quarta-feira, 27 de julho de 2016
Para reflexão
Só em 2014 foram pagos 1,356 trilhão de reais de juros de uma duvidosa dívida pública que ninguém audita, segundo a Auditoria Cidadã da Dívida.
"A democracia é a contagem de cabeças, não o que está nelas."
- Padraig Deignan
"Democracy is the counting of heads, not what’s in them."
- Padraig Deignan
Abraços
quarta-feira, 20 de julho de 2016
Pódio vs Marxismo
"Os seres humanos nascem com capacidades diferentes, se eles são livres, eles não são iguais. E se eles forem iguais, eles não são livres. "
- Aleksandr Solzhenitsyn
Até nas mesmas capacidades, temos diferentes.
“Human beings are born with different capacities, if they are free, they are not equal. And if they are equal, they are not free.”
- Aleksandr Solzhenitsyn
Even in the same capacities, we have different.
Abraços
sábado, 16 de julho de 2016
Entenda o Brasil no mundo
O vídeo anexo refere-se ao seminário "Uma Estratégia para o Brasil, um Plano para a Petrobrás" promovido pela AEPET - Associação dos Engenheiros da Petrobrás realizado em 2015, tendo como palestrante o Professor Raphael Padula da UFRJ que em pouco mais de 100 minutos, brilhantemente explana sobre o tema "A Geopolítica do Petróleo e a Conjuntura Internacional" , narrando a importância geopolítica do Brasil, como as ameaças atuais e futuras, cobiça e sabotagens sofridas e porvir, tecnologias, soberania e independência, a Doutrina Monroe, chantagens e interferências americanas, espionagens, relação PT/EUA, reativação da 4ª Frota, etc. Enfim, uma palestra com temas que todos os brasileiros deveriam estar perfeitamente inteirados.
Outra entrevista imperdível está na primeira parte do vídeo abaixo até os 38 min. com o General Durval Nery, que faz revelações surpreendentes da ações de mercenários americanos, dos interesses dos Rothschild e outros gravíssimos acontecimentos na Amazônia que a Imprensa siono-maçônica, para não perder o costume, nada noticia:
O canal no YouTube da AEPET (https://www.youtube.com/user/AEPETRJ/videos), possui outras inúmeras palestras muito interessantes e elucidativas. Todos estão convidados a explorá-lo.
Abraços
Outra entrevista imperdível está na primeira parte do vídeo abaixo até os 38 min. com o General Durval Nery, que faz revelações surpreendentes da ações de mercenários americanos, dos interesses dos Rothschild e outros gravíssimos acontecimentos na Amazônia que a Imprensa siono-maçônica, para não perder o costume, nada noticia:
O canal no YouTube da AEPET (https://www.youtube.com/user/AEPETRJ/videos), possui outras inúmeras palestras muito interessantes e elucidativas. Todos estão convidados a explorá-lo.
Abraços
sexta-feira, 8 de julho de 2016
Hoje como ontem
"Nenhuma pessoa saudável é marxista."
Adolf Hitler, em entrevista editada por George Sylvester Viereck ocorrida em 1923, e republicado na revista Liberty em julho de 1932.
"No healthy man is a Marxian."
Adolf Hitler, in edited interview by George Sylvester Viereck took place in 1923. It was republished in Liberty magazine in July 1932.
Abraços
quarta-feira, 6 de julho de 2016
Brasil sob ataque da agiotagem
BRASIL: A INEXISTÊNCIA DE SOBERANIA SERVE AO SISTEMA FINANCEIRO.
“O Brasil tem uma economia sólida, é um pais produtivo, mas sofreu um ataque do sistema financeiro. Não há economia que aguente”. Entrevista especial com Ladislau Dowbor.
Brasil: Ataque do sistema financeiro.
“Os crediários para artigos do lar têm juros de 104% no Brasil, o que é um escândalo; na Europa a taxa é de algo em torno de 10%. Na realidade, as famílias estão pagando mais que o dobro quando compram a prazo”, constata o economista.
Entrevista de Leslie Chaves e edição de Patricia Fachin – (IHU On-Line)
A crise econômica brasileira, que registra “redução do PIB”, uma “situação recessiva”, alta inflação e “perdas de emprego”, pode ser compreendida, especialmente, pelo processo de “financeirização da economia”, diz Ladislau Dowbor à IHU On-Line.
Para ele, a principal consequência da financeirização (Bolsa de valores, a usura, juros sobre juros, papéis em lugar de trabalho) no Brasil é a paralisação do consumo das famílias, que era visto como o principal motor da economia. “Quando se junta a isso a taxa Selic, percebe-se que 500 bilhões de reais poderiam ser revertidos em estradas, ferrovias, saúde, educação etc., mas estão indo para bancos que, por sua vez, colocam esse dinheiro em paraísos fiscais”, afirma.
Na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, Dowbor analisa os demais fatores que geraram a atual crise econômica e pontua que o rentista “se tornou o principal chupador de riquezas do país, aquele que trava a economia e coloca a culpa nas costas do governo”. Contudo, frisa, “desde que o governo Dilma tentou reduzir esse dreno da economia, reduzindo as taxas de juros, começou a guerra, e de 2014 para cá ela não teve um dia para governar. É um boicote à economia que pode ter um desfecho trágico”.
