políticos cristãos ou gentios, inventando que descendem de israelitas. A Francisco I da França quiseram-no demonstrar, mas riu-se deles; o Imperador Carlos V também, mas indignou-se tanto que mandou queimar o judeu que tentou atraí-lo dessa forma à Sinagoga; a Carlos II de Inglaterra, até lhe falsificaram cuidadosamente uma árvore genealógica e algo acreditou da fábula, que permitiu aos judeus alcançar dele algumas concessões. Até ao Imperador do Japão chegaram com o embuste de que descendia das dez tribos perdidas, com a intenção de o atrair ao judaísmo e dominar por esse meio o país do Sol Nascente, mas, por fortuna, o micado considerou-os como dementes. Da mesma forma não é impossível que tenham utilizado o mesmo recurso com Pedro e que a notícia se haja infiltrado no campo inimigo, sendo depois aproveitada pelo de Trastâmara como bandeira contra aquele. Seja como for, é evidente que Pedro, com os seus assassínios de padres, sua perseguição à Igreja e sua dignificação aos judeus, mais obrava como israelita do que como cristão, o que deu lugar a que se desse rédito à história da troca de meninos.

     Entre as crônicas que afirmam a ascendência judia de Pedro de Castela podemos mencionar: a dessa mesma época do Rei Pedro IV de Aragão; a também contemporânea dos fatos do padre carmelita Juan de Venette; a crônica anônima dos quatro primeiros Valois; a crônica, igualmente dessa época, de Cuvelieer; e outras, sendo curioso notar que, um século depois, alguns documentos relacionados com a biografia do ilustre rabino de Burgos, Salomón-Ha-Levi, que ao batizar-se adotou o nome de Paulo de Santa Maria, ordenando-se sacerdote e chegando a Arcebispo da mesma cidade em que havia sido rabino, mencionam que o citado prelado era filho da infante que foi trocada pelo menino judeu, que, com o tempo, foi coroado rei como Pedro de Castela. A infanta depois casou com o israelita pai do citado Arcebispo. Entre os documentos que mencionara isto como muito difundido rumor, podemos citar: "O Livro dos Brasões", de Alongo Garcia de Torres, MSS., fol. 1306 (apelido Cartagena); e a "Recompilação de Honra e Glória Mundana", do Capitação Francisco de Guzmán, MSS., fol. 2046, Compêndio, fólios 28 e 29. (208) Por sua vez, Frei Cristóbal de Santoliz, ao imprimir em 1591 a  primeira edição da sua "Vida de D. Paulo de Santa Maria', dava por seguro que o ilustre rabino, depois Arcebispo, era filho da princesa trocada pelo menino hebreu que depois foi Rei de Castela. (209)

     Com respeito à intervenção dos hebreus no governo de Pedro, além da confissão que citamos noutro lugar, da "Jewish Enciclopédia", e a de distintos historiadores israelitas, a crônica dessa época escrita em verso por Cuvelier diz que "tinha o malíssimo costume que, de todas as coisas, quaisquer que fossem, se aconselhava dos judeus que habitavam em sua terra e lhes descobria todos os seus segredos e não aos seus próximos amigos e parentes carnais, nem a nenhum outro cristão. Assim pois era preciso que o homem que de tal conselho se valia, devia ter más consequências." (210)

     Outro cronista contemporâneo de Pedro, que assegura que o dito Rei e seu reino estavam governados pelos judeus, é o segundo continuador da "Crónica Latina", de Guilherme de Nangis, que afirma: "Que se reprovava ao dito monarca que tanto ele como sua Casa estavam regidos por judeus, que existiam em grande abundância em Espanha e que todo o reino era governado por eles." (211)

     O segundo cronista de Beltrán Du Guesclin, Paul Hay, afirma em relação a este assunto que os maus conselheiros de D. Pedro criaram dificuldades em toda a Castela, enchendo-a de assassínios e espalhando o descontentamento e a desolação. Que inspiraram além disso no monarca uma aversão geral para com as pessoas mais distintas do seu reino, quebrantando esse mútuo afeto que liga os bons reis com os seus súditos e os povos com os seus príncipes. Que D. Pedro despojou as igrejas dos seus bens para enriquecer os ministros de suas abominações, renunciando secretamente, segundo se dizia, ao seu batismo, para ser circuncisado, e que exerceu mil crueldades que encheram a Espanha de sangue de de lágrimas, ao reunir em sua pessoa os defeitos dos Sardanapalo, Nero e Domiciano, estando possuído em toda a forma e seu espírito pelos seus favoritos, sobretudo judeus. (212)

