Por que o Hamas existe?
Vinicius Coimbra
É comovente o esforço do estado de Israel na tentativa de transformar o Hamas no problema da questão Palestina. Mas um olhar crítico e algumas leituras sobre o histórico do conflito ajudam a desmistificam a proposta de Netanyahu e sua trupe. Não é preciso ser historiador para entender o ponto principal: o Hamas foi formado em 1987, na primeira Intifada, o levante do povo palestino contra a ocupação israelense. Ou seja, o Hamas é uma oposição a um regime estabelecido, e não uma organização pensada por muçulmanos em tempos de paz, com ideais antissemitas. Uma ação gera uma reação. É simples assim.
Alguns exemplos ajuda a ilustrar. A Al Qaeda nasceu da luta de muçulmanos de várias regiões contra o regime comunista soviético instaurado no Afeganistão. A organização terrorista liderada por Bin Laden recebeu apoio financeiro dos Estados Unidos, os maiores interessados na derrota de Moscou, rival norte-americano em tempos de Guerra Fria. Depois de derrotar o exército vermelho, a Al Qaeda tinha dinheiro, armas e treinamento que, em diversas oportunidades, seriam usados contra alvos ocidentais, como o World Trade Center (sic). Outro caso recente é o ISIS (treinada pelo Mossad judeu e financiada pela Arábia Saudita e EUA) uma ramificação da mesma Al Qaeda que ganhou força com a incursão mal sucedida dos Estados Unidos no Iraque após o 11 de setembro.
A ideia de terrorismo no Oriente Médio é contemporânea ao descobrimento de petróleo na região, no início do século XX. Diferentemente daquilo que muitos pensam, os Estados Unidos e o Ocidente não têm planos de depor as teocracias muçulamanas: eles querem governos que, independentente de suas políticas, sejam favoráveis ao interesses ocidentais. A Arábia Saudita, por exemplo, é um país governado por xeques que pouco se diferenciam ideologicamente aos outros da região, mas tem uma trajetória de cooperação com os norte-americanos.
A pergunta que empresta o título a este texto pode ser respondida da seguinte forma: toda a intervenção em países do Oriente Médio gerará uma consequência para o Ocidente. O Hamas não existiria se não houvesse Israel, que não existiria se não fosse apoiado pelo Estados Unidos. Não é questão de defender o Hamas, mas de entender a origem das coisas e por que elas são como são. A mudança da ordem cronológica da História para sustentar uma tese é um campo fértil à desinformação: gera distorção e pouco contribui para o entendimento de uma questão que está muita além de apontar o lado certo e o lado errado.
Luis Nassif Online
Fonte: http://brasilsoberanoelivre.blogspot.com.br/2014/08/por-que-o-hamas-existe.html
Abraços
Se o Hamas não existisse, já não existiriam palestinos.
ResponderExcluirEle não existe na Cisjordânia e veja se lá os palestinos tem voz ou vez. Correto sua análise, caro FAB29.
ExcluirAbraços