Ladislau Dowbor é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP e da Universidade Metodista de São Paulo – Umesp. Além disso, é consultor de diversas agências das Nações Unidas.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – De que maneira o senhor avalia a situação econômica do Brasil hoje? Quais os principais problemas econômicos do país neste contexto de instabilidade política que ele vem enfrentando?
Ladislau Dowbor – A situação geral é de que há uma redução do PIB, praticamente uma situação recessiva, uma situação de inflação mais alta do que de costume, e perdas de emprego. O curioso, nesse processo, é que apesar dessa travada da economia, o lucro do Itaú nos últimos 12 meses teve um aumento de 30,2% e o lucro do Bradesco teve um aumento de 25,9%. Ou seja, há um imenso enriquecimento de todos os que trabalham com movimentação financeira (só papelada, especulação e agiotagem "lícita", sem produzir uma camiseta que seja), ao mesmo tempo que há um travamento econômico. Isso nos leva ao núcleo da crise, que começa com uma tentativa de redução dos juros no governo Dilma, entre 2013 e 2014.
A redução de juros da taxa Selic, que chegou a 7,5%, e dos juros nos bancos públicos - cobrados de pessoas físicas e jurídicas -, que baixaram fortemente, levaram a uma redução dos lucros do sistema financeiro e isso desencadeou a guerra. É preciso lembrar que um pacto semi declarado dos governos populares Lula e Dilma era o de respeitar os intermediários financeiros. Eu estive presente na ocasião em que foi lida a carta de junho de 2002, quando Lula declarou que o fazia porque queria ser eleito presidente, e se comprometia a respeitar os contratos financeiros. (Isso sim deveria ser motivo de cassação política eterna para qualquer político.)
Motores econômicos.
Para explicar a guerra iniciada no governo Dilma, vou explicar como funciona a economia, a qual é impulsionada por quatro motores. O primeiro motor, relativamente menor no caso brasileiro, são as exportações, porque quando se exporta, são gerados empregos, gerando atividades econômicas e criando capacidade de importação.
Ocorre que todas as commodities das quais somos grandes exportadores tiveram quedas radicais. Só o minério de ferro perdeu, em 12 meses, 45% do seu valor no mercado internacional; é o caso também da soja, do suco de laranja e das diversas exportações primárias.
O Brasil continua a exportar os mesmos volumes, mas o rendimento das exportações foi cortado pela metade por conta da queda dos preços das commodities no mercado internacional (Sim?! Cadê aquela máxima da Economia sobre "oferta vs procura"?). Então, o motor econômico da exportação travou por razões internacionais, e não por razões internas.
O segundo motor que impulsiona a economia é a demanda das famílias. Esse é de longe o principal motor da economia brasileira. A demanda das famílias foi travada por sistemas de juros para a pessoa física, e esses juros vão impactar no endividamento das famílias. Então a situação é a seguinte: em março de 2005, 19,3% da renda familiar era destinada para o pagamento de dívidas; em março de 2015, portanto 10 anos depois, 46,5% da renda familiar era para pagar dívidas. As famílias se endividaram de maneira muito impressionante, e quando se endividam com juros muito elevados, se travam suas demandas.
Quando quase metade da renda das famílias é usada para pagar dívidas, elas não conseguem comprar coisas novas. Para compreender essa situação, fui estudar qual é o sistema de juros que gerou esse endividamento das famílias. Verifiquei que os crediários para artigos do lar, por exemplo, têm juros de 104% no Brasil, o que é um escândalo; na Europa a taxa é de algo em torno de 10%. Na realidade, as famílias estão pagando mais que o dobro quando compram a prazo.
Muitas famílias se endividaram além da capacidade do seu pagamento e com isso entraram no cheque especial, que tem taxa de juros média de 238%, segundo os dados do Banco Central. Apenas para compararmos, no Banco Santander da Espanha essa taxa é de 0% até seis meses para o valor de até 5 mil Euros. No Brasil, se estourarem o cheque especial e entrarem no rotativo do cartão de crédito, as pessoas passam a pagar em média 447% de juros, conforme o Banco Central. O Banco Santander cobra, no rotativo do cartão, 633,21%. (Cadê os "revoltadinhos on line" da vida? Aplicando na Bolsa de Valores.)
Acrescente a isso que quando se paga à vista para não entrar no crediário, mas se paga com cartão, o caixa pergunta se a pessoa vai pagar no crédito ou no débito. Se a pessoa paga no crédito, o banco vai cobrar 5% do valor de toda a compra, ou seja, se a pessoa fez uma compra na papelaria de R$ 100,00, a papelaria vai receber R$ 95,00. O custo para o gestor do cartão – o banco – é cerca de dez centavos por operação. Lembra que para o pagamento da CPMF, que era 0,38%, fez-se um escândalo?
Mas se a pessoa optar pela compra em débito, o banco cobra entre 2 e 2,5%, o que também é um valor gigantesco, porque é um valor cobrado sobre milhões de operações diárias. Se fizer a transferência do dinheiro através da internet, por exemplo, no caso de alguém comprar um livro de R$ 30,00, a empresa que o vende pagará R$ 38,00, porque R$ 8,00 é o custo da transferência do próprio banco, quando na verdade o custo dele é praticamente nulo, pois o cliente é quem faz toda a operação pelo seu computador.