Referências:

(188) Gutiérre Dies de Gómez, "Crónica de Pedro Niño Conde de Buelna". Esta Crônica foi escrita no ano de 1495. Os dados são tomados da Edição Madrid, 1782. "Crónica del Rey Don Pedro", de Pero López de Ayala, anos I, II, III, IV e seguintes. Esta CrÇonica foi manustrita pelo seu autor na segunda metade do século XIV. J. Amador de los Rios, "História de los Judios em España y Portuga", Madrid, 1876, tomo II, pásg. 220 e seguintes.
(189) Pero López de Ayala, "Crónica del Rey Don Pedro", ano V, capítulos XXXIV e XXXV.
(190) Outros negam veracidade a esta versão.
(191) Prosper Merimé, "Histoire de Don Pedro", ediç. Paris, 1848, págs 182 e 183.
(192) J. Amador de los Rios, "História dos Judeus de Espanha e Portugal", ediç. tomo II, cap. IV, págs 223 e 224.
(193) Bedarride, "Les Juifs en France, en Italie et en Espagne", Duodécima Ediç. Paris, 1962. Michel Levy Frères Editeurs, pág. 268.
(194) Cuvelier, "Histoire de Monseigneru Bertran Du Guesclin". Manuscrita em verso pelo cronista e mandada escrever em prosa por Estouville no ano de 1387. Tradução espanhola de Berenguer. Madri, 1882, págs. 108 e 110.
(195) Paul hay, Seigneur de Chartelet, "Histoire de Monseigneu Bertran Du Guesclins". Ediç. Paris, 1666. Livro III, cap. VI, págs. 92 4 94.
(196) "Prima Vita Urbani V". Editio Bosqueti. Col. cum vetusti codiciius. Publicada por Baluzius em sua "Vitae Paparum Avenionensium". Ediç. Paris, 1693, págs. 374, 375 e 386.
      "História de Mateo Villani". Ediç. Florença, 1581. Livro I, cap. LXI, págs. 30 e 31.
      Abou-Zeid-Abd-er Rahman Ibn-Khaldou, "Historia de los Barberiscos". Tradução francesa do Barão de Slane. Argel, 1586. Tomo IV, págs. 379 e 380.
      Jean Froissard, "Histoire et Chornique Memorables". Paris, 1574, vol. I, cap. CCXXX, pág. 269 e cap. CCXLV, pág. 311.
(197) Nicolás Gilles, "Les Anales et Chroniques de France". Paris, 1666, pág. 93.
(198) Gutierre Diez de Gómez, "Crónica Manuscrita". Ediç. cit. págs 14 a 21.
(199) "Sumário dos Reis de Espanha", cap. XC.
(200) Ferrer del Rio, "Exame Histórico Crítico do Reinado de Don Pedro de Castela". Obra premiada por voto unânime da Real Academia Espanhola. Ediç. Madrid, 1851, págs. 208 a 211.
(201) Paul Hay Seigneur de Chartelet, Crónica cit. pág. 93.
(202) Duchesne. Mestre de Suas Altezas Reais e Senhores Infantes de Espanha. "Compêndio da História de Espanha". Tradução espanhola do P Jose Francisco de la Isla. Ediç. Madrid, 1827, pág. 172.
(203) Padre Juan de Mariana, S. J. Obra cit. livro XVII, cap. V, pág. 59 do tomo II.
(204) Academia da História. Privilégio da dita Igreja. G. 18.
(205) Paul Hay, Crônica cit. livro III, cap. VI, pág. 94.
(206) "Continuação da Crónica de Espanha" do Arcebispo Jimenez de Rada. Publicada no tomo 106 da Coleção de Documentos Inéditos para a História de Espanha, págs. 92 4 93.
(207) Pero Lopez de Ayala, no cap. XIII do ano V da sua "Crónica Del Rey D. Pedro", diz de D. Catarina "que é agora mulher do Rei de Castela."
(208) Devemos a notícia de tão valiosos manuscritos à diligência do culto historiador J. Amador de los Rios. Obra cita. tomo II, cap. IV.
(209) Sitges, "As Mulheres do Rei D. Pedro", Madrid, 1910. Págs. 178 e 179.
(210) Cuvelier, Crônica manuscrita em verso citada, mandada escrever em prosa por Estonvile, pág. 107.
(211) "Continuatio Chronici Guillemi de Nangis". Publicada no "Specilegium sive Aliquot Scriptorum qui in Galliae Bibliothecis delituerant", Paris, ano MDCCXXIII. Tomo III, pág.139.
(212) Paul Hay, Seigneur de Chartelet, Crônica cit. Ediç. cit., pág. 93.