O terceiro motor da economia é o investimento e a produção empresarial. E por que esse motor travou? Quando se tem a crise da demanda, as empresas que já tinham estoques grandes, não vão investir novamente e aumentar a produção. Portanto, trava-se também a atividade das empresas. Outro detalhe é que, se para passar por esse momento difícil a empresa acaba tendo de recorrer ao banco, ela vai acabar pagando 20 ou 30% de juros. Não há condições de tocar uma empresa pagando juros desse montante – esses juros, na Europa ou nos Estados Unidos, são da ordem de 2%.
Portanto, como não há demanda, as empresas tendem a parar de produzir. Como a taxa de juros é imensa para a pessoa jurídica, as empresas acabam “se enforcando”. Um terceiro aspecto que trava o investimento das empresas é o fato de elas verem a alternativa de aplicarem o seu dinheiro na taxa Selic, rendendo 14,25% com liquidez total e risco zero. Assim, temos esses três freios da atividade empresarial.
O quarto motor da economia é o investimento do governo, tanto em infraestrutura (que a Operação Lava Jato está frustrando), como em políticas sociais – saúde, educação, cultura, segurança. O que aconteceu nesse último caso? Normalmente, a taxa Selic, que é quanto o governo paga sobre a dívida pública em termos de juros, está em 14,25%. Quando se tem um estoque de dívida elevado como o que o Brasil tem, e se pagam juros de 14,25%, estão sendo transferidos dos nossos impostos, para os bancos e intermediários financeiros, cerca de 500 bilhões de reais. O PIB do Brasil é 5,5 trilhões, 10% são 550 bilhões, 1% é 55 bilhões. Então, cada vez que se fala em 55 bilhões, é 1% do PIB que poderia estar sendo utilizado para fomentar o desenvolvimento, mas está parado.
E desse sistema perverso da usura e da especulação de papéis que surge a legião de pessoas que posteriormente ingressarão em programas sociais como o Bolsa Família.
Financeirização.
O Brasil não está estruturalmente ruim, a economia é sólida, é um país produtivo, teve avanços extremamente significativos, mas sofreu um ataque do sistema financeiro, que travou o sistema econômico, e não tem economia que consiga aguentar isso.
Além do mais, quando vemos o aumento do lucro dos bancos, nos perguntamos o que está acontecendo com todo esse dinheiro. Em parte, eles reaplicam na taxa Selic, que está muito rentável e, em parte, estão colocando o dinheiro em paraísos fiscais. Saíram recentemente os dados do Panama Papers, mas nós já tínhamos os dados de Luxemburgo, do Itaú, do Bradesco, do HSBC, das empresas brasileiras que estão em paraísos fiscais em Genebra.
O resultado prático de aplicação financeira é que os bancos não criam atividades produtivas (Prova de que não precisamos de bancos privados); eles reinvestem o dinheiro e sequer pagam impostos (E o rombo nacional é a Previdência?), porque fogem para paraísos fiscais. Então, quando se tem um dreno desse tipo, a economia trava. Mecanismos semelhantes a esses foram os que quebraram a Argentina, com os assim chamados fundos abutres. É o que chamamos de financeirização da economia. As últimas reuniões do G20 estão todas centradas nesse problema, incluindo os paraísos fiscais. Só as exportações fraudulentas estão custando ao Brasil 35 bilhões de dólares, 2,5% do PIB.
IHU On-Line – Em um de seus livros, o senhor afirma que “a economia se ‘financeirizou’ de forma generalizada”. Qual é o significado desse fenômeno para a vida econômica e social do Brasil?
Ladislau Dowbor – O resultado é que se travou o consumo das famílias e esse é o principal motor da economia. Então, quando não há demanda, a economia não funciona, porque os empresários não vão produzir se não têm para quem vender. Quando se junta a isso a taxa Selic, percebe-se que 500 bilhões de reais poderiam ser revertidos em estradas, ferrovias, saúde, educação etc., mas estão indo para bancos que, por sua vez, colocam esse dinheiro em paraísos fiscais. (Mas a culpa pelo caos econômico do Brasil é a Petrobras)
Os bancos não investem, porque investimento é diferente de aplicação financeira. Investimento significa construção de estradas, fábricas etc. Aplicação financeira é quando se compram papéis sem produzir um sapato a mais no país. Hoje o rentista (Nome bonito para sanguessuga) se tornou o principal chupador de riquezas do país, aquele que trava a economia e coloca a culpa nas costas do governo. Mas desde que o governo Dilma tentou reduzir esse dreno da economia, reduzindo as taxas de juros, começou a guerra, e de 2014 para cá ela não teve um dia para governar. É um boicote à economia que pode ter um desfecho trágico.
IHU On-Line – De que modo as políticas de ajuste fiscal do Brasil incidem sobre o mundo do trabalho?
Ladislau Dowbor – Quando se faz um ajuste fiscal, copiando o que já foi feito em muitos países, a chamada política de austeridade, se diz que o problema foi gerado porque o governo ajudou os pobres com os nossos impostos, e que isso foi irresponsável, gerou um déficit do governo e está travando a economia. Isso é uma bobagem radical, porque quando se aumenta a demanda da população, se gera crescimento econômico e dinamiza toda a economia. Tanto é que isso funcionou nas duas gestões do governo Lula e na primeira gestão do governo Dilma. Quando a presidente, depois de reeleita, aplicou as políticas exigidas pelos intermediários financeiros de elevar as taxas de juros e reduzir financiamentos de políticas sociais, travou o consumo das famílias e aprofundou o processo, porque isso levou os empresários a parar de produzir e manteve a taxa Selic.
Foi estarrecedor ouvir o Copom (Comitê de Política Monetária) (Comandado por um grupo de banqueiros privados nacionais e estrangeiros. Pode uma coisa assim?) dizer que manteria a taxa elevada porque a inflação poderia aumentar, mas não existe nenhuma relação entre o aumento da Selic, a inflação e a dívida do governo (Claro que existe! Que absurdo!). Trata-se de uma enganação. Quando se entra na recessão, se usa o Estado para expandir o crédito, a demanda, porque a crise reduz os estoques das empresas, que vão voltar a produzir; voltando a produzir, gerarão mais emprego, e esse processo reanima o motor econômico. Apolítica de austeridade não deu certo em lugar nenhum.
IHU On-Line – De acordo com dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, pela primeira vez desde 1992, simultaneamente a renda do trabalho dos brasileiros diminuiu e a desigualdade aumentou. O que a combinação desses dados significa para o contexto econômico do país?
Ladislau Dowbor – Toda a fase dos modelos populares foi justamente de um aumento da capacidade de compra da população, aumento do emprego formal, aumento da renda que se traduziu em mais demanda, que gerou mais emprego formal e que permitiu um conjunto de políticas sociais. Todo esse processo, na realidade, aumentou a renda das famílias e dinamizou a economia. Mas quando se trava a economia, tem-se um impacto básico de tirar os recursos financeiros das atividades produtivas, transferindo-os para rendas financeiras, ou seja, o que havia de investimentos hoje se transformou em aplicações financeiras.
Assim, com todos os investimentos murchando e tendo em vista a queda do preço das commodities, tem-se um processo recessivo, que reduz o nível de renda das famílias e aumenta a desigualdade. Então, se estamos numa recessão e o Itaú aumentou o lucro em 30,2% e o Bradesco em 25,9%, é claro que as famílias ricas estão ganhando muito mais dinheiro. Mas o travamento das atividades produtivas, ao mesmo tempo que aumenta o lucro financeiro, beneficia os ricos e não os trabalhadores. Aí temos uma diferenciação radical. O mecanismo é explicitado no livro do Piketty: uma família que tem uma renda, gasta o dinheiro que tem para pagar os serviços que utiliza ao longo do mês, mas o rendimento financeiro do rico ultrapassa o valor que precisa pagar com os serviços e permite que ele faça aplicações financeiras.
Um homem bilionário, que aplica seu dinheiro a 5% ao ano, que é uma aplicação conservadora, está ganhando 137 mil reais a mais por dia. Então, o sistema financeiro faz com que a pessoa ganhe muito dinheiro sem ter de estar gastando e produzindo algo. Esse tipo de rendimento não gera novas riquezas. Para o Brasil isso é catastrófico, porque aumenta a desigualdade. Todo esse procedimento da direita de travar os processos redistributivos é uma burrice, no longo prazo, porque aumentar a capacidade de consumo das famílias é a melhor coisa para as atividades produtivas empresariais (Caso certos empresários queiram trabalhar, porque os juros sobre papel timbrado lhes rendem mais sem terem de trabalhar. Acaso a FIESP não era uma das que encabeçaram o impeachment?). Agora, quem está mandando nas atividades produtivas é o sistema financeiro.
Fonte: http://port.pravda.ru/cplp/brasil/06-05-2016/40909-brasil_ataque-0/
Outra imperdível palestra da sra. Maria Lucia Fattorelli:
Ao contrário do texto, nenhum governo recente ou passado é inocente sobre estes fatos, nem o Congresso Nacional nem o Senado Federal do país.
Abraços
“O Brasil tem uma economia sólida, é um pais produtivo, mas sofreu um ataque do sistema financeiro. Não há economia que aguente”. Entrevista especial com Ladislau Dowbor.
Brasil: Ataque do sistema financeiro.
“Os crediários para artigos do lar têm juros de 104% no Brasil, o que é um escândalo; na Europa a taxa é de algo em torno de 10%. Na realidade, as famílias estão pagando mais que o dobro quando compram a prazo”, constata o economista.
Entrevista de Leslie Chaves e edição de Patricia Fachin – (IHU On-Line)
A crise econômica brasileira, que registra “redução do PIB”, uma “situação recessiva”, alta inflação e “perdas de emprego”, pode ser compreendida, especialmente, pelo processo de “financeirização da economia”, diz Ladislau Dowbor à IHU On-Line.
Para ele, a principal consequência da financeirização (Bolsa de valores, a usura, juros sobre juros, papéis em lugar de trabalho) no Brasil é a paralisação do consumo das famílias, que era visto como o principal motor da economia. “Quando se junta a isso a taxa Selic, percebe-se que 500 bilhões de reais poderiam ser revertidos em estradas, ferrovias, saúde, educação etc., mas estão indo para bancos que, por sua vez, colocam esse dinheiro em paraísos fiscais”, afirma.
Na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, Dowbor analisa os demais fatores que geraram a atual crise econômica e pontua que o rentista “se tornou o principal chupador de riquezas do país, aquele que trava a economia e coloca a culpa nas costas do governo”. Contudo, frisa, “desde que o governo Dilma tentou reduzir esse dreno da economia, reduzindo as taxas de juros, começou a guerra, e de 2014 para cá ela não teve um dia para governar. É um boicote à economia que pode ter um desfecho trágico”.