O texto supra foi extraído do livro "Complô Contra a Igreja" (do original em italiano "Complot Contra la Iglesia" publicado em Roma em 1962) Tomo III, de Maurice Pinay, 22º cap., págs. 393 a 403.

Dom Marcel Lefebvre (29/11/1905 - 25/03/1991) comenta sobre a infiltração maçônica na Santa Igreja Católica:

           
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Quem não aprende com a História, está condenado a ser enforcado por ela.

Abraços

7 comentários:

  1. Opá, esse artigo é forte! Mesmo no tempo dos Reis eles já andavam infiltrados em tudo caramba! Nada lhes escapava. Que peso terrível que a humanidade tem de levar ás costas...

    Boas

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    1. Sempre foram assim.

      "Ester, a rainha-espiã do pogrom":
      http://desatracado.blogspot.com.br/2013/10/ester-rainha-espia-do-pogrom.html

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  2. " A este respeito, é interessante o fato de que já em vésperas da sua ruína , D. Pedro lançou em cara ao dito Abraão, que tanto ele como os seus demais astrólogos lhe haviam profetizado que teria de conquistar terras muçulmanas até capturar Jerusalém e que as coisas iam tão mal que se via que o haviam enganado. (199)"

    Muito interessante essa, pois no século 16, os judeus também tinham tentado convencer o Rei de Portugal, D. João III, a conquistar Jerusalém, e este chegou mesmo a disponibilizar 8 navios de guerra e 4 mil canhões, mas graças ao Inquisidor-Mor, D. Joaõ III abriu a pestana.

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    1. As Cruzadas Cristãs também foram para conquistar-lhes Jerusalém, mas quando Papa descobriu a trama, mandou imediatamente extingui-la.

      Foram eles que criaram a terceirização. Não usaram o exército dos EUA para destruir o Iraque? A Maçonaria não é uma terceirização do Judaísmo?

      Compreende agora o por quê do Santo Ofício da Inquisição? Foi uma reação, e não ação.

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  3. Resposta a uma OPOSICIONISTA GOVERNISTA

    https://www.youtube.com/watch?v=QL2EimAqKIw

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    1. Primeiro, existe esta postagem para você comentar sobre o golpe midiático, jurídico, maçônico em andamento: http://desatracado.blogspot.com.br/2016/03/perguntinhas.html

      Sugiro que o use da próxima vez.

      Segundo, não deu pra assistir o vídeo porque o áudio é péssimo. Fico lhe devendo.

      Terceiro, o áudio abaixo é bem melhor e verdadeiro. Prestemos atenção nesta gravação:

      https://soundcloud.com/julia-affonso-2/audio-entre-lula-e-dilma-rousseff

      Começamos a ouvir a conversa da gravação da Polícia Federal ANTES de ser completada a ligação de Dilma para Lula. Isso quer dizer que o grampo estava no telefone da Dilma e não do Lula. Eles mentiram.

      Reparem que é possível ouvir a secretária da Dilma conversar: "ela (Dilma) quer falar com o Lula ..." enquanto aguarda a chamada e ouvimos o toque. Se o grampo estivesse no telefone do Lula, jamais ouviríamos o que se passa do lado de quem chama, entendeu? E perceberam que essa parte é totalmente suprimida pelo Jornal Nacional da Rede Globo acusada de ser golpista? Podem averiguar. Eles mentiram, no que mais mentem?!

      Abraço

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    2. Eu acho que você deveria levar a acusação a frente. Eu particularmente duvido.

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"Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário."
George Orwell

"Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador."
Eduardo Galeano

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