Ladislau Dowbor é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP e da Universidade Metodista de São Paulo – Umesp. Além disso, é consultor de diversas agências das Nações Unidas.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – De que maneira o senhor avalia a situação econômica do Brasil hoje? Quais os principais problemas econômicos do país neste contexto de instabilidade política que ele vem enfrentando?
Ladislau Dowbor – A situação geral é de que há uma redução do PIB, praticamente uma situação recessiva, uma situação de inflação mais alta do que de costume, e perdas de emprego. O curioso, nesse processo, é que apesar dessa travada da economia, o lucro do Itaú nos últimos 12 meses teve um aumento de 30,2% e o lucro do Bradesco teve um aumento de 25,9%. Ou seja, há um imenso enriquecimento de todos os que trabalham com movimentação financeira (só papelada, especulação e agiotagem "lícita", sem produzir uma camiseta que seja), ao mesmo tempo que há um travamento econômico. Isso nos leva ao núcleo da crise, que começa com uma tentativa de redução dos juros no governo Dilma, entre 2013 e 2014.
A redução de juros da taxa Selic, que chegou a 7,5%, e dos juros nos bancos públicos - cobrados de pessoas físicas e jurídicas -, que baixaram fortemente, levaram a uma redução dos lucros do sistema financeiro e isso desencadeou a guerra. É preciso lembrar que um pacto semi declarado dos governos populares Lula e Dilma era o de respeitar os intermediários financeiros. Eu estive presente na ocasião em que foi lida a carta de junho de 2002, quando Lula declarou que o fazia porque queria ser eleito presidente, e se comprometia a respeitar os contratos financeiros. (Isso sim deveria ser motivo de cassação política eterna para qualquer político.)
Motores econômicos.
Para explicar a guerra iniciada no governo Dilma, vou explicar como funciona a economia, a qual é impulsionada por quatro motores. O primeiro motor, relativamente menor no caso brasileiro, são as exportações, porque quando se exporta, são gerados empregos, gerando atividades econômicas e criando capacidade de importação.
Ocorre que todas as commodities das quais somos grandes exportadores tiveram quedas radicais. Só o minério de ferro perdeu, em 12 meses, 45% do seu valor no mercado internacional; é o caso também da soja, do suco de laranja e das diversas exportações primárias.
O Brasil continua a exportar os mesmos volumes, mas o rendimento das exportações foi cortado pela metade por conta da queda dos preços das commodities no mercado internacional (Sim?! Cadê aquela máxima da Economia sobre "oferta vs procura"?). Então, o motor econômico da exportação travou por razões internacionais, e não por razões internas.
O segundo motor que impulsiona a economia é a demanda das famílias. Esse é de longe o principal motor da economia brasileira. A demanda das famílias foi travada por sistemas de juros para a pessoa física, e esses juros vão impactar no endividamento das famílias. Então a situação é a seguinte: em março de 2005, 19,3% da renda familiar era destinada para o pagamento de dívidas; em março de 2015, portanto 10 anos depois, 46,5% da renda familiar era para pagar dívidas. As famílias se endividaram de maneira muito impressionante, e quando se endividam com juros muito elevados, se travam suas demandas.
Quando quase metade da renda das famílias é usada para pagar dívidas, elas não conseguem comprar coisas novas. Para compreender essa situação, fui estudar qual é o sistema de juros que gerou esse endividamento das famílias. Verifiquei que os crediários para artigos do lar, por exemplo, têm juros de 104% no Brasil, o que é um escândalo; na Europa a taxa é de algo em torno de 10%. Na realidade, as famílias estão pagando mais que o dobro quando compram a prazo.
Muitas famílias se endividaram além da capacidade do seu pagamento e com isso entraram no cheque especial, que tem taxa de juros média de 238%, segundo os dados do Banco Central. Apenas para compararmos, no Banco Santander da Espanha essa taxa é de 0% até seis meses para o valor de até 5 mil Euros. No Brasil, se estourarem o cheque especial e entrarem no rotativo do cartão de crédito, as pessoas passam a pagar em média 447% de juros, conforme o Banco Central. O Banco Santander cobra, no rotativo do cartão, 633,21%. (Cadê os "revoltadinhos on line" da vida? Aplicando na Bolsa de Valores.)
Acrescente a isso que quando se paga à vista para não entrar no crediário, mas se paga com cartão, o caixa pergunta se a pessoa vai pagar no crédito ou no débito. Se a pessoa paga no crédito, o banco vai cobrar 5% do valor de toda a compra, ou seja, se a pessoa fez uma compra na papelaria de R$ 100,00, a papelaria vai receber R$ 95,00. O custo para o gestor do cartão – o banco – é cerca de dez centavos por operação. Lembra que para o pagamento da CPMF, que era 0,38%, fez-se um escândalo?
Mas se a pessoa optar pela compra em débito, o banco cobra entre 2 e 2,5%, o que também é um valor gigantesco, porque é um valor cobrado sobre milhões de operações diárias. Se fizer a transferência do dinheiro através da internet, por exemplo, no caso de alguém comprar um livro de R$ 30,00, a empresa que o vende pagará R$ 38,00, porque R$ 8,00 é o custo da transferência do próprio banco, quando na verdade o custo dele é praticamente nulo, pois o cliente é quem faz toda a operação pelo seu computador.
O terceiro motor da economia é o investimento e a produção empresarial. E por que esse motor travou? Quando se tem a crise da demanda, as empresas que já tinham estoques grandes, não vão investir novamente e aumentar a produção. Portanto, trava-se também a atividade das empresas. Outro detalhe é que, se para passar por esse momento difícil a empresa acaba tendo de recorrer ao banco, ela vai acabar pagando 20 ou 30% de juros. Não há condições de tocar uma empresa pagando juros desse montante – esses juros, na Europa ou nos Estados Unidos, são da ordem de 2%.
Portanto, como não há demanda, as empresas tendem a parar de produzir. Como a taxa de juros é imensa para a pessoa jurídica, as empresas acabam “se enforcando”. Um terceiro aspecto que trava o investimento das empresas é o fato de elas verem a alternativa de aplicarem o seu dinheiro na taxa Selic, rendendo 14,25% com liquidez total e risco zero. Assim, temos esses três freios da atividade empresarial.
O quarto motor da economia é o investimento do governo, tanto em infraestrutura (que a Operação Lava Jato está frustrando), como em políticas sociais – saúde, educação, cultura, segurança. O que aconteceu nesse último caso? Normalmente, a taxa Selic, que é quanto o governo paga sobre a dívida pública em termos de juros, está em 14,25%. Quando se tem um estoque de dívida elevado como o que o Brasil tem, e se pagam juros de 14,25%, estão sendo transferidos dos nossos impostos, para os bancos e intermediários financeiros, cerca de 500 bilhões de reais. O PIB do Brasil é 5,5 trilhões, 10% são 550 bilhões, 1% é 55 bilhões. Então, cada vez que se fala em 55 bilhões, é 1% do PIB que poderia estar sendo utilizado para fomentar o desenvolvimento, mas está parado.
E desse sistema perverso da usura e da especulação de papéis que surge a legião de pessoas que posteriormente ingressarão em programas sociais como o Bolsa Família.
Financeirização.
O Brasil não está estruturalmente ruim, a economia é sólida, é um país produtivo, teve avanços extremamente significativos, mas sofreu um ataque do sistema financeiro, que travou o sistema econômico, e não tem economia que consiga aguentar isso.
Além do mais, quando vemos o aumento do lucro dos bancos, nos perguntamos o que está acontecendo com todo esse dinheiro. Em parte, eles reaplicam na taxa Selic, que está muito rentável e, em parte, estão colocando o dinheiro em paraísos fiscais. Saíram recentemente os dados do Panama Papers, mas nós já tínhamos os dados de Luxemburgo, do Itaú, do Bradesco, do HSBC, das empresas brasileiras que estão em paraísos fiscais em Genebra.
O resultado prático de aplicação financeira é que os bancos não criam atividades produtivas (Prova de que não precisamos de bancos privados); eles reinvestem o dinheiro e sequer pagam impostos (E o rombo nacional é a Previdência?), porque fogem para paraísos fiscais. Então, quando se tem um dreno desse tipo, a economia trava. Mecanismos semelhantes a esses foram os que quebraram a Argentina, com os assim chamados fundos abutres. É o que chamamos de financeirização da economia. As últimas reuniões do G20 estão todas centradas nesse problema, incluindo os paraísos fiscais. Só as exportações fraudulentas estão custando ao Brasil 35 bilhões de dólares, 2,5% do PIB.
IHU On-Line – Em um de seus livros, o senhor afirma que “a economia se ‘financeirizou’ de forma generalizada”. Qual é o significado desse fenômeno para a vida econômica e social do Brasil?
Ladislau Dowbor – O resultado é que se travou o consumo das famílias e esse é o principal motor da economia. Então, quando não há demanda, a economia não funciona, porque os empresários não vão produzir se não têm para quem vender. Quando se junta a isso a taxa Selic, percebe-se que 500 bilhões de reais poderiam ser revertidos em estradas, ferrovias, saúde, educação etc., mas estão indo para bancos que, por sua vez, colocam esse dinheiro em paraísos fiscais. (Mas a culpa pelo caos econômico do Brasil é a Petrobras)
Os bancos não investem, porque investimento é diferente de aplicação financeira. Investimento significa construção de estradas, fábricas etc. Aplicação financeira é quando se compram papéis sem produzir um sapato a mais no país. Hoje o rentista (Nome bonito para sanguessuga) se tornou o principal chupador de riquezas do país, aquele que trava a economia e coloca a culpa nas costas do governo. Mas desde que o governo Dilma tentou reduzir esse dreno da economia, reduzindo as taxas de juros, começou a guerra, e de 2014 para cá ela não teve um dia para governar. É um boicote à economia que pode ter um desfecho trágico.
IHU On-Line – De que modo as políticas de ajuste fiscal do Brasil incidem sobre o mundo do trabalho?
Ladislau Dowbor – Quando se faz um ajuste fiscal, copiando o que já foi feito em muitos países, a chamada política de austeridade, se diz que o problema foi gerado porque o governo ajudou os pobres com os nossos impostos, e que isso foi irresponsável, gerou um déficit do governo e está travando a economia. Isso é uma bobagem radical, porque quando se aumenta a demanda da população, se gera crescimento econômico e dinamiza toda a economia. Tanto é que isso funcionou nas duas gestões do governo Lula e na primeira gestão do governo Dilma. Quando a presidente, depois de reeleita, aplicou as políticas exigidas pelos intermediários financeiros de elevar as taxas de juros e reduzir financiamentos de políticas sociais, travou o consumo das famílias e aprofundou o processo, porque isso levou os empresários a parar de produzir e manteve a taxa Selic.
Foi estarrecedor ouvir o Copom (Comitê de Política Monetária) (Comandado por um grupo de banqueiros privados nacionais e estrangeiros. Pode uma coisa assim?) dizer que manteria a taxa elevada porque a inflação poderia aumentar, mas não existe nenhuma relação entre o aumento da Selic, a inflação e a dívida do governo (Claro que existe! Que absurdo!). Trata-se de uma enganação. Quando se entra na recessão, se usa o Estado para expandir o crédito, a demanda, porque a crise reduz os estoques das empresas, que vão voltar a produzir; voltando a produzir, gerarão mais emprego, e esse processo reanima o motor econômico. Apolítica de austeridade não deu certo em lugar nenhum.
IHU On-Line – De acordo com dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, pela primeira vez desde 1992, simultaneamente a renda do trabalho dos brasileiros diminuiu e a desigualdade aumentou. O que a combinação desses dados significa para o contexto econômico do país?
Ladislau Dowbor – Toda a fase dos modelos populares foi justamente de um aumento da capacidade de compra da população, aumento do emprego formal, aumento da renda que se traduziu em mais demanda, que gerou mais emprego formal e que permitiu um conjunto de políticas sociais. Todo esse processo, na realidade, aumentou a renda das famílias e dinamizou a economia. Mas quando se trava a economia, tem-se um impacto básico de tirar os recursos financeiros das atividades produtivas, transferindo-os para rendas financeiras, ou seja, o que havia de investimentos hoje se transformou em aplicações financeiras.
Assim, com todos os investimentos murchando e tendo em vista a queda do preço das commodities, tem-se um processo recessivo, que reduz o nível de renda das famílias e aumenta a desigualdade. Então, se estamos numa recessão e o Itaú aumentou o lucro em 30,2% e o Bradesco em 25,9%, é claro que as famílias ricas estão ganhando muito mais dinheiro. Mas o travamento das atividades produtivas, ao mesmo tempo que aumenta o lucro financeiro, beneficia os ricos e não os trabalhadores. Aí temos uma diferenciação radical. O mecanismo é explicitado no livro do Piketty: uma família que tem uma renda, gasta o dinheiro que tem para pagar os serviços que utiliza ao longo do mês, mas o rendimento financeiro do rico ultrapassa o valor que precisa pagar com os serviços e permite que ele faça aplicações financeiras.
Um homem bilionário, que aplica seu dinheiro a 5% ao ano, que é uma aplicação conservadora, está ganhando 137 mil reais a mais por dia. Então, o sistema financeiro faz com que a pessoa ganhe muito dinheiro sem ter de estar gastando e produzindo algo. Esse tipo de rendimento não gera novas riquezas. Para o Brasil isso é catastrófico, porque aumenta a desigualdade. Todo esse procedimento da direita de travar os processos redistributivos é uma burrice, no longo prazo, porque aumentar a capacidade de consumo das famílias é a melhor coisa para as atividades produtivas empresariais (Caso certos empresários queiram trabalhar, porque os juros sobre papel timbrado lhes rendem mais sem terem de trabalhar. Acaso a FIESP não era uma das que encabeçaram o impeachment?). Agora, quem está mandando nas atividades produtivas é o sistema financeiro.
Fonte: http://port.pravda.ru/cplp/brasil/06-05-2016/40909-brasil_ataque-0/
Outra imperdível palestra da sra. Maria Lucia Fattorelli:
Ao contrário do texto, nenhum governo recente ou passado é inocente sobre estes fatos, nem o Congresso Nacional nem o Senado Federal do país.
Abraços
segunda-feira, 4 de julho de 2016
Carta aberta aos bancos
Senhores Diretores,
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina de sua rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da feira, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria assim: todo mês os senhores, e todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, feira, mecânico, costureira, farmácia etc). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao pagante. Existiria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade.
Pois, ontem saí de seu Banco com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade.
Minha certeza deriva de um raciocínio simples. Vamos imaginar a seguinte cena: eu vou à padaria para comprar um pãozinho. O padeiro me atende muito gentilmente. Vende o pãozinho. Cobra o embrulhar do pão, assim como, todo e qualquer serviço. Além disso, me impõe taxas. Uma "taxa de acesso ao pãozinho", outra "taxa por guardar pão quentinho" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo em seu Banco. Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto de seu negócio. Os senhores me cobraram preços de mercado. Assim como o padeiro me cobra o preço de mercado pelo pãozinho.
Entretanto, diferentemente do padeiro, os senhores não se satisfazem me cobrando apenas pelo produto que adquiri.
Para ter acesso ao produto de seu negócio, os senhores me cobraram uma "taxa de abertura de crédito" - equivalente àquela hipotética "taxa de acesso ao pãozinho", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar.
Não satisfeitos, para ter acesso ao pãozinho, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente em seu Banco. Para que isso fosse possível, os senhores me cobraram uma "taxa de abertura de conta". Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura da padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro depois de abrir a padaria.
Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como "Papagaios". Para liberar o "papagaio", alguns gerentes inescrupulosos cobravam um "por fora", que era devidamente embolsado. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu se antecipar aos gerentes inescrupulosos, e agora, ao invés de um "por fora" temos muitos "por dentro".
Tirei um extrato de minha conta - um único extrato no mês - os senhores me cobraram uma taxa de R$ 5,00.
Olhando o extrato, descobri uma outra taxa de R$ 7,90 "para a manutenção da conta" - semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina da rua".
A surpresa não acabou: descobri outra taxa de R$ 22,00 a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros (preços) mais altos do mundo. Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quentinho".
Mas, os senhores são insaciáveis. A gentil funcionária que me atendeu, me entregou um caderninho onde sou informado que me cobrarão taxas por toda e qualquer movimentação que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertá-los que os senhores esqueceram de me cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações de seu Banco.
Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que sua responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências governamentais, que os riscos do negócio são muito elevados etc e tal.
E, ademais, tudo o que estão cobrando está devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco Central. Sei disso.
Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem seu negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados. Sei que são legais.
Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam garantidas em lei, tais taxas são uma imoralidade.
Por favor, me esclareçam uma dúvida sobre algo que até agora ainda não entendi: comprei um financiamento ou vendi a alma?
Ass: Um Brasileiro ...
Fonte: http://www.samamultimidia.com.br/artigo-detalhes.php?id=409
Jornalista falar a verdade, é caso raríssimo, em extinção; e quando acontece, sutilmente é demitido.
Reportagem de 2008, o Código de Defesa do Consumidor Bancário, que viria a substituir o Código de Defesa do Consumidor para os bancos, escamoteava, na verdade, a verdadeira intenção dos bancos: escapar à fiscalização dos Procons.
Interessante observar que a Operação Lava Jato apenas investiga empresas estatais e empreiteiras nacionais - geradoras de emprego; e bancos - que sempre estão a diminuir os seus quadros de funcionários, que também fazem doações vultosas e repetidas para campanhas de políticos e partidos, são simplesmente ignorados. Então, empresas que geram emprego quando doam para políticos é corrupção, e bancos quando fazem o mesmo, é caridade?
Outra imperdível e pedagógica palestra da sra. Maria Lucia Fattorelli:
Abraços
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina de sua rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da feira, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria assim: todo mês os senhores, e todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, feira, mecânico, costureira, farmácia etc). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao pagante. Existiria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade.
Pois, ontem saí de seu Banco com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade.
Minha certeza deriva de um raciocínio simples. Vamos imaginar a seguinte cena: eu vou à padaria para comprar um pãozinho. O padeiro me atende muito gentilmente. Vende o pãozinho. Cobra o embrulhar do pão, assim como, todo e qualquer serviço. Além disso, me impõe taxas. Uma "taxa de acesso ao pãozinho", outra "taxa por guardar pão quentinho" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo em seu Banco. Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto de seu negócio. Os senhores me cobraram preços de mercado. Assim como o padeiro me cobra o preço de mercado pelo pãozinho.
Entretanto, diferentemente do padeiro, os senhores não se satisfazem me cobrando apenas pelo produto que adquiri.
Para ter acesso ao produto de seu negócio, os senhores me cobraram uma "taxa de abertura de crédito" - equivalente àquela hipotética "taxa de acesso ao pãozinho", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar.
Não satisfeitos, para ter acesso ao pãozinho, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente em seu Banco. Para que isso fosse possível, os senhores me cobraram uma "taxa de abertura de conta". Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura da padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro depois de abrir a padaria.
Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como "Papagaios". Para liberar o "papagaio", alguns gerentes inescrupulosos cobravam um "por fora", que era devidamente embolsado. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu se antecipar aos gerentes inescrupulosos, e agora, ao invés de um "por fora" temos muitos "por dentro".
Tirei um extrato de minha conta - um único extrato no mês - os senhores me cobraram uma taxa de R$ 5,00.
Olhando o extrato, descobri uma outra taxa de R$ 7,90 "para a manutenção da conta" - semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina da rua".
A surpresa não acabou: descobri outra taxa de R$ 22,00 a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros (preços) mais altos do mundo. Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quentinho".
Mas, os senhores são insaciáveis. A gentil funcionária que me atendeu, me entregou um caderninho onde sou informado que me cobrarão taxas por toda e qualquer movimentação que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertá-los que os senhores esqueceram de me cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações de seu Banco.
Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que sua responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências governamentais, que os riscos do negócio são muito elevados etc e tal.
E, ademais, tudo o que estão cobrando está devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco Central. Sei disso.
Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem seu negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados. Sei que são legais.
Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam garantidas em lei, tais taxas são uma imoralidade.
Por favor, me esclareçam uma dúvida sobre algo que até agora ainda não entendi: comprei um financiamento ou vendi a alma?
Ass: Um Brasileiro ...
Fonte: http://www.samamultimidia.com.br/artigo-detalhes.php?id=409
Jornalista falar a verdade, é caso raríssimo, em extinção; e quando acontece, sutilmente é demitido.
Reportagem de 2008, o Código de Defesa do Consumidor Bancário, que viria a substituir o Código de Defesa do Consumidor para os bancos, escamoteava, na verdade, a verdadeira intenção dos bancos: escapar à fiscalização dos Procons.
Interessante observar que a Operação Lava Jato apenas investiga empresas estatais e empreiteiras nacionais - geradoras de emprego; e bancos - que sempre estão a diminuir os seus quadros de funcionários, que também fazem doações vultosas e repetidas para campanhas de políticos e partidos, são simplesmente ignorados. Então, empresas que geram emprego quando doam para políticos é corrupção, e bancos quando fazem o mesmo, é caridade?
Outra imperdível e pedagógica palestra da sra. Maria Lucia Fattorelli:
Abraços